Reproduzo, com muito orgulho, trecho do editorial escrito por Saul Leblon para a Carta Maior sobre o leilão de Libra, com a mesma alegria que vi ser reproduzido aqui o artigo de Paulo Nogueira sobre o quanto é positivo numa parceria entre Brasil e China nesta imensa e desafiadora empreitada de explorar o pré-sal.
Vejo as posições serem tomadas e me comprazo em, agora, ser apenas mais um a proclamar o momento histórico que isso representa para o país.
Seria falso se não dissesse aos amigos que me sinto realizado por ter levantado este tema , talvez sem brilho, mas com pioneirismo. E isso cobra um preço em incompreensões, suspeitas e até, de alguns poucos, injustiças.
Felizmente, a verdade é a realidade e a realidade é uma força que sempre se impõe. Já não há quase “inesperados” mas, salvo se alguns deles reaparecer do além, segunda feira, a esta hora, estaremos comemorando a vitória de nossa grande Petrobras e uma participação fortíssima do Estado Brasileiro nos resultados da exploração daquela jazida imensa.
E então, daqui a um ou dois anos, nossos estaleiros estejam abarrotados de navios, nossas universidades de alunos na área naval e de petróleo, nossas fábricas de encomendas e que nossa gente esteja trabalhando, produzindo, progredindo e tendo acesso a tudo que precisa para viver melhor a cada dia.
Libra não é só petróleo*
Saul Leblon
A mega-reserva do pré-sal, capaz de conter acumulações equivalentes a até 13 bilhões de barris de petróleo e gás, deve ser leiloada na próxima 2ª feira (21). Democratas e nacionalistas sinceros divergem. Petroleiros vão à greve.
Defende-se que a Petrobrás assuma sozinha a tarefa de extrair uma riqueza guardada no fundo do oceano que pode conter até 100 bilhões de barris.
A Petrobras tem o domínio da tecnologia para fazê-lo. É quem foi mais longe nessa expertise em todo o mundo.
Mas não dispõe dos recursos financeiros para acionar esse trunfo na escala e no tempo imperativo. Paradoxalmente, em boa parte, porque cumpriu seu papel de estatal na luta pelo desenvolvimento. Os preços dos combustíveis no Brasil foram congelados pelo governo como instrumento de controle da inflação. Durante anos. Sob protesto da república dos acionistas , cuja pátria é o dividendo. E nada mais.
Secundariamente, o leilão será feito porque o governo necessita também de recursos para mitigar a conta fiscal de 2013. Ademais do peso dos juros no orçamento federal – exaustivamente criticado por Carta Maior – o Estado, de fato, realizou pesados dispêndios este ano e nos anteriores.
Em ações contracíclicas para impedir a internalização da crise mundial no Brasil. O conservadorismo reprova acidamente essas escolhas. Solertes entreguistas, súbito, pintam-se de verde-amarelo em defesa da estatal criada por Vargas. A emissão conservadora alveja o que chama de ‘ uso político da Petrobras e da receita pública’ para financiar ‘ações populistas’ , que não corrigem as questões estruturais do país. A alternativa martelada é a ‘purga’ saneadora.
Contra a inflação, choque de juros (muito superior ao que se assiste). Contra o desequilíbrio fiscal, cortes impiedosos na ‘gastança’. Qual? Qualquer gasto público destinado a fomentar o desenvolvimento, financiar a demanda, reduzir a pobreza e combater a desigualdade. O ponto é: sem agir a contrapelo dos interditos conservadores, desde 2008, o Brasil teria hoje um governo progressista?
Subsistiria ao cerco de 2010 contra Lula e Dilma? Ou da terra ‘semeada’ pela recessão e o desemprego emergiria a colheita devastadora? José Serra, que, ato contínuo, reverteria a regulação soberana do pré-sal, como, aliás, prometera à Chevron. O governo fez a escolha oposta. O resto é a história dos dias que correm.
Ao decidir pelo leilão de Libra está dobrando a aposta. Qual seja: mais importante que adiar Libra para um futuro de hipotética autossuficiência exploratória, é aceitar a participação de terceiros, mas preservar e colher, antes, o essencial. O essencial são os impulsos industrializantes embutidos na regulação soberana das maiores reservas descobertas neste século em todo o planeta.
Um exemplo resume todos os demais. O Brasil hospeda a maior concentração de plataformas submarinas do mundo. Uma em cada cinco unidades existentes está a serviço da Petrobrás. Em dez anos, essa proporção vai dobrar. Assim como dobra a produção prevista de petróleo em sete anos: dos atuais 2 milhões de barris/dia para 4,5 milhões b/d.
Entre uma ponta e outra repousa a chance de a industrialização brasileira engatar um salto tecnológico e de escala, ancorado nas encomendas e encadeamentos do pré-sal. Emprego, produtividade, salários e direitos sociais estão em jogo nesse salto. A convergência sonhada entre a democracia política, a democracia social e a democracia econômica depende, em parte, do êxito desse aggiornamento industrializante da economia brasileira.
O leilão do dia 21 é um pedaço dessa aposta. Que tem a torcida adversa daqueles que não enxergam nenhuma outra urgência no horizonte do desenvolvimento brasileiro, em plena agonia da ordem neoliberal. Exceto recitar mantras do defunto. Na esperança de ganhar tempo para que o desalento faça o serviço sujo: desmoralizar a política e interceptar o salto histórico do discernimento social brasileiro.
Uma retração econômica redentora cuidaria do resto, injetando disciplina nas contas fiscais e ordem no xadrez político. Para, enfim, providenciar aquilo que as urnas sonegam: devolver a hegemonia do país a quem sabe dar ao ‘progresso’ o sentido excludente e genuflexo que ele sempre teve por aqui.
* Trecho. Aqui, na íntegra.
20 respostas
Parabéns Fernando Brito, foi num grande herói desta batalha.
Concordo e lembro que não podemos esquecer que a estatal petrosal sera a operadora do pré sal e com a exploração da plataforma marítima efetivaremos a consolidação das 200 milhas territoriais questionada por grupos econômicos estrangeiros quê não aceitam a soberania Brasileira nesta faixa marítima.
Papagaio! E petroleo a dar com pau! Acho que vou comprar um carro novo e aposentar meu Fiat 147!
Só uma dúvida Fernando. A China ganhando esse leilão, será que os trabalhadores serão todos chineses, visto que a China por onde vai sempre tenta empregar seus patrícios. Bom, vamos esperar pra ver no que isso vai dar. Só o futuro poderá dizer se esse leilão foi ou não bom para a Petrobrás e, principalmente para o Brasil.
A legislação vigente só permite contratar estrangeiros no máximo até 1/3 do quadro de pessoal – e eles são regidos pela CLT.
Saudações, Brito! Ouvi você no Repórter Rio, faz uns meses :) Só acrescentando ao debate: em 2012, o Rodrigo Constantino escreveu um artigo para “O Globo” defendendo (para variar) a privatização da Petrobras. Disse que nos EUA a extração de petróleo começou como um negócio privado e blá-blá-blá. E que somente regimes autoritários tinham estatais de petróleo (citou a Venezuela – claro -, o Irã, a Nigéria, a Rússia – e até o México). Mas não disse que a Noruega – que não é nenhuma ditadura – possui uma Petrobras, a Statoil. E, detalhe curioso: a Statoil é uma das patrocinadoras do Instituto Millenium, do qual RC é um dos fundadores…
Fernando, sou de São Borja, nasci politicamente no trabalhismo histórico e estou assustado com quem parece ter se congelado nos anos 70 e acordado agora diante das manchetes sobre o leilão de LiBRa.
Ditadura militar. Guerra fria.
A ditadura é outra e se infiltra pelos poros dos estados nacionais produzindo diagnósticos e receitas para “curar” enfermos inconvenientes que desconhecem suas “doenças”.
E que já não acreditam mais nisso quando assistem nos telejornais. Nem os telejornais estão acreditando tanto assim no que dizem.
A guerra fria não é mais bipolar.
É equatorial. Cheia de monções, opções.
O brique hoje é outro. É um BRIC da China!
Mas também da Índia, da Rússia e do Brasil.
Estatizar não é mais uma questão de Estado. É de estados.
O velho BRizola deve ter inspirado, intuído, o BRito do Tijolaço.
Sempre,Eduardo, sempre e sempre até o final dos meus dias.
Reconhecer e fortalecer Dilma que com os Recursos do Leilão, vai desencadear o salto que o Brasil vai fazer no aumentar a abrangência do desenvolvimento dos segmento já incorporados ao ritmo do nosso Brasil Novo. Brasil de Distribuição de Renda, de PROUNI e ENEM e de usuários da banda Larga, influindo e fortalecendo as posições do Brasil novo diante do Mundo através da ONU e nas relações pessoais do humano respeitando os Humanos.
Por Um Brasil mais Brasil, Mais Amigo dos Latinos e Africanos, UM Brasil que avança irmanando os Paises mais sofridos superando épocas de muita exploração e desigualdades Sociais. Por Um Brasil mais Humanos no trato com os Povos mais sofridos e menos desenvolvidos do Mundo.
O Petróleo é nosso e estamos lutando na nossa melhor condição para lutar. Vamos intensificar a Luta e a Produção de Petrõleo. Vamos manter a Firmeza do Brasil Novo, sem perder a Ternura Jamais. Não falar fino com os dominadores nem Grosso com os irmãodas tantas nações Pobres e expropriadas do Mundo. Valeu Dilma, Valeu Lula,Valeu Zumbi. Deus seja Louvado.
Fernando Brito, você já leu essa matéria, do jornal página 12, da argentina, sobre o leilão de libra?
Leia, pois, e nos informe melhor sobre alguns pontos ainda não de conhecimento do público em geral, como as intenções americanas e as escolhas brasileiras. Interessante a matéria, pois aborda questões que nem nos blogs sujos nós encontramos. Algumas até me surpreenderam. Confira, se puder, a veracidade delas. Aqui o Link: http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-231680-2013-10-20.html
O regime de partilha,preservando os 30%(ou mais) para a Petrobras é a garantia para evitar que um próximo governo entreguista-proteja-nos Deus- semelhante ao dos pássaros bicudos,capitaneado por um príncipe e seu ex-genro,venda todo o pré-sal com a Petrobras junto,conforme alardeado pelo serjão.
Neste momento o Brasil da um passo adiante, na desvinculação perante a E.U.A, pois o que é bom pra estes nem sempre é para nossa nação, livre e autônoma, no sentido de negociar com qualquer outro país.
E o melhor, os americanos estão fora.
Muito bom e consciente
Muito bom e consciente
Essa conta não bate… o lucroda Petrobras é de US$8,47
Essa conta não bate… o lucroda Petrobras é de US$8,47
Fernando, não tem PIS e COFINS nesta receita?
O tal de Caetano deve estar roxo de vergonha na cara pelo apoio aos mascarados. Ou não.
O tal de Caetano deve estar roxo de vergonha na cara pelo apoio aos mascarados. Ou não.