O artigo da senadora Vanessa Graziotin, hoje, na Folha. expõe a vergonha que continua pairando sobre nossas cabeças no caso da entrega, pelo atual governo, às empresas de telecomunicação do patrimônio das antigas estatais de telefonia, “emprestado” a elas quando Fernando Henrique entregou a privados a concessão daqueles serviços.
Diz Vanessa:
O caráter entreguista do Projeto 79/2016 é evidente. Transfere ao patrimônio das empresas vasta infraestrutura pública: rede de cabos de cobre e fibras ópticas, dutos subterrâneos, edifícios, lojas, centrais de comutação, centros de controle, etc., que estão sendo utilizados por elas desde a privatização em 1998, e que deverão retornar à União em 2025 com o término da concessão.
E, como crimes devem ser praticados com “esperteza”, rápido antes que se possa reagir à ação do larápio…
A tramitação do projeto no Senado foi “the flash” e quase clandestina. Oriundo da Câmara, ele chegou e foi lido no plenário na noite de 30 de novembro. Depois foi remetido a uma única comissão (temporária), presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que se autonomeou relator e, pasmem, entregou o relatório já no dia seguinte. Sem qualquer respeito aos prazos regimentais, um projeto complexo e estratégico à nossa soberania foi votado na comissão sete dias depois.
A “desculpa” do Governo, via Anatel, é que os bens apropriados pelas telefônicas não valer os R$ 100 bilhões em que os estima o Tribunal de Contas. Diz que isso era “naquela época” e que hoje entregar de ver a telefonia fixa é livrar o Governo de “um mico”, nas palavras do senhor Juarez Quadros, presidente do órgão, que afirma que hoje “não valem nem R$ 20 bilhões”.
Está certo, Doutor, mas R$ 20 bilhões não é uma dinheirama, num país afundado na crise, cortando a pensão dos idosos?
A conversa de que a telefonia fixa está obsoleta e não vale mais nada é tão marota que nem o boi dormiria. Como é que não vale, se tem uma base de clientes de mais de 42 milhões de assinantes. Como é que não vale, se tem uma enorme sinergia com telefonia móvel, redes de dados, internet banda larga, serviços de TV a cabo, vídeos on demand?
A marotagem está em alegar o óbvio – as empresas de telefonia fixa têm de mudar sua estratégia e seus padrões de abordagem do serviço – para justificar o injustificável: a doação de patrimônio público a grupos privados que já se apropriaram deles há anos e a eternização das concessões telefônicas, uma mina de ouro que entope os cofres dessas empresas, infernizando a vida dos assinantes com preços que “não dei quanto é, depende” e serviços precários para os padrões tecnológicos de hoje.
Aliás, o Dr. Juarez, na entrevista que deu à Folha, produz uma pérola: “prédios gigantescos que antes serviam para acomodar esses equipamentos (as centrais telefônicas) estão vazios, só gerando custos desnecessários”. Ora, doutor, não quer, devolve. Podem servir de escolas, de postos de saúde, até o pessoal dos Sem-Teto aceita, pergunte ao Guilherme Boulos.
Já que é tão ruim, porque tanta pressa em ficar com eles?
14 respostas
Chama-se canalhice desse congresso comprado pela Globo e afiliadas. Ou vcs acham que a globo através de seus laranjas não vai entrar nessa patranha…. paredão é pouco tem de ser um fosso de jacarés.
Passem na Av. Salgado Filho, centro de Porto Alegre … Terra da Falida OI e vejaM que Prédio “HORRÍVEL” que era a SEDE CENTRAL DA CRT…Que o Governo Brito (ex-RBSonega…pra variar) entregou de bandeja à iniciativa privada na Privataria Tucana/PMDB…
Acredito que essa doação possa ser revertida. Em um governo democrático que se espera seja instalado em breve, toda medida desse tipo poderá ser declarada sem valor legal, desde que tomada em regime de comprovada exceção, e seus responsáveis poderão responder por ela nos tribunais.
Alguns empresários enriquecem em virtude do labor de várias gerações, mas muitos outros enriquecem em uma única como os Irmão Marinhos ( Globo), família Sarney, Tasso Gereissat ( Senador do PSDB – está sentado sobre uma jazida da telefonia, que se espalha por todo o país, com mais de 74 milhões de clientes e faturamento na casa dos R$ 30 bilhões. Sem contar os Shopping Iguatemi e dezenas de negócios) Como se enriquece dessa forma? Pelo PATRIMONIALISMO ( herança deixada pelos portuguesas) onde se transfere o patrimônio do estado p/ sua família. Assim como fez o min do STF Fux ( ou talvez Fox= raposa) que transfere dinheiro do estado p/ sua filia, agora desembargadora ( como se pode ver no post abaixo). Uma vergonha que torna esse país o de maior concentração de renda, governado por meio de golpe, por uma quadrilha que sempre se acostumou a roubar dessa população.
A tática neoliberal é sempre a mesma. Primeiro se desmoraliza a empresa pública, fazendo com que os desavisados e mal informados acreditem que ela não presta um bom serviço, que é cabide de emprego e que funcionário público é vagabundo. Feito isso, vende-se a estatal ou autarquia a preço irrisório, beneficiando grandes grupos empresariais. O preço do serviço sobe (e muito) mas o serviço prestado continua igual (não era ruim).
PS: antes que me ataquem, já esclareço de antemão que nunca fui funcionário público e também nunca fiz concurso a nenhuma vaga pública. Sempfe trabalhei na iniciativa privada.
É por aí mesmo, Oliveira. Para quem não sabe, aqui no Rio Grande do Sul, antes de privatizar a CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), criada pelo grande Leonel Brizola na década de 1950, o Antônio Brito aplicou aumentos brutais nas tarifas.
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A tarifa básica era de, acreditem, R$ 0,61 até dezembro de 1995. Então, Brito, que tivera sua eleição financiada pelo grande capital para que para ele trabalhasse, decretou um aumento de mais de 500% e a tarifa básica foi parar em R$ 3,73 em janeiro de 1996.
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Ainda antes da privatização, Brito concedeu outro aumento que jogou a tarifa para quase R$ 9,00. Ou seja, em questão de dois anos mais ou menos, a tarifa aumentou uns 1.300%.
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Depois de privatizada, a tarifa básica continuou subindo, indo parar em mais de R$ 41,00 até uns seis ou sete anos atrás, quando deixou de ser exposta nas faturas. Mas ela segue sendo cobrada e não sabemos em que valor ela anda.
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Então, amigo, uma continha básica vai nos mostrar que, em questão de pouco mais de 12 anos, a tarifa básica do telefone residencial aumentou perto de 7000%. Me mostre o trabalhador, micro, pequeno ou mesmo médio empresário que conseguiu, em tão curto espaço de tempo, um ganho em seu salário ou lucro que tenha atingido 10% desse percentual.
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E o telefone, que era baratinho, foi – juntamente com a energia elétrica também encarecida em muito com a privatização – fazer parte do chamado “custo Brasil”, ainda que o empresariado, metido a entendido em tudo, nunca mencine estes dois itens. O empresariado adora “encher a boca” para dizer que os direitos trabalhistas, poucos em nosso país, é que corroem seus ganhos.
Quando se preparava a PRIVATARIA, Sergio Motta deu entrevista ao Nassif no Dinheiro Vivo, dizendo que as TELES valiam R$ 130 bilhões e que até a PRIVATARIA, FHC teria investido Us$ 28 bilhões em melhorias. Ao preço de hoje, do dólar, Us$ 28 bilhões corresponderiam a R$ 91,48 bilhões, só em cabos de fibra ótica. Os demais fios espalhados por todo o país valeriam quanto? E as centrais de telefonia espalhadas pelo país?
É isso, Pereira. Passados alguns meses, a mídia nos dizia que o Motta estava avaliando em R$ 90 bilhões o que seria conseguido com a privatização das Teles. Mais alguns meses, já se aproximando o leilão, e o Sr Motta já tinha depreciado este valor baixando-o para R$ 30 bilhões.
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A seguir, FHC lançara o leilão da Telebras com o preço mínimo de, pasmem, R$ 13,5 bilhões. Batido o martelo, a arrecadação final chegou a R$ 22 bilhões. Foi o que bastou para que a mídia hegemônica extravazasse: “Viu como está certo privatizar. O ágio chegou a R$ 8,5 bilhões”, era o que mais se lia e se ouvia dessa mídia.
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No entanto, nada era falado sobre os R$ 28 bilhões que FHC tirara de nós, do povo todo, para investir na melhoria dos equipamentos, em benefício das compradoras. Ou seja, mesmo com o ágio, nós, brasileiros, que, por certo, andamos sempre com a guaiaca cheia, doamos aos novos donos das Teles, nada menos que R$ 6 bilhões. Isto sem contar o equipamento, as instalações e as linhas que já existiam antes desse monstruoso investimento.
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E eu ainda sou obrigado a ver gente que se diz inteligente e esperta, gente que fez curso superior, pós-graduada, mestre ou mesmo doutor, dizer que o melhor é privatizar tudo mesmo. Vai gostar de ser logrado assim lá na casa do ca….
“Já que é tão ruim, porque tanta pressa em ficar com eles?”
Porque é um povo de merda.
A razão é simples: comportamento de traidor apátrida e ENTREGUISTA!
Eles estão de volta para terminar o serviço que não completaram nos anos 90.
Viva o povinho brasileiro!
Os apátridas e traidores ENTREGUISTAS agradecem de coração…
Se nao valem nada, entao que façam valer alguma coisa. Pra ter tido um decrescimo tao grande, a unica explicaçao eh que nao houve nada de investimento na renovaçao daquilo que havia sido entregue.
As privatizações – doações seria o termo mais adequado a utilizar – perpetradas por FHC e sua turma de especialistas, constituem a maior roubalheira da história, depois da roubalheira perpetrada pela turma do Yeltsin, com assessoria de Universidades dos EUA e da CIA, nas privatizações que levou a cabo na ex- URSS.
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Ao que tudo indica, Temer que terminar o que FHC iniciou, para colocar o Brasil em primeiro nesse desmoralizador ranking.
Esta é a lógica do entreguista fundamental, repetida pelo Presidente da Petrobras afirmando que o petróleo do pré-sal é um mico e o entregando de mão beijada à Total francesa, que nem acreditou, tamanha foi a mamata.