O Estadão, hoje, mostra, de novo, que o jornal está “no muro” diante de uma nova “escolha muito difícil”, tal e qual disse ser, em 2018, a opção que tomou em apoiar quem ele próprio chamava de “o truculento apologista da ditadura militar”.
Em editorial, coloca no mesmo plano “o assassinato brutal de um petista por um bolsonarista em Mato Grosso” e as críticas do ex-presidente Lula sobre a composição elitista dos atos de apoio a Jair Bolsonaro, como se os discursos do presidente ameaçando “varrer”seus adversários (versão 2022 do “fuzilar a petralhada”) equivalesse a dizer que há racismo numa manifestação de apoio a alguém que já foi condenado pelas ofensas proferidas contra a cantora Preta Gil, que não viajaria em um avião “pilotado por um cotista [negro] e que os quilombolas deveriam ser pesados em arrobas, como animais de corte.
E que, ao tempo em que pratica este racismo explícito, promove e libera a compra de armas, milhões delas, dizendo às pessoas que se armem.
É muito cinismo tratar – como aliás fizeram outros candidatos – enfrentamento político-ideológico e a ação consciente de insuflar o ânimo de seus seguidores contra seus adversários como se fossem a mesma “polarização”. A violência não vai parar, se depender dete “mimimi” e as agressões a Guilherme Boulos e ao próprio Ciro Gomes, hoje, em Porto Alegre, evidenciam isso.
Já temos dois assassinatos brutais praticados por adeptos de Bolsonaro e, pela segunda vez, não há uma condenação pública e enfática da violência como forma de resolver questões políticas por parte de alguém que já teria esta obrigação como candidato e, como presidente, tem o dever absoluto de fazê-la.
Ficar no muro, até agora uma vergonha inominável, passa a ser escancarada cumplicidade com os crimes.