Nos jornais, anuncia-se que, após o Carnaval, a Presidenta Dilma Rousseff pretende convocar uma cadeia de rádio e televisão para falar ao país de projetos contra a corrupção e medidas administrativas que seu governo pretende tomar.
Sei que é algo que muitos pedem e, até, algo que deveria se dar com alguma constância, porque não apenas o governante tem o dever de se comunicar com a sociedade quanto, é evidente, não pode ser prisioneiro do desejo dos meios de comunicação empresariais de que ele o faça ou fique reduzido ao silêncio.
Mas é uma estratégia, a meu ver, perigosa, embora a esta altura nenhum perigo seja maior do que a inércia em que o Governo Dilma se encontra.
Em primeiro lugar, por tomar a decisão logo após a pesquisa que lhe aponta uma perda de popularidade – que só pode ter surpreendido quem fosse completamente parvo – e em segundo, porque tomada com tanta antecedência, permitindo que a mídia “muy amiga” estimule, nela própria e nas redes sociais, uma expectativa negativa sobre a aparição de Dilma na TV.
Em futebol é o que chamamos “passe telegrafado”.
É decisão que não se toma no meio de uma roda de boquirrotos, como parece ser o caso de parte do núcleo do seu governo, ainda mais agora que cada um está louco para aparecer como o “descobridor da pólvora”.
A fala no rádio e televisão deve vir, sim, mas é preciso que, antes disso, Governo e PT demonstrem algum tipo de reação política ao massacre que vem sofrendo.
Que estabeleçam algum nível de polêmica, que lhes permita receberem defesa.
E onde está isso?
Ao contrário, só o que se vê é a permanente exposição de uma “fraqueza” da Presidenta, como no (outro) vazamento da reunião, publicado na Folha, onde Dilma aparece pedindo uma reunião para pedir orientações a Lula e ao marqueteiro João Santana.
Não sei, para precisar de uma reunião para decidir algo assim, só se Dilma tiver perdido o telefone de Santana e não puder ter uma primeira (primeira?) conversa com eles.
Como não é isso, o que pretendem os “vazadores”, mostrar uma pessoa perdida, em desespero?
A entourage de Dilma parece dividir-se entre neófitos e ambiciosos, uns e outros exploradores de prestígio presidencial.
Mas, como a Presidenta não fala, viraram fontes de fofocas e possibilidades e estão adorando os telefonemas dos repórteres “especiais”.
Tem gente que consegue transformar até o certo em desastre.
