O “Por amor” de Bolsonaro

A live presidencial de ontem, na qual Jair Bolsonaro “explica” sua saída do PSL e a criação do tal “Aliança pelo Brasil” é algo que, olhado com um mínimo de seriedade, desvela toda a miséria da política brasileira.

Nenhuma palavra sobre programa de governo, sobre ideias, sobre opiniões.

É só uma questão de “amor”. A ele, é claro:

“Vou começar um partido pobre, sem dinheiro, sem televisão. Quem for para lá vai por amor. É igual casamento, a gente casa por amor”, disse aos repórteres na volta ao Palácio da Alvorada.

Amor a quê? A pergunta correta talvez seja “Amor a quem?”

Até em Hitler, além do culto ao Füher encontravam-se mais ideias: o lebensraum, o espaço vital da Alemanha, a escalada industrial do país, a afirmação alemã como potencia mundial. Aqui, mal e porcamente, sobram os esquerdistas, convertidos em neojudeus, como inimigos da Pátria que, é claro, é posta na banca da xepa.

Bolsonaro, o “mito”, não é um líder. Não agrega, não soma, não compõe.

Leva menos da metade dos seus.

Apenas porque quer exercer o poder descaradamente famili(ci)ar, está evidente.

Bolsonaro, já disse aqui, é um elemento desagregador, por isso com menos condições de empalmar um poder sobre o país que, na sua eleição, pareceu bem próximo, tão grande foi a onda conservadora na qual o ex-capitão poderia surfar.

Afinal, com um Congresso onde 80% é composto de pessoas de direita, como não pensar que pudesse?

Na “live”, segundo a Folha, reduziu a saída do partido e a criação de um novo agrupamento como uma relação conjugal:

“Boa sorte ai ao presidente do partido, boa sorte aos que apoiaram o presidente do partido bem como o antigo líder [deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que chamou Bolsonaro de vagabundo]. Vão (sic) ser feliz todo mundo, cada um segue o seu destino. Como separação, infelizmente acontece”, afirmou .

Como assim “vai ser feliz aí, cada um segue seu destino”?

Então o presidente eleito opta por um arranjo partidário familiar, manda seus advogados ao TSE para formar um partido de Whatsapp.

E que use, se não poder usar usar a “inovação” da filiação por um aplicativo privado, que depende de dobrar o TSE a aceitá-lo, já anuncia que usará as igrejas neopentecostais para alcançar as 500 mil assinaturas necessárias para a aventura.

Estamos diante de um abuso inominável: um presidente da República usando o cargo para formar um partido.

Mais ainda, cujo “programa” é o amor incondicional a ele, Jair Bolsonaro, acima de tudo.

O rei, a quem o que resta do sistema republicano só atrapalha.

130 anos depois, a República instituída com base no Exército tem o mesmo exército a sustentar a instituição de uma monarquia trágica, na qual Jair I, o estúpido, pretende instaurar a dinastia Bolsonaro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (29)

  • Realmente se casa por amor. Nisso ele é expert, pois já casou 4 vezes. 5, se contarmos o Mourão. Talvez 6, se levarmos em conta o amor pelo príncipe.

  • Ânsia de vômitos.
    Não tem jeito para o Brasil.
    O "tribunal superior eleitoral" é um gigantesco monte de BOSTA JURÍDICA !

  • Esse finalmente, É A SÍNTESE,do que chamam no BRASIL,de PARTIDARISMO POLÍTICO,JÁ QUE política se faz,ATÉ NO VASO SANITÁRIO,então POLÍTICA E PARTIDARISMO,são coisas coincidentes,mas não a mesma coisa.Não é atoa,que se ouve dos IMBECIS DE SEMPRE,que não gostam de POLÍTICA,mas vão votar,todos eles,que odeiam POLÍTICA,até porque,a ausência do eleitor,às URNAS,da uma multa de menos de dois mil réis.Então,eles somente gostam de POLÍTICA ,quando podem expressar suas inteligências abissais.

  • O grau de loucura atingiu um patamar que ninguém ficaria surpreso se ele se declarasse Rei do Brasil. E a sua sugestão seria precisa: Jair I, o Estúpido.
    Seus herdeiros seriam:
    Eduardo I, O Pintinho
    Carlos I, O Enrustido
    Flávio I, o Rachadinha.

  • Ele casa por qual motivo?
    Já casou umas quatro vezes. Isto é amor?
    É também aquele sujeito que usava dinheiro público para manter um apartamento para "comer" mulheres de programa. Isto é amor?
    Todo apoiador bozo é um estúpido idiota ou ladrão. Igual ao seu "mito".

  • A lavagem cerebral foi forte. Como farão para instruir os zumbis a digitarem outro número, que não 17, nas urnas? Poderiam acrescentar um algarismo... 171 talvez.

      • Zumbi, no sentido de morto-vivo, tem origem de lendas vodu. E o Vodu tem raízes similares ao Candomblé ;)

    • Perfeito! Já está definido por afinidade e sintonia o número do novo partido. 1 7 1

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