O powerpoint e a tatuagem

tatoo

É óbvio que não se vai comparar, do ponto de vista físico, o ato de tatuar a testa de um rapaz drogado que estaria tentando roubar uma bicicleta com o de um procurador da República que exibe,  em rede nacional de televisão, slides  de um powerpoint acusando alguém de ser o “chefe da cleptocracia”.

Mas não há dúvidas de que o objetivo é o mesmo: tomar a si o poder de julgar e o de promover a execração pública de alguém, marcando visualmente sua testa ou o seu nome com o estigma de ladrão com base apenas em suas próprias razões.

Em ambas as situações, não faltam os elogios e aplausos dos fanatizados, dos cheios de ódio, dos festejadores do “escracho”, esta praga que tomou conta da vida brasileira.

Mas há uma diferença essencial: os dois torturadores que recriaram – da versão tatoo – as marcas a ferro quente dos campos de concentração nazistas são dois sujeitos primários, embrutecidos como tanto e, felizmente, cruéis como poucos.

Na outra cena, que o fez sabia perfeitamente, por estudos e profissão, que o ser humano não pode ser vítima de linchamentos, nem físicos, nem  morais.

E o fez, deliberada e meticulosamente, por convicções, aquilo que já seria inadmissível por provas.

Atos assim, como tantos outros feitos pela mídia ou por autoridades públicas com o dever do equilíbrio certamente ajudam os monstrinhos da tatuagem acharem que é normal e bom fazer seu tenebroso powerpoint na testa de alguém.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

19 respostas

  1. Exemplo disso são os casos de rasparem as cabeças dos presos. Já seria uma agressão só pelo fato em si, ainda mais quando o preso não está nem condenado. A bestialização parece normal à essa sociedade doente.

  2. O Lhula não é nada santo, mas o que fizeram (e estão fazendo) com ele, é típico de ditadores querendo, e conseguiram, tomar o poder.

    1. Tens razão, Lula não é nada santo, é torneiro mecânico e ex-presidente do Sindicato, do PT e da República, “Santo” é o leguminoso, como o pai da sorveteira é o “Careca”.

  3. Texto irretocável!
    Muito pertinente a comparação.
    .
    Só queria acrescentar que a única diferença é que os MONSTRINHOS da tatuagem vão pagar pelo que fizeram. Pois são pobres e anônimos. (nenhuma peninha deles, tem mais é que pagar mesmo, com todo o rigor da lei).
    .
    Já o MONSTRO de Curitiba provavelmente, não.

  4. O ditado diz “que aquí se faz e aquí se paga”Acredito que numa volta ao Estado Democrático de Direitos a atitude intencional, maldosa e truculenta daquele procurador imitando aos inquisidores da Inquisição e aos agentes da Gestapo alemã, será objeto de um devido processo legal.Leia sobre os processos em Nuremberg

  5. Só faltou esse procuradorzinho dizer que fala diretamente com Deus. Num Estado Laico, como o nosso, isso de misturar politica com religião deveria ser punido com 10 anos de prisão. É a inconsistência da bancada evangélica, que prega uma coisa e faz outra.

  6. A comparação é interessante mas a responsabilidade do estudado promotor não se compara ao do outro bandido, doublé de tatuador.Esse estudou para combater o que ele mesmo fez. O outro, às vezes tenho pena que a civilização nos tenha obrigado a rechaçar a Lex Talionis. Ambos são covardes e querem dispor de um poder transitório para execrar o seu próprio condenado, em uma carroça de madeira, em praça, hoje transformada em redes sociais e em redes de tv.

  7. Deus me disse que nunca ouviu falar do concurseiro,disse ,nas palavras Dele, ” deve ser clone ..ou programa de auditório que vivificou….””

    Fiquei na minha ,dizem que Deus sabe o que fala,fico na dúvida se Ele sabe o que faz…

  8. Dalagnol é um religioso, um fanático religioso. Isto explica tudo. A vida pública, a política, deveriam banir os religiosos porque sua razão não é pública, mas privada e o raciocínio deles é viciado por dogmas e alterações sensoriais.

  9. Diria que ambos utilizam a lógica sionista, contra os inimigos todo o mal possível !!

    Mudando de assunto, hoje na coluna do estadinho, uma informação bastante auspiciosa para quem vive de trabalho, do suor de seu trabalho, analisa a equipe econômica – sob a batuta do núcleo político – do desgoverno temer uma correção histórica, rever a escorchante tabela do IRPF.

    Obviamente, também suas alíquotas, com o fim da incrivelmente alta ( para padrões de renda latino-americanos ) de 27,5%. Convenhamos, supondo que um trabalhador perceba a título de salários 15.000 reais e tenha que ser tributado em quase um terço disso, além dos 11% obrigatórios de previdência ( exceto os presos ao teto ) ser comparado a um trabalhador que perceba 200 mil ou mais , tais como executivos e jogadores de futebol por exemplo , por si só é um escracho.

    Era algo para ter sido feito pelo PT, que jamais deu nada à classe média tradicional e depois chorava pitangas pelo que chamava de “ódio de classes” , pura hipocrisia do partido, até mesmo pelo fato de boa parte da base eleitoral originária ser de pessoas de classe média, sobretudo servidores públicos, esquecidos por completo após as vitórias eleitorais.

    Particularmente acho difícil que ocorra, mas seria um belo tapa na cara da “esquerda” que criticou todas as maldades de FHC , mas aproveitou-se convenientemente de todas elas nos 13 anos que presidiu a Nação.

    Sei que muitos vão dizer que é um discurso dúbio, mas quem sente na pele a necessidade de educar a custos europeus os filhos adolescentes com renda sulamericana sabe bem a que me refiro.

    De qualquer forma , algo poderia ser feito nesta questão, bastaria que a dedução com educação pudesse ser feito da mesma forma que os gastos em saúde.

    1. Ulan, você está gastando munição com caça pequena.
      A tarifa de 27.5 % de IR é ridícula para os altos salários. Na maioria dos países é maior.
      Você deve mirar o ICMS, sobre o qual ninguém fala nada e que chega a 33% sobre a água, a energia elétrica, e é desta ordem até para gêneros de primeira necessidade, que atinge a todo mundo, mesmo os que ganham salário mínimo.
      Quanto a descontar integralmente do IR gasto com educação, é só subsídio para rico. Teríamos que ter um pré-sal funcionando e aplicar isto em educação pública, aí não precisava descontar do IR. Mas, pelo jeito este sonho já era.

      1. Camarada, não sou rico e essa dedução ajudaria e muito a dar aos meus filhos acesso ao que hoje lhes falta, primeiro pelo Estado negar, segundo pelo dinheiro ser tungado pelo IRPF.

        O correto seria tributar a destinação de lucros hoje isenta, e dar uma folga a classe média, inclusive via ICMS, IPTU, IPVA e outros penduricalhos que só nos empobrece e nada em troca temos, sequer segurança para trafegar rumo ao trabalho.

        Dois carros meus já foram perdidos para bandidos , com direito a arma na cara e tudo, hoje ando de metrô ou fusca, mesmo assim amedrontado. O que falo é que não adianta esse papo furado de “ódio de classe” enquanto nada for feito pela classe média, afinal são homens e mulheres que também ajudam a construir essa joça chamada Brasil, ou não ??

        Votei e voto no PT , sou filiado, mas há um abismo entre o discurso e a prática.

        1. Sr Ulan, o que o “governo” pretende, é “comprar” a classe média com essa jogada, pois nas faixas inferiores de alíquotas, ou seja os pobres, continuarão a pagar o mesmo valor de imposto. Beneficiará os de !5 mil e os de 200 mil do mesmo jeito que hoje.

  10. Há quem desconfie que estes rapazes viram um powerpoint semelhante nos Estados Unidos, e que por ele procuram desde então se guiar e sempre, como se o tal engenho fosse a expressão da verdade. Seria por isso que eles teriam toda essa convicção férrea, mesmo que não tenham cá no Brasil conseguido provas para confirmá-lo in totum. O fato de não terem conseguido provas, neste caso, só os deixou um pouquinho angustiados, mas eles consideram que o país, subdesenvolvido e ignorante, deve por obrigação acreditar piamente neles e em suas convicções, eles que viram pessoalmente a “Luz da Verdade”.

  11. O único homem público que ainda temos com capacidade de articulação política e carisma nacional e internacionalmente é o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *