O preço da indecisão

tobe

O Governo Dilma acaba de colher outro fruto amargo de sua indecisão.

 

O rebaixamento da nota de risco do Brasil pela Standard & Poors não tem, em si, nenhum significado econômico.

 

O Brasil é e continua sendo, no horizonte visível, “bom pagador” e ponha bom pagador nisso, porque paga muito além do que precisaria pagar a quem compra os títulos da dívida pública.

 

Não foi, portanto, a adimplência do Governo o que entrou em crise, mas a sustentabilidade de uma situação fiscal que não consegue “desencruar”.

 

Não porque não se cortem despesas, mas porque a queda na macroatividade econômica está arruinando a arrecadação.

 

As despesas governamentais, em valor real e excluída a Previdência (onde o aumento de gastos corresponde essencialmente à elevação do salário mínimo) caíram 1,1% entre janeiro e julho, comparadas ao ano passado.

 

Não é pouco, considerando que a maior parte delas é compulsória.

 

Mas a receita, também deflacionada, caiu 4%.

 

Isso não se equilibrará sem aumento de imposto e de imposto que não refreie a já contida atividade econômica.

 

Quanto mais se retardam as decisões, mas difícil é inverter o ângulo da curva econômica.

 

Estamos na terceira ou quarta ideia de aumento seletivo de impostos: passamos pelo de grandes fortunas, ensaiamos a CPMF, empacamos nas desonerações fiscais e agora Levy acena com mudanças no Imposto de Renda.

 

Se a falta de base parlamentar impede a certeza de iniciativas bem sucedidas na área fiscal não impede que se resista naquilo para o que já se tenha autorização legal, mexendo em alíquotas, prazos  e incidência de isenções.

 

Mas sai-se do imobilismo e põe-se o bode na sala.

 

Porque não é só “corta, corta, corta”, como disse o Lula na entrevista, outro dia, ao jornal argentino  Pagina 12.

 

Claro que sempre se pode cortar despesas supérfluas na administração, do cafezinho às imunidades ou desonerações tributárias  – ao contrário, aliás, do que fez Cunha, “contrabandeando” para dentro de uma medida provisória um “presentinho fiscal” de R$ 300 milhões para igrejas evangélicas e de outras confissões.

 

Mas cortar, no Governo, a partir de um certo ponto, é tirar dos pobres.

 

É parar obras públicas.

 

É não reajustar programas sociais como o Bolsa Família, que está estagnado – lembra hoje Ilimar Franco, em O Globo – num limite de 77 reais há 16 meses, o que significa que menos gente passa a ser incluída.

 

Significa menos gente no Pronatec, menos casas no Minha Casa Minha Vida, menos financiamentos do FIES, menos crédito agrícola, menos merenda escolar, enfim, tirar de quem mais precisa e, às vezes, tem nestes programas a única esperança de suas vidas.

 

Tirar deles, sem tirar de quem para, percentualmente, menos imposto do que eles, porque mais de 80% do que ganham os milionários está livre de Imposto de Renda.

 

Isso tem de ser dito.

 

Pôs-se na Fazenda o homem “do mercado” e com sua permanência chantageia-se o Governo: tirá-lo é “ofender o mercado”.

 

De acordo, mas o Dr. Levy precisa usar o seu cacife e parar de falar que “estamos estudando” ou que “não descarto esta possibilidade”.

 

Passou da hora de agir e, se ele não o fizer, o governo terá de fazer sem ele. Quem não deu o aval que Joaquim Levy precisava não foi o Governo Dilma, mas seus amigos do mercado, o PMDB que o adotou e a oposição que o aplaudiu.

 

A ideia de que “o arrocho nos salvará” deu o que tinha de dar.

 

De “bonzinhos”, só nos levam ao Inferno.

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15 respostas

  1. “passamos pelo de grandes fortunas, ensaiamos a CPMF, empacamos nas desonerações fiscais e agora Levy acena com mudanças no Imposto de Renda.” Ou seja, vai sobrar pra quem sempre sobra; a classe média assalariada. Depois o governo não entende porque tanta rejeição da classe média, enquanto as classes mais baixas tem quase tudo de graça: remédios, saúde, educação, etc… Defendi esses 3 últimos governos com unhas e dentes nos últimos 13 anos. Não vou jamais defender governos do PSDB. Mas, a partir de hoje entendo a tamanha incompetência de Dilma em seu primeiro mandato. Sei que vou pagar (e caro) por isso. Pois vem aí o aumento na alíquota do meu IR, que já pago uma fortuna por mês. Preciso comprar dólares para uma viagem necessária mês que vêm. Estava contente que o o dólar deu uma baixada, em 3,80. Hoje, com essa notícia, vejo que vou perder mais de 1000 reais a cada 1000 dólares que vou precisar, comparados aos 3 reais da moeda em julho. Pois amanhã bate em 4,00 com certeza. Bateremos mais um recorde de FHC (ultrapassar os 3,99). Pra mim acabou. Não defendo mais esse governo. Sei que há muita especulação em uma crise política, muito armada e também uma pretensão de deterioração da economia e de grandes empresas como a Petrobrás, para forçar mais uma onda de privataria tucana. Mas, chego a conclusão que, em 12 anos, mesmo Lula, com uma popularidade incrível, não fez nada para mudar o Brasil estruturalmente. Preferiu governar do mesmo jeito, com as mesmas artimanhas dos outros, achando que eles iam deixar isso durar pra sempre. Lamentável. O Brasil mudou. Mudou muito em muitos aspectos e NADA em outros. Isso é triste.

  2. Considerando que esta “agência” que trabalha para os rentistas só dava notas máximas para todas as empresas que estavam falidas em 2008 nos EUA, quando ela dá nota baixa é motivo para os não rentistas comemorar.

  3. O Governo Federal ganharia muito se mandasse o BC abaixar os juros e a taxa selic. O Brasil ganharia muito também.

  4. Fora do assunto em tela, mas que todo mundo com pelo menos dois neurônios deveria perceber: Por que as empreiteiras doaram mais ao Aéreo do que a Dilma? Por que eles achavam que com a campanha suja , desonesta e mentirosa que a oposição fez, o arquiteto do aerotio ganharia. Ou seja, era propina adiantada.

  5. Um mês antes de o banco Lehman quebrar, a S&P’s lhe deu nota A.

    Depois da quebra, que desencadeou a crise de 2008, a S&P’s disse em nota oficial que não tinha feito nada de errado.

    Vejam bem, isto desencadeou a crise de 2008.

    Quando o ‘standard porra’ vai parar de dar pitaco aqui no Brasil!

  6. Esse Levy é o Malan de “ropupagem nova”.
    Precisa desenhar?
    a Dilma também quer sert muito técnica.
    Se quisessemos técnicos do mercado governando o país, colocaríamos o Aécio lá.
    O PSDB é partidinho dos gerentes, são incompetentes, é verdade.
    Dilma governe com POLÍTICA.
    Se não sabe como, chame o Lula, o Ciro Gomes, o Requião, o Marco Aurélio Garcia, o Franklin Martins e traga o Mantega também, se possível, esses são as pessoas que a Nação precisa.
    E aprenda com os blogueiros progressistas a se comunicar.
    Saia dessa ciranda demotucana economicista que você se meteu, mulher.

  7. Uma coisa é a critica justa outra é a safadeza de alguns de dizer que “o real salvou o brasil” dizendo que o real diminui a taxa de risco. Diminuiu uma ova, em 1995 primeiro ano do governo FHC/PSDB o risco brasil era de 933 pontos e no último ano do malfadado governo tucano era de 1446. Ou seja FHC/PSDB piorou e muito a taxa de risco Brasil. E primeiro reconheçam que o lado bom do Real foi alcançando no governo Itamar e FHC apenas levou a fama porque naquele tempo não tinha reeleição até o malandro mudar a constituição em benefício próprio.

    OUTRA GRANDE MENTIRA é dizer que o Brasil precisou ir para o FMI porque o governo FHC;PSDB federalizou a dívida dos estados, isso é um grande sofisma, porque a dívida pública líquida do país, engloba todas as dívidas dos estados, municípios e da união, não tente confundir dívida pública líquida com dívida federal, uma coisa não tem nada a ver com outra. E A VERDADE é que o PSDB/PSDB praticamente DOBROU a dívida pública líquida do Brasil tendo pego ela na casa dos 29% do PIB e entregando ela na casa de quase 60% do PIB e os VÁRIOS empréstimos feitos juntos ao FMI foi porque não tínhamos reservas para honrar a dívida externa que aumentou muito quando FHC/PSDB venderam títulos da dívida púbica brasileira atrelados a uma SELIC DE JUROS EXTRATOSFÉRICOS. Então, se não entendem do assunto não venham com baboseiras para defender o indefensável governo tucano, que só se aproveita a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas que ninguém sabe se eles mesmos cumpriram, porque as contas nunca foram verificadas e somente agora foram aprovas EM UM DIA junto com as contas do governo Itamar e Lula, sabendo-se apenas que TODOS DERAM PEDALAS FISCAIS e querem atacar apenas a Dilma por isso…

    1. Sejamos justos com a história. O risco Brasil disparou principalmente em função de o Lula finalmente ter chancer reais de ganhar uma eleição. O mercado financeiro tinha em mente as bravatas do PT quando na oposição; pregando um governo irresponsável em termos fiscais.

  8. Só as crianças que não conheceram o país destroçado pela hiperinflação podem menosprezar a estabilidade a partir do Real, que passou por fases e por três reais crises internacionais até chegar ao modelo do tripé, da LRF, etc. A receita era boa? Pergunte ao Lula, que prometeu segui-la na Carta aos Brasileiros. E, embora crescendo menos que nossos pares, enquanto seguiu aproveitou a excelente situação internacional até 2008, colhendo o que foi plantado antes. Mas plantou o quê? Um Real, um PROER, uma LRF, um ganho na infraestrutura? Nada, foi só coisas como mudar o nome do Bolsa Escola para Família e passar a mentir que foi ele que fez. O que o PT plantou foi o descalabro que está sendo colhido agora, jogamos fora a boa época que outros aproveitaram para pagar a incompetência do PT (sem falar na corrupção). Resta agora o PT cortar o que dá, os milhares de CCs que acrescentou, as tvs brasis, o dinheiro das ONGs dos amigos, o dado o Fidel, etc. Depois, se precisar aumentar impostos, se faz o impeachment da Dilma antes. Só o que faltava dar mais dinheiro na mão dessa gente.

  9. Brito se não me falha a memória, uns 3 meses atrás o Lula disse que chega de notícia ruim, que já estava na hora das notícias boas. Queria saber o que se passa na cabeça da presidenta ou o pq dela manter Mercadante, Cardozo e Levy. pelo que eu to vendo nunca teremos notícia boa pq entramos numa crise que é cíclica e uma coisa puxa a outra. Que desespero que ficamos, sem esperanças disso tudo passar.

  10. O governo Dilma é o antro de ineptos e ladrões.
    Mofaram até a estabilidade econômica gerenciada por FHC.
    Aloprados só pensam em boquinha e pixulecos.
    Queria conhecer a personalidade de quem ainda escreve uma palavra em defesa desse notório hospício decadente que é o governo Dilma-Lula-PT.
    Considero ‘desajustados’.

    1. Hum… estabilidade econômica gerenciada por FHC?
      Responda rápido: qual a inflação do último ano de FHC? Qual o índice de desemprego? Qual a relação dívida/PIB? De quanto a nossas reservas cambiais naquele ano?
      Depois responda: quem são mesmo os desajustados?

  11. para essa desgraçada traiu o povo brasileiro quando colocou esse banqueiro desgraçado pau mandado dos bancos e nao tem perdao. ela é culpada sim por tudo o que esta acontecendo , tanto politicamente quanto economicamente. esse poste de pres. para o nosso sacrificio tem que terminar o mandato , tambem nao sou burro , imbecil de compactuar com os golpistas dos quintos dos infernos. mas quem compactuou com eles foi esse partido bundao , covarde , o pt esse poste de pres. que governa para os banqueiros e toda a elite. essa é minha opiniao de quem votou nela e nao acredita que esse desgoverno vai voltar nos trilhos. so um virada de 180º para mudar tudo isso tanto politicamente quanto economicamente. com esse poste no poder nao vai acontecer nada.

  12. “Pôs-se na Fazenda o homem “do mercado” e com sua permanência chantageia-se o Governo: tirá-lo é “ofender o mercado”.”
    Ora, de que tem adiantado o queridinho do mercado na Fazenda?
    Ele não ia trazer confiança e, com isso, destravar investimentos?
    Se é para ser desse jeito, melhor um inconfiável do mercado mesmo, mas que tenha visão humana e desenvolvimentista.

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