O que Ulysses e Tancredo têm a ensinar aos novos liberais

Tancredo Neves e Ulysses Guimarães -zero de esquerdismo e radicalismo, portanto – enfrentaram, de peito aberto, os cães e policiais que, em nome da ditadura, foram mobilizados para impedi-los de fazer um comício na Bahia, em 1978.

“Saibam que baioneta não é voto, e cachorro não é urna”, disse Ulysses à tropa que o ameaçava, quanto Tancredo, o “radical”, bradava que os cães da Polícia tinham fartos o leite e a carne que faltavam à mesa do povão.

Não havia ameaça de um ditadura militar, então, havia já uma ditadura militar. Não havia impeachment para ambos, havia a cassação por uma canetada de AI-5.

No entanto, aqueles homens públicos não reagiram com mimimis sobre diálogo, instituições e bererés e biriris sobre a “harmonia entre os poderes”.

A diferença com nossos autointitulados liberais deveria corá-los de vergonha.

A reação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e a do Supremo Tribunal Federal aos rosnares e latidos provindos de Bolsonaro não chega aos pés daqueles dois homens velhos, moderadíssimos em tudo, menos no exercício da dignidade.

Os liberais brasileiros sofreram uma redução de estatura moral espantosa e está aí, penso, a raiz de sua inexpressividade política, que destruiu de forma avassaladora seus partidos e lideranças, já antes de pulverizar sua credibilidade

Do jeito que as coisas vão, continuarão assim por um bom tempo, porque não parecem dispostos a gestos de firmeza, aceitando a exclusão da esquerda e preferindo continuar apostando num discurso que adoça o fascismo que temos a enfrentar.

Nem os liberais antiditadura daqueles mais de 40 atrás se confundiam com isso e não achavam que com bilu-bilus os cães deixarão de latir e de morder.

 

 

 

 

 

 

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