O “revisionismo” do bestial

revis

Assisti um episódio da produção do tal “Guia do Politicamente Incorreto”, aquela que foi acusada de  “estelionato intelectual” pelo escritor Lira Neto e outras pessoas, que deram  entrevistas sobre “a história do Brasil” para usarem trechos num revisionismo à moda daquele “ditabranda” com que a Folha quis apascentar suas culpas pela participação no golpe militar.

A coisa é uma bobajada à altura de seus autores, que vêem no “causar” uma oportunidade de recolherem uns cobres e alguma notoriedade naquela camada de gente que acha que “não é bem assim” talvez porque não saiba como foi e de outros, que sabem como foi e querem mais.

No trecho que vi ontem, a estupidez era a da “gradação aritmética” de uma ditadura, para concluir que se a ditadura brasileira fosse tão ditadura quanto a argentina (ou a chilena, meu cérebro tem certa dificuldade em reter asneiras), os assassinatos – perto de 500 – ocorridos no Brasil teriam de ter produzido 100 mil cadáveres.

Não sou um “politicamente correto”, fanatismo nunca foi minha praia. Também nunca fui um remoedor de ódios e nem creio que possa causar prazer ou honra em alguém ir “escrachar” velhinhos que estão carcomidos fisicamente como carcomidos sempre foram em suas mentes. Mas, volta e meia, é preciso que se finque o pé e alguém relembre com que tipo de coisas este “relativismo”  concilia.

O trecho final do depoimento do tenente José Wilson, hoje, na Folha é exatamente isso. Uma advertência, chocante e real, a quem diz, sem ter vivido, que “aquele tempo é que era bom”.

Para quem fala que não houve ditadura no Brasil, vou contar uma história. Anos antes de o Jango assumir, veio para cá uma exposição itinerante da Rússia. Era um navio que ficava ancorado, o povo podia visitar, ver sobre a indústria e a vida na Rússia. Dois soldados do grupo dos paraquedistas foram visitar e pegaram os folhetos que estavam distribuindo. Com o tempo até esqueceram.

Passados alguns anos, veio o golpe, entraram nos quartos de todos os milicos para revistar e encontraram o panfleto. O amigo tinha esquecido. Levaram o cara para ser interrogado. Ele nunca militou em nada, nunca foi comunista.

Ele foi colocado em uma mesa. Amarraram mãos e pés nos quatro cantos. Depois de baterem nele, colocaram uma vela acesa no ânus e deixaram queimar até o final. Esse cara ficou com todo tipo de problema que você pode imaginar. Isso era o governo militar. Tudo porque tinha um panfleto.

Os portões do inferno nunca se abrem apenas para “uma visitinha”. Quando eles se destrancam, são um vórtice do qual só se escapa depois de anos de dor, por vezes de gerações inteiras.

 

 
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20 respostas

  1. Beira o absurdo escutarmos alguém defender a ditadura. Não tenho raiva, eu era muito criança mas é claro e óbvio que foi uma época onde monstros se aproveitaram do poder para colocar para fora os seu mais podres sentimentos. A democracia pode ter muitos problemas e falhas mas é nela que reside a nossa capacidade de renovação a cada 4 anos. Ditadura nunca mais.

  2. A contabilidade dos mortos na ditadura militar chega a números pequenos porque não foram somados os milhares de negros, quilombolas e posseiros que foram mortos para liberar a terra do norte e do centro oeste para os novos ccolonizadores que vieram do sul.

  3. O Estado Islâmico está entre nós. Compartilha a alma que aqui habita corpos de cristãos evangélicos ou católicos fundamentalistas e até de judeus – neste caso, daqueles que se alinham com a saída Bolsonaro, Doria ou Alckmin para os sombrios tempos atuais.

  4. O politicamente correto é uma arma da direita para enganar gente sem noção de esquerda que utiliza esse termo sem refletir. Deveria ser analisado e explicado porque utilizado assim torna-se expressão inócua: termo para tapar algum buraco na argumentação e continuar com o discurso sem noção.

  5. FB, tenho escutado seguidamente, de pessoas que tinham, à época da ditadura, entre 3 e 5 anos de idade, que nunca houve ditadura militar no Brasil. Isso é uma aberração que os apoiadores do militarismo inventaram para negar as atrocidades cometidas contra os chamados “comunistas”, que nunca existiram no Brasil. Brasileiros eram jogadosno mar, vivos, de aviões. Até hoje existem milhares de btasileiros desaparecidos, como se nunca tivessem existidos. Os babacas que acreditam nessa “ditabranda” deveriam ir às bibliotecas e pesquisar empoeirados jornais da época e ler sobre, por exemplo, sobre o “cemitério” de ossadas do Perus, para depois falarem essas bobagens.

  6. Por falar em politicamente correto, o juiz Martelino de Tal e Coisa, da 1ª vara não sei de onde acaba de suspender junto ao INEP a regra do ENEM que implica em nota Zero à redação que contrariar diretamente os DH-Direitos Humanos.
    Dito isso, proponho ao MEC uma mudança nos temas da redação. Novos temas devem ser: O que ha de errado na Declaraçao dos Direitos doHomem na ONU- “A pregaçao comunista do Papa Chico”.
    ”A besteira da politica de Cotas nas Universidades”. ‘A extraordinárias Colonias de Israel na Cisjordania”. “O que ha de bom na produção de minas terrestres” – Porque são necessárias 700 bases militares americanas no mundo’ –
    Porque me ufano de Eduardo Cunha’ – “A eficiência do uso de munições com urânio empobrecido” – ”Um estadista libanes no Planalto ”

    é um bom re-começo?

    1. A “besteira” da política pública de cotas/Ação Afirmativa nas universidades, segundo tua OPINIÃO, seria melhor classificar como N/A. Agora entendi o porquê de você não achar o eixo da questão. Nem vou pedir uma definição sobre “politicamente correto” para vc não citar aquele filosofo reacionário e lambe-botas da direita. Pondé deve ser o mestre de muitos que aqui escrevem rsrsrs

        1. E o que tudo isso tem a ver com a expressão “politicamente correto” como sendo algo de gente fanática ? Leia o Pondé e depois veja como alguns preferem uma boa viseira cinzenta. Ironia inútil.

          1. Conheço algo do Pondé, é que já fui ” vítima de fogo amigo” porque as vezes os comentários são interpretados de maneira completamente diferente da intenção inicial de quem os escreveu…no fundo perdemos tempo criticando pessoas com posicionamentos similares. Estamos do mesmo lado, com certeza.

    2. ” Posso não concordar, com uma palavra do que você fala. Más vou lutar até a morte , pelo direito de você continuar falando. ” . Depois não sabemos como chegamos em uma Ditadura.
      O Governo Petista plantou a semente, que iria lhe derrubar no futuro. Se eu sou dono da verdade, e posso excluir pessoas da faculdade que pesam diferentes de min, ao invés promover um debate , e vence-las em um debate. Eu também posso excluir do poder, políticos eleitos por pessoas ignorantes, que só votam pensando na barriga, vindas de Regiões onde só tem gente humildes e ignorantes.
      Não me surpreenderei, se daqui 5 anos, só vão passar no ENEM candidatos que coloquem na redação, “PT foi a maior Máfia do país” , ” Lula foi o maior gangstger” , ” A Lava-Jato limpou o país” , etc . As Universidades Brasileiras, não terão mais diversidade de pensamentos. Só terão o pensamento correto.
      O irônico , é que foi o PT, que criou a UNIVERSIDADE, sem diversidade.

      1. Não é possível entender de que PT você fala ? Nem o que você entende por “correto” ou “diversidade”. Boa tarde e bom WE.

        1. 1- PT (Partdido dos Trabalhadores)
          2- O meu entendimento sobre “correto e diversidade”, pode estar errado. Más ao ser censurado, o reconhecimento do erro nunca vai acontecer. Pois é através do debate que se chega a verdade, não através da censura.

          Sem perceber o Governo Petista criou um mecanismo, que vai ser usado para elitizar a Universidade. Impedindo o acesso de pobres, negros e nordestinos ao ensino superior.

          1. Valdeci, não censurei o que você disse. Não entendo qual foi o mecanismo criado pelo PT que estaria impedindo exatamente o que as cotas permitem? As cotas são sociais, raciais e regionais, cada Universidade estabelece suas especificidades. O governo Lula colocou negros, índios e pobres nas universidades. Então sou eu que não foi informada de um dispositivo impedindo as cotas. Mas aí deve ser política do Temer. Ou não estamos falando do mesmo assunto? Peço desculpas então.

          2. Não há diferença, entre um juíz que condena um réu só por não concordar com pensamento político dele, um promotor que só investiga quem discorda poltiicamente , e um professor que zera a prova e nem corrige porque discorda do aluno.

  7. Termina aqui.
    Não vai conseguir polêmica barata quem não segue o Principiozinho Primeiro do… n/a.
    Não Atribuir a outros teses que eles não defendem.

  8. Pessoal, alguns aqui estão apresentando problemas de “interpretação de textos”. O primeiro texto é de ironia pura. O segundo não é irônico, mas também não afirmou nada, sendo apenas uma leitura do que de fato ocorre. Mais calm, os inimigos são outros.

    1. Parece que a única pessoa que tem dificuldade em “interpretar textos” aqui é você mesmo. Tente ler de novo que você conseguirá entender além da ironia e da verdadeira questão de fundo. Muito simples.

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