O dia foi salpicado de manifestações ridículas da direita – e não só a bolsonarista – contra o sucesso do documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa, indicado ao Oscar em sua categoria.
E a primeira razão para que sejam ridículas é obvia: provavelmente não o assistiram, por conta de seu ódio ideológico.
Mas a crítica que fazem é mais estranha ainda: a de que o filme, mesmo sendo todo guiado e fotografado com imagens reais, seria “ficção”.
Não admitem, claro, que a “ficção” foi o processo de deposição de uma presidente eleita sem que tenha cometido crime de responsabilidade.
Ou o que se passou no Brasil não foi um “House of Cards” ao reverso?
O candidato derrotado que não se conforma com o insucesso eleitoral, desde o primeiro minuto.
Um corrupto messiânico que reúne a maioria fisiológica do parlamento.
Um juiz tornado onipotente pela mídia ao ponto e fazer tremerem os joelhos da Suprema Corte.
Um extremista respaldado por militares surgindo como “azarão” e atropelando todas as estruturas políticas do país.
Um atentado, nunca explicado, que o atinge e o transforma em mártir.
E ele vai buscar o juiz divino para ser seu xerife.
E reúne um bando de fâmulos, ignorantes, estapafúrdios, sob a batuta de um charlatão que bafora cachimbos e empunha rifles na Virgínia.
Tudo com um ex-policial que coleta propinas e lava dinheiro para a primeira-dama.
Desculpem, mas o roteiro de um filme de ficção, se a talentosa Petra Costa – não, a Academia de Hollywood não escolheu o seu filme por “petismo”, mas por técnica e criatividade – quiser, o argumento está prontinho.
Pena que será outro documentário.
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Ainda tenho esperanças que esse documentário de terror tenha no futuro um final feliz, com a vitória da DEMOCRACIA e a condenação dos bandidos, se não pela justiça, pela HISTÓRIA,
Haverá mais dezenas de "Democracia em Vertigem" e será pouco diante da grotesca cretinice do golpe.
Na verdade assistimos ao vivo uma série horrorosa derivada do golpe. Assutados e de cabelo em pé.
Enredo, horror, desgraça, traições selvagem fardadas e supremas, etc, etc.
E um país em desgraça como "the end".
Nassif...
https://www.youtube.com/watch?v=MD5C0yo8oMk&feature=emb_logo
Acabo de ler em um jornal do meu estado o RS um colunista dizendo que torce pro Brasil não ganhar o Oscar porque o filme não seria um documentário mas sim uma propaganda pró pt.
Comecei ver o filme meses atrás. Contraditoriamente o realismo, as cenas chocantes dos minios na rua, a acertada escolha do ponto se partida, a seleção de cenas e muito especialmente a força da narrativa fez eu parar no meio. A dor foi muito forte e foi uma dor que só é possível sentir quando a história e bem contada... agora é obrigatório engolir o choro e retornar a empreitada!
Que a arte nos ajude a reencontrar o caminho!!!!
O planeta é esférico e possui vida inteligente. Ficção é pensar que seja chato e habitado por bestas.
Dessa vez o Aroeira "zerou" na charge. E logo no começo do ano, vai pro Oscar do ano que vem.
O que deixa a escumalha furiosa é que essa é a versão filme da celebre fotografia com os milicos escondendo o rosto durante o julgamento de Dilma, esconderam-se por que sabiam estar do lado errado da historia, o mesmo sentimento abate esses crápulas.... estão eternizados como golpistas, fato sacramentado pela aceitação do filme e sua consagração, independente de ser laureado com o Oscar.....o filme os mostra em todo o seu esplendor golpista, sabujo, cretino, hipócrita......e o fazem com as próprias palavras.....
Infortunadamente,o Brasil,não acabou,nasceu morto.Se alguém ler o que afirmo,procure na memória,algum tempo bom.
Se não tão bom pelo menos de esperança: os anos de Lula e Dilma na Presidência desta República fictícia.
É clichê , mas, a "vida é a própria ARTE."
PQP !