O silêncio estridente das cadeiras vazias

Não foi  grande surpresa para ninguém, exceto para os organizadores e para os jornalistas estrangeiros, que Jair Bolsonaro tivesse refugado da entrevista coletiva oficialmente marcada e deixado vazias as cadeiras preparadas para ele e seu séquito no centro de imprensa do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça.

Nem que a justificativa tenha sido, oficialmente, a de que o cancelamento se dava pela “abordagem antiprofissional da imprensa”.

Os nomes dos motivos são vários: Flávio, Queiroz, Rio das Pedras, milícia, Marielle, Capitão Adriano…

E são um só: Bolsonaro não tem capacidade de argumentar, apenas de atacar.

Como não tem com o quê, teria de ficar na defesa.

Mas além daqueles, há outros: o fiasco de seu curtíssimo discurso, a reforma da Previdência da qual, sem se conhecer o que é, ele só sabe que não afetará os militares senão “numa segunda fase” (pausa para duvidar) e que confia ser aprovada por conta, apenas, do que julga serem os capachos parlamentares de seu governo.

Medidas econômicas? Nem pensar, isso é com o Paulo Guedes e, de Moro, já teve parte do que queria com o decreto das armas e com o silêncio sepulcral do ex-Savonarola Sérgio Moro, convertido à mudez.

A comunicação que interessa a Bolsonaro é a tosca, a sem contraditório, feita a veículos de comunicação dóceis como as suas TVs de estimação, aqui, a agências de notícias que só querem saber de anúncios de privatização e, claro, nas redes sociais, onde a fala é sempre curta e não questionada.

Escapar da imprensa, entretanto, é mil vezes mais fácil que escapar dos fatos . E, pior ainda, entregar-se de bandeja até a factóides.

Jair Bolsonaro deveria lembrar que só pôde atravessar calado a campanha porque um desequilibrado mental o atingiu a faca. Seu estado de saúde, providencialmente, serviu de motivo para não enfrentar as polêmicas e ficar como vítima.

No poder, não poderá fazer o mesmo sem ser desmanchado pela mídia.

Aumentar o fanatismo dos incondicionais não é o mesmo que aumentar o número de apoios.

As cadeiras vazias são, talvez, mais expressivas do que tudo o que tem dito em Davos.

 

Fernando Brito:

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  • Duas observações:

    1ª) O sétimo parágrafo eu escreveria assim:
    "Medidas econômicas? Nem pensar, isso é com o Paulo Guedes e, de Moro, já teve parte do que queria com o decreto das armas e com o silêncio sepulcral do ex-Torquemada Sérgio Moro, convertido à mudez e à nudez, já que foi despido das máscaras com que se apresentava desde a deflagração da Fraude a Jato e não consegue explicar os batons na cueca dele e nas do clã que ajudou a empoderar."

    2ª) O décimo parágrafo deve ser corrigido para:
    "Jair Bolsonaro deveria lembrar que só pôde atravessar calado a campanha porque ele e sua gangue de apoiadores simularam um atentado à faca, sendo seu estado de saúde, providencialmente, usado como álibi para que ele não participasse de debates com outros candidatos e e isso pudesse servir de motivo para não enfrentar as polêmicas e ficar como vítima."

  • Cadeiras vazias também são uma vergonha (quem não sabe que foi uma fuga?), mas muito menor do que seria a entrevista com essas figuras.

  • O pior é que teremos que conviver com essa nulidade e sua trupe, sabe-se lá até quando.
    O que a mídia grande (globo e folha) estão fazendo é dar uma "enquadrada" na turma do Bozo. E está conseguindo.
    Ela e o resto da turma do golpeachment não querem tirá-los do governo agora, porque em novas eleições não teriam chances. Só poderiam colocar o Mourão à força.
    Daqui a pouco, eles se "ajeitam", abafam o caso e o hospício volta a funcionar normalmente.
    Nós é que estamos fu...

    • E assim que faz um uma nação ,nesse mundo contrario,eu como presidente acho que tem poderes e capacidades entre ambos os lados,já que minha candidatura veio do Silêncio dos ambos.

    • Eu sou grato ao posto se ser olhado,e tambet perdido perdido pelo contrario,mas de todo coração eu estou facinado mas fragilizado pelo meu povo

  • Bolsonaro ficou bravo porque haviam credenciados jornalistas do mundo inteiro, não apenas os comprados do sbt e record onde pode mentir na cara dura !

  • Afinal, foram fazer o que a Davos? Esse povo não tem noção do ridículo?

  • Fazem uma coletiva para Bolsonaro e Moro em Davos e não levam o Boris Casoy. Então, cancela. Resultado esperado.

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