O tempo do improviso

Amanhã à noite se completa uma semana da decisão de intervir na segurança pública no Rio de Janeiro.

A ausência, até agora, de qualquer medida ou decisão concreta sobre a reorganização da máquina policial do Estado foi anunciada.

Uma ou outra ação de “presença” – se preferir chame de mídia – e mais nada.

Bastaria para mostrar o grau de improviso da politicagem da decisão.

O general Braga Netto, o interventor está preparando seu “pacote”, mas é justamente isso o que menos atenção tem nesta operação: criou-se foi a expectativa de uma “blitzkrieg” militar nas ruas da cidade.

Que, por todas as razões e, mais ainda, pela perda da surpresa, terá mínima eficácia, exceto a propagandística – aliás, a propaganda oficial entrou em marcha hoje, nos jornais, sem medir custos.

O “reequipamento da polícia”, que virou tema dos jornais de hoje é, claro, necessário, mas não é resposta na velocidade que se fez ansiar.

Se e quando houver o dinheiro – e não há – é processo que não leva menos de cinco meses para virar “viatura”.

A menos que sirvam para uma carreata de boca-de-urna para Michel Temer, não se encaixam no cronograma.

Tudo isso, certamente, não escapa ao interventor, que sabe que não pode dar espaços para que venham as pressões por “mais ação”.

Ainda que ele, nestes dias, seja a maior vítima da improvisação.

 

Fernando Brito:

View Comments (7)

  • a irresponsabilidade e o desespero nos governam já algum tempo e aqui e até as eleições, preparem-se, os golpistas não tem escrúpulos....e nem candidato
    tic tac tic tac

  • Concordo com Eduardo Barbosa. Algo me diz que tudo isso está entrelaçado com a America Latina. Para manter minha a desconfiança, PMDB passa a se chamar de MDB...

    • As conjecturas servem para nos deixar atentos. Mas não podemos por elas nos guiar, como tontos. Vamos reagir à realidade como ela se nos apresenta. Há uma boa chance de que o tigre do golpe seja de papel.

  • A História da República no Brasil nunca teve um período tão longo de governos civis como este último que durou de 1982 até agora.

    Improviso, uma ova!

    Até que demorou para acontecer mais uma Quartelada!

    Desta feita, nossos insuspeitos e honrados juízes e procuradores preparados pela CIA e bravos generais brasileiros que comandaram tropas no Timor e no Haiti sob orientação do Pentágono norteamericano, saíram do aquecimento para se apresentarem, respectivamente, na comissão de frente e no Abre Alas.
    E não foi na Sapucaí...
    A G.R.ES Unidos para o Golpe está apenas começando a desfilar.
    O resto é o que a História já vem registrando: processos de exceção, torturas psicológicas,, prisões ilegais, mortes, cassações etc.

  • Melhor assim. Melhor haver calma, delonga e prudência do que afogamento em decisões intempestivas. Aliás, o que deseja o Vampirão e seu séquito, com toda a certeza, são espetáculos midiáticos que lhe rendam holofotes e gordas manchetes. Para que alguma coisa de real proveito para o Rio emerja deste disparate, é necessário que se faça algum planejamento, mesmo a toque de caixa. Reestruturação da polícia, reequipamento de ponta, cursos de reeducação dos que não mereçam ser afastados sumariamente, toda prioridade à corregedoria e à inteligência tendo ao fim o objetivo de fazer uma polícia do nível de qualquer capital europeia. Sem ajuda do FBI, claro. Isso custa dinheiro? Então que se passe ao General o dinheiro que o Temer está gastando em sua infame propaganda.

    • Sinceramente, esse tipo de trabalho bem estruturado de planejamento de longo-prazo, na reordenação das forças policiais de um estado não tem como vir, por melhor intencionado que seja, de um quadro militar federal.

      Somente a gestão estadual (desde que não envolvida em mutretas e falida até o pescoço), munida de sua própria experiência de longa data na área, pode garantir que algo efetivamente duradouro aconteça.

      Senão, vejamos: A Corregedoria pode ser priorizada, mas, de fato ela será independente? Com quadros concursados próprios e não subordinados à PM? E digo isso para todos os estados da federação, na verdade.

      E a inteligência? Por mais bem aparelhada que seja, a Polícia Civil não pode mais ser uma polícia de flagrantes, como vem se tornando.

      Já é difícil seguir no rastro de um caso, sem dinheiro para fazer estudos científicos, de cena do crime e cruzar informações em um banco de dados decente e unificado, mais difícil ainda é quando não há uma prioridade interna, para especialidades de investigação forense. Que o diga o descaso de parte da Civil com os Institutos Carlos Éboli e de pesquisa Genética (ICCE e IPPGF).

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