Sinal verde para aumentar o valor da Bandeira Vermelha-2, o mais pesado sobrepreço imposto às contas de energia elétrica para coibir o consumo em tempos de crise hídrica.
Foi o que fez, hoje, Paulo Guedes, ao dizer que “não adianta ficar sentado chorando” e que ” a bandeira vai subir”, falando no Senado.
E isso pode ocorrer já na semana que vem, em reunião da Agência Nacional de Energia Elétrica.
Ficamos assim: em julho a base de cálculo da sobretaxa passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 por cada 100 quilowatt-hora de consumo; em agosto, quando estava prevista a elevação para R$ 11, o reajuste foi suspenso para não comprometer ainda mais a pesada taxa de inflação do mês e, em setembro, deve passar para algum valor entre R$ 13 e R$ 15 e alguns falam em mais.
O suficiente para dar à inflação de setembro outra taxa na casa de 1% e fazer a taxa acumulada em 12 meses chegar ao número “mágico” de 10%, os tais “dois dígitos”. E o INPC, que impacta diretamente as contas públicas, talvez a 11%.
E não há para onde correr, porque o consumo vai aumentar – e já aumentou neste início de agosto – por conta da elevação das temperaturas. Nos últimos três dias, gastaram-se 0,8% dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro Oeste, um ritmo que poderia fazer-nos perder perto de 8% em um mês da acumulação de energia,
Para quem tem 22,5% de reservas, é fatal, porque começa a jogar o parque elétrico numa situação em que, para gerar a mesma energia, por conta da queda do nível dos reservatórios, precisa-se de maior volume d’água.
E água não vem. Ano passado, a energia afluente pelos rios do Sudeste era de 83% da média histórica; agora é de 61% e vai terminar o mês na casa dos 57%.
Mesmo que, improvavelmente, consigamos chegar a dezembro sem interrupções no abastecimento, embora por conta de um castigo ao bolso, 2022 será ainda pior, porque iniciaremos o ano muito abaixo do que começamos 2021 e, por isso, não vai ser possível, a não ser por uma imensa irresponsabilidade, aliviar o preço da energia.
Ao contrário: geradoras e distribuidoras vão forçar a devolução dos prejuízos que estão tendo hoje, mesmo com as tarifas majoradas.