Operação ditabranda a todo vapor

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São todos muito espertos, muito astutos, muito inteligentes. Os donos do dinheiro sabem escolher a dedo aqueles que merecem espaço em seus jornais.

Alguns são tão espertos que é possível ler seus textos de duas maneiras. Aqueles que são contra a ditadura, lêem-nos como uma crítica a ditadura. Os que são a favor da ditadura, lêem como um elogio à mesma.

É preciso tirar o chapéu. Eles merecem os altos salários que ganham!

Todos eles tomam extremo cuidado, naturalmente, quando falam do golpe. Ninguém quer se contra a democracia. Não queriam nem em 1964, tanto é que deram o golpe em nome da “democracia”!

Mas a sensação que eu tenho é de que se deflagrou uma verdadeira “operação ditabranda”, na qual os escribas da mídia fazem um joguinho sujo: tentam relativizar a ditadura.

Primeiro foi o Jabor, dizendo que o golpe de 64 foi uma “porrada necessária”.

Depois veio Elio Gaspari, com um discurso um pouco mais disfarçado, porém conseguindo, com incrível eficácia, enfiar uma associação de Dilma com a ditadura.

Gaspari é mestre na técnica de dar um significado duplo ao texto: pode-se ler o texto da esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda.

Por exemplo, ele escreve que “hoje as duas visões sobrevivem e no ano passado a doutora Dilma flertou com uma Constituinte exclusiva com adereços plebiscitários”.

Adereços plebiscitários?

O dispositivo do plebiscito está na Constituição e deveria ser mais usado. É a voz do povo. Volto a tirar o chapéu para Gaspari: a expressão “adereço plebiscitário” aplica, de forma brilhante, a técnica de transformar democracia em golpe e golpe em democracia.

Nesta sexta-feira, a Folha publica um artigo de Carlos Chagas (que é pai da Helena Chagas, ex-Secom, mas prefiro acreditar que isso não quer dizer nada) que me pareceu um exemplo magnífico de astúcia.

É um artigo tão inteligente! O título é tipicamente “ditabranda”: Não foi bem assim como dizem hoje. Mas até aí tudo bem. Nada é bem assim como dizem hoje. É um raciocínio coringa, que pode ter qualquer sentido.

Chagas vai criticando a ditadura, elogiando a democracia, até que encerra com uma pirueta bizarra, fazendo um elogio babão e “patriótico” ao golpe:

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O mundo não está dividido entre mocinhos e bandidos? Ah, o Homer Simpson vai adorar ler isso! Os militares “contribuíram para esse verdadeiro milagre que é a preservação da unidade nacional”.

Permitam-me uma manifestação bem vulgar: ?????????????????

O que isso quer dizer?

Isso me lembra muito um rapaz bobinho que eu conheci uma vez, que veio com o papo de que “Hitler” construiu muitos trens. Ele não era exatamente um rapaz de “direita”. Não tinha ideologia nenhuma. Era um programador que tinha lido “Minha Luta”, do Hitler, e achado “legal”. Depois procurou alguns textos elogiosos ao ditador alemão e engoliu.

Ainda na sexta-feira, outro colunista da Folha, Reinaldo Azevedo, completa o show. Azevedo tem seu estilo próprio, de macaco numa loja de cristais. Não tem sutileza nenhuma. Mas dá conta do recado. Ele encerra o texto chamando Goulart de “golpista incompetente”.

Ora, se Goulart era “golpista”, então os que o derrubaram eram “democratas”.

Pelo jeito, teremos que esperar mais cinquenta anos para que a ditadura não seja relativizada.

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21 respostas

  1. abaixo é o vídeo que Zé detonou outro Zé na eleição passada mostrando que esse fugiu de covarde, pois dita era absolutamente branda. Até Genuino já reconheceu que na Gloriosa se tinha justiça, tanto que foi julgado e condenado com provas e cumpriu sua pena sem fazer qualquer escândalo na mídia.

    http://www.youtube.com/watch?v=9zybVHuMUcI

    1. Vai dar tuas marradas na quiuspa! Sai prá lá bode preto – na macumba é símbolo do cão. Genoíno reconhecer que tinha justiça na época? Nem que a vaca tussa. E você, chifrudo de barbicha, acha também que tinha? Parece que bebeu!

  2. Este malfado Ricardo Azevedo ganha dinheiro da “FOIA” pra falar mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmddddddmdmddmmmm;

  3. Gaspari se superou. Adereços plebiscitários? Aquele que dá voz ao povo A voz do povo não representaria o exercício da vontade democrática? Ou para o Gaspari a voz do povo só serve para cantar o refrão na escola de samba? Então, tá. E o que dizer do adereço midiático, o BV, dinheiro público jogado no lixo? Foi inventado e implantado pelos próprios interessados. Quer mamata maior do que essa? E dá corda para os golpistas de sempre. A ditadura foi um fato execrável, uma das piores manchas de nossa história. Não dá para disfarçar. Nem para apagar.

    1. Consulta – Plebiscito e Referendo – ao povo é golpe.
      Gaspari pau mandado dos 1% tem ódio de povo.
      Gosta do cheiro de cavalo.
      A canalha que idealizou o golpe continua aí, livre, leve e solta conspirando. O PiG e seus paus mandados: a saúva do Brasil.

  4. “Pelo jeito, teremos que esperar mais cinquenta anos para que a ditadura não seja relativizada”.
    Sei não, pelos jornalistas que andam escrevendo no PIG, descontando algumas exceções, tenho a impressão que daqui a cinquenta anos teremos feriado nacional para comemorar a ditadura, gente colocando flores em túmulo de “gorila”…
    Pulitzer:
    “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”

  5. Resumindo Jabor: Uma ideia tucana na cabeça, um MacBook Air no colo e uma merda publicada no Estadão.

  6. O que o Carlos Chagas quis dizer é que o objetivo dos Estados Unidos, na época, era dividir o Brasil pelo menos em dois países menores. Um objetivo claramente geopolítico. Isto foi dado a conhecer recentemente. O projeto teria sido aprovado pela Casa Branca ao tempo em que negociava com os golpistas brasileiros a queda de Jango. Uma forte esquadra estava a caminho do Brasil para apoiar a parte golpista contra uma possível outra parte legalista. Sob esta visão de Chagas, uma intervenção americana viria de qualquer maneira(e até teria sido bem melhor para os objetivos americanos que tivesse acontecido uma guerra civil, o que facilitaria a divisão do país), mas isto foi evitado, segundo ainda esta visão, pela condução do processo através das Forças Armadas, o que teria permitido a mudança de governo com poucos traumas extra-políticos naquele primeiro momento. Só que Chagas esquece que, por esta mesma ótica, os responsáveis pela manutenção da unidade nacional não teriam sido os militares. O responsável seria inegavelmente o próprio presidente João Goulart, que instado por forças reais à resistência contra o golpe, repeliu esta possibilidade e preferiu deixar o poder pacificamente, expressando que o fazia exatamente para evitar o derramamento de sangue.

  7. Não consigo entender como uma pessoa que viveu e respirou os ares da DITADURA VIROU ministra da comunicação do GOVERNO DILMA!

    Não é sra. Chagas… não é sr. Chagas???

  8. É exatamente na mídia monopolizada que encontramos os maiores simpatizantes do golpe de estado. Qual golpe? Qualquer golpe, pois eles morrem na boleira pra ver quem apoiou primeiro. Só que a coisa desanda de vez em quando como na Venezuela em 2002. Um vexame da globo de lá.

  9. Hoje também, na Globo News o Cony falou que o Lado ”positivo” foi o desenvolvimento que os militares trouxe para o Brasil.

  10. Meu Deus. Estamos fritos. E depois de ler isso, lembrei porque parei de ler a Folha, lá por 1995: essa dicotomia esquizóide inflou naquela época, explodiu e eles adotaram um sociólogo como filho. Não são bobos, não. Manipulação é um exercício de inteligência, pr enos que eu queira elogiar esses Maquiavéis da Mooca.

  11. se fala muito que os militares deram o golpe para combater
    o comunismo penso eu que seria munto melhor termos uma ditadura comunista do que essa que tivermos deixou o pais com meia duzia de
    milionários e o resto sem saudê sem segurança sem educação
    todas essas mazelas que vemos hoje foi herança da ditadura
    deixaram o pais endividado desemprego enorme a nossa salvação
    foi um metalúrgico
    se esse pais tivesse se transformado em comunista hoje seriamos
    uma grande potencia como a china e russia

  12. O problema dos representantes da esquerda que elegemos para exercer o poder maior no Brasil é que não querem combater o inimigo, querem ser aceitos pelo inimigo. Só isso explica o eterno não reagir e a global Helena Chagas, filha do Carlos Chagas, três anos na Secom alimentando a mídia famigliar para dar maiores pancadas no governo. Deve ser a síndrome de Estocolmo ou inovando “verdeamarelamente”, a síndrome do Tico-Tico no fubá.

  13. A GRANDE VERDADE É QUE OS DELINQUENTES DA PRIVATARIA ,NA DÉCADA DE NOVENTA DO SÉCULO PASSADO NO BRASIL, FORAM MAIS NOCIVOS À NAÇÃO QUE OS MILITARES DA DITADURA. PELO MENOS ELES FORAM MAIS NACIONALISTAS.

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