Os falsos mitos sobre o comércio exterior brasileiro

Os jornais hoje dão destaque ao déficit de outubro, de US$ 1,8 bilhão. É um déficit pequeno, causado pelas importações de petróleo. No ano, o saldo deve ficar no positivo, e nos próximos anos, conforme aumentar a produção nacional de combustível, isso deve ser revertido a nosso favor. O petróleo deixará de ser fator de déficit para um fator de superávit.

Sobre o assunto, reproduzo trecho de um post recente meu, lá no Cafezinho.

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O destaque que os jornais dão ao déficit da balança comercial produzem um sentimento negativo na cabeça do leitor, que corresponde a uma interpretação equivocada da realidade. O aumento da importação é uma consequência natural, necessária e inevitável do aumento do poder aquisitivo da população e das empresas. Não há sentido em pintar este fato com tintas negras de uma crise econômica, quando representa exatamente o contrário.

A busca de superávits, naturalmente, é salutar. No caso do Brasil, durante muitos anos, a busca de superávits na balança comercial era uma condição desesperada para o crescimento, em virtude do nosso enorme passivo externo. Endividado no exterior, sem acesso ao crédito internacional, o Brasil precisava produzir enormes superávits externos para assegurar ao mercado que tinha condição de quitar seus débitos.

Não é o caso agora.

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Não temos mais dívida externa líquida. Ao contrário, o Brasil hoje dispõe de uma das maiores reservas mundiais de crédito externo. O gráfico acima mostra uma inversão total do quadro que vivíamos até alguns anos atrás.

Os déficits em nossa balança comercial são mínimos e sazonais; ainda mantemos superávits constantes nos acumulados de 12 meses. Nos últimos 12 meses até setembro, por exemplo, o superávit foi de 2 bilhões de dólares. É muito menor do que o registrado no ano anterior, mas não por queda nas exportações, e sim por causa do aumento das importações.

Uma das confusões que a imprensa de oposição faz na cabeça do leitor, quando confere tanto destaque aos déficits na balança comercial, é passar a impressão de que as exportações brasileiras caíram. Ele vê o número negativo, em vermelho, e pensa assim. E pensa assim porque era o objetivo da imprensa distorcer a verdade.

Entretanto, nos últimos dois anos, o Brasil exportou um total de 369 bilhões de dólares. Foram os melhores dois anos da história do comércio exterior brasileiro, mesmo (e principalmente!) se fizermos a correção monetária e cambial.

 

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A participação das vendas externas do Brasil na exportação mundial vem crescendo sistematicamente nos últimos 10 anos. Em 2003, as exportações brasileiras correspondiam a somente 0,99% das exportações globais; este valor saltou para 1,36% em 2012, segunda melhor performance em mais de dez anos, só abaixo do registrado em 2011, quando chegou a 1,43%.

Entretanto, não podemos nos deixar enganar. Importar é bom. Os países mais desenvolvidos do mundo também são os maiores importadores.

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Se o Brasil está importando mais é sinal de vitalidade econômica e maior poder aquisitivo da população. Desde que o aumento da importação não se dê paralelamente a um processo de desconcentração de renda, é uma tendência saudável. Já houve países, como a Venezuela, no período pré-Chávez, em que a importação aumentou durante um período porque sua elite estava consumindo grandes quantidades de uísque importado. Não tenho nada contra uísque importado, muito pelo contrário, mas não é isso que está acontecendo no Brasil. O principal item na pauta das importações brasileiras é “Bens de Capital”, ou seja, maquinários industriais, o que sugere, mais uma vez, vitalidade econômica. No acumulado do ano (Jan/Set 13), o Brasil importou US$ 38,55 bilhões em bens de capital, aumento de 6,5% sobre o ano anterior.

Outro fator que tem pesado muito em nossa pauta das importações são os derivados de petróleo, o que igualmente corresponde à intensidade da atividade econômica; com a entrada em produção de novos poços, inclusive do pré-sal, já a partir de 2014, o petróleo tende a se tornar cada vez mais um item em favor de nossa balança comercial.

 

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Outro mito que tem sido largamente propagado, inclusive no campo da esquerda, é que o Brasil estaria caminhando para se tornar novamente um exportador de produtos primários. Não é verdade.

É verdade, sim, que temos as maiores jazidas de ferro do mundo, e que a produção nacional de grãos, sobretudo soja, explodiu nos últimos anos. Esses dois itens passaram a “pesar” mais na pauta das exportações, inflando a participação dos produtos básicos.

Mas o Brasil jamais deixou de exportar produtos industrializados, e as exportações destes não parou de crescer.  Registraram um baque em 2009, por causa da profunda crise financeira vivida no mundo em 2008, mas já se recuperaram. E triplicaram nos últimos 12 anos. Em 2001, o Brasil exportou US$ 32,9 bilhões em produtos manufaturados e US$ 8,23 bilhões em semimanufaturados. Em 2012, exportamos US$ 90,7 bilhões em manufaturados e US$ 30,0 bilhões em semimanufaturados.

Tão importante quanto, o Brasil diversificou suas vendas de manufaturados para um leque muito maior de compradores, com ênfase na América Latina, que paga os melhores preços.

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Outra estatística a qual devemos prestar atenção é a evolução da corrente de comércio, que soma exportação e importação.  Ela é o principal indicador da vitalidade do comércio exterior de um país. Neste quesito, o primeiro semestre de 2013 foi o melhor da nossa história, totalizando US$ 231,94 bilhões. E as importações propriamente ditas também foram recordes em Jan/Jun 2013, atingindo US$ 117,5 bilhões.

Não podemos esquecer uma coisa fundamental. Considerando apenas o comércio exterior em si, e não as atividades produtivas que o antecedem, a importação gera bem mais impostos que a exportação. Quando um rico compra o seu uísque importado, portanto, está bancando educação, saúde, construção de pontes  e sistemas de esgoto.

 

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16 respostas

  1. Royalties para o Dines. ” Lendo o blog Tijolaço , você nunca mais lerá jornais do mesmo jeito , novamente” …

  2. Ora sr. Britto.Os defensores das teses BANQUISTAS,ou seja,defensores dos agiotas que querem transformar os tesouros dos países,em gerentes da usura,que outrora calavam quando se dizia ser o Estado,mero gerente dos negócios das classes dominantes,hoje erradamente denominados NewsLiberais,mas continuam somente liberais,subtraindo-se dai,os Keynesianos de carteirinha,hoje se deparam com o que julgam serem politicas de Estado,não tão adquadas aos interêsses daquelas classes,posto que quanto maior for a intervenção do Estado,na economia,mais perto chegaremos à ECONOMIA PLANIFICADA,que é o que mais temem.Puro sofisma doutrinário,dos coadjuvantes da USURA!

  3. Parabéns ao Fernando Brito por continuar fazendo um trabalho sério de análise baseada em números concretos, destrinchando as estatísticas para que o cidadão médio possa entender, e desmistificando as mentiras da direita brasileira, que quebrou o país três vezes e não tem a coragem de reconhecer o quanto o governo do PT vem fazendo o país avançar, em todos os campos.

    Números não são uma “bobagem”. Números são muito importantes para fazer a verdade prevalecer sobre os “achismos” deturpados por certas ideologias.

    É bom saber que as exportações de produtos manufaturados do Brasil atualmente são bem maiores do que eram em 2002/2003. Isso joga por terra uma série de mitos.

  4. Cansei de tentar usar essa matéria para confrontar falácias da oposição mas a mesma tava bloqueada…

  5. Lamentavelmente o povo ainda é refém de uma imprensa adestradora, elitista, irresponsável, anti-Brasil, sem pátria(porque sua pátria é o dinheiro), desrespeitosa que ao mesmo tempo muitas instituições públicas prestam um desserviço ao povo quando deveriam ser guardiãs da democracia e prestarem bons serviços ao mesmo povo!!! Casos como o mensalão, tão propagado por ser um tema que causa desgaste no meio do povo, batido todos os dias acabou causando na memória do povo uma indignação ao PT pelo fato de a imprensa com conluio de órgãos públicos federais manipularem e distorcerem os fatos. Mas o PT não foi criado em departamentos ou criado por meia dúzia de elitista, teve origem no povo e com convicção, com paciência, com certeza de que o estardalhaço seria percebido com o tempo pelo povo como sendo uma retaliação ao PT e que as políticas implantadas eram na contramão do denuncismo e aos poucos as forças iam se revigorando e para contrariedade dos direitosos estamos em pé, na luta pelo país e mostrando ao povo que essa imprensa tem um lado, o lado do interesse, o lado de estar a serviço dos americanos e outros de fora e não a serviço do país! Caso ilustrativo de adestramento foi os 20 milhões de votos da Marina que aos poucos com um trabalho sério e responsável de blogueiros e militantes sociais o povo começa a perceber o jogo da imprensa e volta a acreditar em quem ela confiava!! Mas a luta é árdua, a direita está 48 horas de plantão para enganar, não vai parar e os esforços no campo da esquerda tem que ser de ação responsável, digo esquerda, aquela responsável e não a esquerda de discurso, que pende tanto para a esquerda que verga e fecha um coraçãozinho com a extrema direita de tanto envergarem!!! Parabéns aos blogueiros que prestam um serviço responsável ao Brasil, ao povo brasileiro!!! Bela matéria, boas informações!!! Vida Longa a esses blogueiros responsáveis e muita Luta pela democratização da mídia no país!!!!

  6. É fato que não tomamos conhecimento de tais resultados expostos na matéria, mesmo por que a mídia tradicional não tem interesse em divulgar o que é bom para o país. Seria necessário que a equipe econômica do governo, que pode usar os meios televisivos, os divulgasse, não deixando apenas quando há uma crise maior.
    hoje, a internet é o nosso meio mais fácil de conhecimento, mais não alcança o público em sua forma geral.
    Fala-se muito dos problemas do país, mas não reconhecem que o povo, em sua grande maioria, está feliz:
    Salários em alta, desemprego em baixa, inflação sob controle(esta bombardeada pela velha mídia) e assim por diante.
    Em 2014 continuaremos, com certeza, com essa proposta PROGRESSISTA de governo.

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