Os generais que o governo não tem

Começa hoje o espetáculo tragicômico da reforma da Previdência, chave mestra da continuidade de um governo que, em menos de dois meses, se não perdeu toda a popularidade de seu chefe, perdeu toda a credibilidade com os setores que, em dias recentes, achava que ele poderia ser enquadrado em algum grau de normalidade.

E a referência recente para saber de seu sucesso ou insucesso nesta empreitada – para ele vital –  é o que tivemos, há dois anos. com a frustrada “tentativa Temer” na área, à qual, aliás, em quase tudo a de Bolsonaro, pelo que se sabe, parece, quando não agrava.

Se o “pacote de maldades” do presidente golpista tinha absurdos inviáveis, como o dos 49 anos de contribuição para ter o benefício integral, o do persidente recluso também os têm, como a ideia estapafúrdia de pagar benefícios muito menores que o mínimo, como revela hoje O Globo:

As regras dos benefícios assistenciais — pago a idosos e deficientes da baixa renda — também foram alteradas pelo governo. Segundo fontes a par das discussões, o auxílio começará a ser pago aos 60 anos, no valor de R$ 400, e passará a ser equivalente ao salário mínimo aos 70 anos. Antes, a proposta era pagar R$ 500 a partir dos 55 anos.

Aliás, a ânsia de mostrar que a reforma “atinge todo mundo” traz implícita a questão de, portanto, desagradar a todos.

Pode-se argumentar que este Congresso é “diferente”, dada a renovação dos eleitos. Bobagem: mudaram os nomes, permaneceram a falta de qualidade política e, sobretudo, a falta de espírito público, agora salpicada por alguns Frotas, Kins e “major isso e coronel aquilo”.

A diferença está no fato de não existirem operadores políticos para conduzir a proposta do Governo. Temer tinha, no Palácio e na Câmara, um verdadeiro exército de personagens aptos a falar a língua dos ratos e a dar nó em pingos d’água suja.

Seu líder na Câmara, um certo Major Vitor Hugo, é tratado na casa como um molambo. O chefe (chefe?) da Casa Civil (civil?), Ônyx Lorenzoni, nunca foi um articulador e, se fosse uma loja online, estaria arruinado no Procon por não entregar o que vende.

Procurem com uma lupa e vejam se há algum interlocutor político razoável no Governo.

O governo pode estar cheio de generais na sua composição ministerial. Mas, na política, só tem soldado raso.

Fernando Brito:

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  • Seu líder na Câmara, um certo Major Vitor Hugo, é tratado na casa como um molambo. O chefe (chefe?) da Casa Civil (civil?), Ônyx Lorenzoni, nunca foi um articulador e, se fosse uma loja online, estaria arruinado no Procon por não entregar o que vende.

    Ráaaaaaaaaaaaaa
    impressiona que o traste, depois de quase 30 anos , não parendeu nada

    • O traste está meio perdido, mas ele sabe o que quer: ferrar o povo, entregar as riquezas, fazer uma guerra com a Venezuela para dispersar a opinião.
      30 anos viveu com o que há de mais reacionário, militou com eles, fez parte deles.
      Só se reúne com governos de direita.
      E a esquerda está perdida, republicana.
      Ele sabe muito bem o que quer.

      • ele pode até saber o que quer
        mas daí saber como conseguir são outros 500

    • Desde quando uma mula sem cabeça consegue aprender alguma coisa?

  • Nessa briga filhos x milicos eu torço para os filhos. Essa milicada GOLPISTA não foi eleita pra NADA.
    Torço para os filhos porque quero mais que esse governo se EXPLODA e tenhamos uma chance de volta da democracia.
    Essa milicada pretende ficar mais 21 anos, pra terminar a destruição do país que começaram em 64.

    • Bem lembrado! Temos de bater nessa tecla, ruim com a famiglia, muito pior com os milicos. Ao menos a famiglia sai em 2022...

  • E precisa mais do que os generais pra "negociar", com Moro por trás ?
    Há um fator nessa história que não se pode esquecer: os EUA. Eles não deram o golpe e ajudaram a eleger Bolsonaro e os filhos, pra não verem atendidos seus interesses. E esses interesses é que vão destruir esse governo, com ou sem o Coiso.

    • Exato. Vai ter coação, pressão, chantag....... Deixa pra lá! É melhor nem pensar.

  • É inadmissível uma reforma da previdência, que vai impactar de forma profunda TODA a sociedade brasileira, ser elaborada apenas por pessoas ligadas à área econômica. De repente, os impactos sociais de uma reforma vista só sob o aspecto financeiro acabe trazendo mais prejuízos do que vantagens.
    Uma reforma da previdência só terá validade se for aprovada por TODOS os setores da sociedade envolvida.
    Por que a sociedade não exige isso?

    • Porque a mídia, comprometida até o talo com os rentistas, se encarregou de doutrinar a sociedade para esta não reagir.

  • Vão destruir a aposentadoria do povo brasileiro para que a classe média, buscando alguma proteção na velhice, seja obrigada a despejar bilhões e bilhões de reais dentro dos bolsos dos rentistas cujo apetite é insaciável, aumentando uma despesa familiar que já está insuportável com o pagamento dos planos de saúde. O povão vai ficar como esteve desde quinhentos anos: aos Deus dará.

    • E a classe média idem, afinal, quem confia em previdência privada de banco? Eu não!

      • É isso mesmo. Se banco fosse confiável Collor nunca teria conseguido passar a mão na poupança do povo.

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