A reportagem do Fantástico na noite deste domingo mostra como se compra, livremente, quantidades imensas do tal “kit covid” que, criminosamente, o Governo brasileiro e o Conselho Federal de Medicina estimulam, ainda que contra todas as associações médicas e organizações sanitárias mundiais.
Sem receita e até em “promoções” nas farmácias, é possível entupir-se de overdoses das drogas que se sabe que, em alguns casos, irão provocar graves danos à saúde.
As vendas de cloroquina e ivermectina dobram ou quintuplicam.
Mas as pessoas idiotizadas pelos que pregam este “tratamento precoce” testemunham o seu sucesso e fazem com que outras sigam o mesmo charlatanismo.
“Tomei cloroquina e ivermectina e fiquei bom”.
Se tivesse tomado água pura também teria ficado, porque a letalidade da doença é de 2,5% no Brasil. Ou seja, de 100 pessoas que contraem o vírus, 97 se recuperam.
É verdade que estes 2,5% de vítimas fatais são muitos, porque os infectados são 13 milhões e os mortos 312 mil até hoje.
E também é verdade que entre os que tomam remédios fuleiros, menos de 1% terão os efeitos colaterais degradantes que estão levando à morte ou a crises cardíacas, hepáticas ou renais.
Mas como os que recebem estas drogas são centenas de milhares, milhares estes serão.
O presidente da República, o Conselho Federal de Medicina bolsonarista e uma enorme quantidade de médicos que adotaram o fundamentalismo como regra terapêutica agem como “Jim Jones” desta insensatez.
Quando sairmos desta tragédia, será inevitável que as responsabilidades sejam apuradas.
Não para aqueles que acreditaram na mentira evidente, mas para os que a propagaram e, sobretudo, para os que a avalizaram com sua autoridade profissional.