Para Dilma, sobre Jango

jango

Um pouco de leitura nestes dias de Carnaval, levaram-me ao livro “Reformas de Base e a Política Nacionalista de Desenvolvimento”,escrito pelo admirado e saudoso amigo Cibilis Vianna.

Economista, mineiro e radicado no Rio grande do Sul (tal como Dilma) até estabelecer-se no Rio, como um dos principais auxiliares – e melhores amigos – de Leonel Brizola, Cibilis foi das pessoas mais coerentes com suas ideias que já conheci e, como você vai ler, resume de forma mais que atual os dilemas vividos por João Goulart após tomar posse, em 1961, enfraquecido pelo “quase-golpe” ocorrido com a renúncia de Jânio Quadros e a instauração do parlamentarismo.

É tão claro que  quase dispensa comentários:

“A crise que se instalara na sociedade brasileira não era de caráter conjuntural, mas atingia a própria estrutura política e social. O Poder Executivo estava tolhido, não dispunha de poderes para agir com rapidez no campo econômico e não conseguia obtê-los pela via legislativa. (…) A composição do Congresso era conservadora, em sua maioria, e não aceitava alterações no status-quo.’

“Superar a crise financeira, fazer retroceder a inflação e equilibrar as contas públicas, tudo isso seria possível realizar pelo caminho mais fácil, menos inteligente, recomendado pela ortodoxia conservadora: bastava conter os salários, restringir o crédito, eliminar os subsídios e as transferências, reduzir os investimentos públicos.  Isso, porém, significaria transferir para os assalariados o ônus da solução, levar à bancarrota inúmeras pequenas e médias empresas, reduzir a demanda, fazer decair a taxa de investimento, restringir o mercado de trabalho; enfim, estancar o nível da atividade econômica em geral”

Tal política foi adotada a partir de abril de 1964, com os resultados e efeitos apontados (antes); não poderia, no entanto, ser posta em prática por um governo popular e nacionalista, vale dizer, pelo trabalhismo”.

Como se vê, em mais de 50 anos, o receituário ortodoxo para as crises econômicas não mudou, muito embora jamais tenha dado certo no longo prazo, malgrado seja, como escreveu Cibilis, o caminho mais fácil, imediato e….desastroso adiante.

É evidente que não se quer dizer que ambas as situações sejam a mesma coisa: as pressões financeiras àquele tempo eram menores do que hoje e o tamanho da sociedade de consumo, menor.

Mas o governo apontou, com as reformas de base, para onde queria caminhar.

E pagou, com sua queda, menos por isso do que pagou por suas vacilações políticas, embora estivéssemos numa época de golpes, Guerra Fria e crônica insubordinação militar ao poder civil democrático, muito diferente da de hoje.

Mas é preciso que o Governo – que malbaratou em pouco tempo a força da legitimidade que as urnas lhe deram – tenha claro que é preciso que a população ao menos entenda a razão de sacrifícios momentâneos e perceba que não são todos para ela.

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15 respostas

  1. Sr.Britto.A historia recente demonstrou,mau-grado de muitos,inclusive eu,que para fazer-se mudanças extruturais na sociedade ” Democratica “,não bastam exortações de homens como o aludido senhor,embora concordemos com ele no diagnóstico,sem ter-se ” FORÇA “,somente concedida PELAS ARMAS.Para tais tarefas,somente A REVOLUÇÃO,conceito pouco mencionado pela quase maioria do que se lê,certamente por covardia que produz ” MEDOS “,este mau conselheiro,jamais chegaremos lá.O resto é BASÓFIA INTELECTUAL.O que se constata,infortunadamente,de umas décadas até nossos dias,é um velho conselho dado através de seus agentes,pela classe dominante,que consiste num ” ADEUS ÀS ARMAS “!Para o povo,naturalmente.

  2. Não é possível entender: as situações políticas e econômicas são recorrentes e os erros se repetem. Devem haver outras explicações que tornem mais compreensível o medo de acabar com os privilégios e enfrentar os que agem para manter as desigualdades.

  3. Sr. Fernando Brito, faça mais um grande feito pelo Brasil… descubra a LISTA DO HSBC e divulgue, nós, verdadeiramente brasileiros honestos, agradeceremos eternamente!!!!

  4. e a elite alguma vez trabalhou,eles detêm o poder econômico,por isso eles mandam e desmandam com o apoio dos nossos Ilibados Juízes e o PIG.O que se tem a fazer,é derrubar essa parede intransponível até aqui.A luta vai ser dura só temos o povo,que é a nossa melhor arma.

  5. o maior eleitor da dilma foi aécio; o governo tem que tomar o rumo mais de acordo com seus eleitores.

  6. Fernado, desculpa minha insistência mas seu texto é incoerente. Até o momento você não disse quais foram as medidas de austeridade. Lembra-se, cobrei que você voltasse atrás na defesa do indefensável corte dos direitos trabalhistas. Você não o fez. Como agora quer cobrar do governo sobre aquilo que você ainda não reconheceu que ele tenha feito. Está faltando um post seu antes do acima.

  7. Concordo com Fernando Brito e com o ex-assessor de Brizola Cibilis Vianna. Dilma errou em lascar um ajuste fiscal meia boca pra cima dos trabalhadores, cortando direitos sim, quando acabara de sair de uma campanha na qual dizia, como ponto principal, que não mexeria nos direitos dos trabalhadores. Piorar a situação de pensionistas e do seguro desemprego é mexer em direitos dos de baixo.

    Se tivesse começado a cortar por cima, ou pra cima dos sonegadores, além de cobrar impostos dos mais ricos, todos os que a elegeram estariam nas ruas defendendo o governo. E se tivesse que mexer alguma coisa no campo trabalhista, deveria primeiro convocar as centrais sindicais e os trabalhadores para um diálogo aberto, expondo os pontos de vista do governo e buscando sugestões.

    É assim que o governo construirá consensos em torno de suas propostas. Sobretudo consenso entre a maioria pobre do povo brasileiro, já que a elite dominante, mesmo que seja contra, não conta, pois foi favorecida ao longo dos últimos 500 anos.

  8. Eu tenho bastante informações nos bairros periféricos de minha cidade e é duro constatar que as pessoas mais humildes e beneficiadas pelos programas sociais do governo PT, gente que votou em Lula e Dilma, portanto eleitores de deram a vitória para essa senhora, começam a falar mal de Dilma, chamando-a de ladra e outras coisas mais. Claro, graças ao bombardeio midiático-manipulativo-golpista… Mas é esse o Zeitgeist vivido pelo Brasil… E sabem de quem é a culpa? Sim, a culpa é de Dilma. Ela que é arrogante e teimosa.. Ela que se afastou de Lula e deu ouvido a um Mercadante e deu uma virada à direita… Ela que traiu os movimentos sociais e os trabalhadores com seus arrocho Levyberal… Sim amigos, estamos assistindo a um momento histórico com o desmantelamento e imolação do governo que leva consigo junto o PT (esperança trabalhista).. Eu tenho as vezes minhas dúvidas se Dilma faz isso por incompetência, arrogância e teimosia mesmo ou se é deliberado, tipo trabalho interno de quinta coluna.. Sinceramente, as vezes penso que ela tenha sofrido algum tipo de lavagem cerebral na cadeia da ditadura e agora ficou latente essa psico-programação auto destrutiva, afinal, contra tudo e contra todos (inclusive ela mesma) manter um zé aonde está, publicidade em quem detona com ela e o partido, só pode ser de uma pessoa ensandecida ou má intencionada mesmo.. Incompetência, inépcia, inação, hesitação, burrice, pirraça e arrogância tem limites…

  9. Pois é, Fernando,…vacilações políticas cobram o seu preço em qualquer época. Ainda que as pressões financeiras, hoje, sejam maiores e o tamanho da sociedade de consumo seja maior do que quele passado relato no seu artigo, o preço cobrado é o mesmo,sempre alto, e segue a mesma regra dura nas costas do trabalhador. Hoje nao é diferente.

    Agora, fazer o que? Dilma terá que explicar ao povo os motivos da adoçao de medidas “ortodoxas”, aquelas rejeitadas nas urnas, para que o povo saiba o que o espera. É triste. Nao é isso que se espera de um governo trabalhista, mas…

    Nao adianta adiar essa conversa. O povo tem o direito de saber as consequencias ruins que virao pela frente. Como sempre, é o povo mais humilde que será penalizado.

    Será que dessa vez a comunicaçao vai dar as caras e cumprir o seu papel? Quando?

  10. :

    “O que ameaça a DEMOCRACIA é a fome, é a miséria, é a doença dos que não têm recursos para enfrentá-la.

    Esses são os males que podem ameaçar a DEMOCRACIA, mas nunca o povo na praça pública no uso dos seus direitos legítimos e democráticos”. JOÃO GOULART

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    ************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

    Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

  11. Qual… Como se fala mal da Presidenta. E ela mal começou a governar… Os jornais e jornalistas é q afirmam isso e aquilo. Até agora, eu não vi, nada, do q está sendo afirmado, posto em prática. Vejo, sim, nomes comprometidos com a “escola doutrinária”, comprometida, nomeados pra cargos concernentes. Escuto, tbm, afirmações de q a vaca, isso e aquilo. Apenas. Agora, de cortes em direitos adquiridos?… Onde estão?
    O q vejo, mesmo, é mta gente tida como boa, pegando o trem da mídia, maldita, e jogando merda em quem não deveria…
    Qual é, afinal? Ou se tem confiança ou não se tem. Será q, num piscar de olhos, todos perderam a confiança? Todos?
    Verdade q num primeiro momento eu perdi a linha. Mas, contando até dez; antes, até, reparei o rumo e voltei aos meus limites. E, eu, tenho limites. E estou caminhando dentro de meus limites, seguindo a Presidenta… sem qq constrangimento.
    Abraço, fraterno

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