Quando o sujeito está desesperado, compreende-se que comece a delirar com milagres que o venham salvar.
É o caso deste governo, seus jejuns, sua hidroxicloroquina e, agora, o “passaporte de imunidade” com que Paulo Guedes acena para que as atividades normais possam ser retomadas.
Reproduzo a “pérola” dita ontem pelo Ministro da Economia em uma teleconferência com empresários:
— Hoje de manhã, conversávamos com um amigo da Inglaterra que criou o passaporte da imunidade. Ele faz 40 milhões de teste e coloca disponível para nós brasileiros, 40 milhões de testes por mês. Já mandei para o ministro Mandetta, para o chefe da Casa Civil, ministro Braga Netto e para o presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, se você fez o teste e deu positivo, você pode circular. Você fez o teste e deu negativo, você tem que ir para casa. Não é agora. Agora nós estamos em isolamento. Nós estamos planejando uma saída, lá na frente e termos esse teste em massa. As pessoas vão sendo testadas, pode ser semanalmente e quem estiver livre, continua trabalhando.
Vejam só: “um amigo” que faz 40 milhões de testes? Onde, na cozinha de casa, como se fossem brigadeiros para uma festinha? O amigo de Guedes, portanto, se não é um louco siderado, é um dono de indústria farmacêutica esperto que quer empurrar testes de araque para cima do Brasil, quem sabe com efeitos colaterais positivos para alguém.
O Brasil precisa de testes – e não dos de araque -, sim, para rastrear a doença, para determinar situações de isolamento quase total e para garantir a sanidade do pessoal médico que está na linha de frente, trabalhando em situações de risco. E não os tem.
O Brasil, com sua enorme população, é o 16° país em número de casos de infecção por coronavírus. Mas certamente sua posição é bem mais acima nesta tabela mortal, porque estamos, pasme, apenas em 100° lugar em aplicação de testes: meros 258 para cada milhão de habitantes, uma proporção abaixo de 50 vezes menor que os países europeus.
E mesmo os testes que recebemos – meio milhão deles, doados pela Vale – são umas porcarias que, segundo o próprio Ministro da Saúde, têm apenas 30% de eficácia e sequer são endossados pela OMS. Leia-se: para cada positivo que detecta, deixa escapar outros dois.
Não é preciso mais para ver quanta gente está contaminada e não aparece nas estatística apenas porque não apresentou (ainda) sintomas da doença.
O desespero de Guedes ante uma realidade que clama por dar e não por tirar dos pobres e de fortalecer, em lugar de minguar, os serviços públicos está neste ponto, o de perder o contato com a realidade em seu desejo de que as pessoas humildes façam o contrário do que fez: permanecer em casa, isolado, em busca da chance de que o vírus pare de circular.
Ou, pior ainda, de nem envergonhar-se de uma picaretagem do “amigo”, porque cada teste, do mais “baratinho”, curta R$ 75.
É nas mãos desta gente que está o Brasil.
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Incompetente eu já sabia que ele era, agora vejo que também é louco, como o chefe.
O sujeito mente que dá um nó. Se tivesse dito isso para o auditório do Raul Gil, ou para os fiéis da Santa Missa do Padre Marcelo, ninguém acreditava nele. Descartavam-no só pelos gestos trêmulos da face. Mas mentiu para suas vítimas preferenciais, que querem mesmo ser enganadas por todo tipo de mentiras e fantasias que venham de seu querido corretor manhoso: Os "empresários"...
Louco por dinheiro.
Será que esse amigo não pode ser o Queiróz?
Aí dá tudo certo com a milícia no poder: rachadinha, propaganda falsa, etc.
E como o Gudes não diz quem é e o Queiróz tá sumido ....
A rachadinha de gabinete virou rachadona internacional .
Como é honesto o país pós lava - jato.
É o Brasil da nova política.
Puro marketing para a turma deles. A direita sempre acha um jeito de lucrar com a desgraça alheia.
Esses eram os dados que estavam faltando para confirmar que não estamos no estágio inicial, mas já bem avançado e ainda não reconhecido por falta/deficiência/transparência de testes.
Esses eram os dados que estavam faltando para confirmar que não estamos no estágio inicial, mas já bem avançado e ainda não reconhecido por falta/deficiência/transparência de testes.
É triste saber que a incompetência desse desgoverno nos joga a uma hecatombe de mortes, um genocídio de pessoas. O Estado federal morreu. Os governadores estão sozinhos, limitados pela miséria, pela ignorância, pela ganância. Seria a hora da união é o que vemos é histeria política, ódio, ignorância. Aonde a pequenez vai nos levar todos sabemos. Até quando vamos ficar inertes?
Não pergunte ao Posto Ipiranga...
Se pretende ir para o Norte, vai chegar no Sul. E vice-versa.
Me lembrou o filme "Minority Report " . As mensagens vindas dos "líderes " . Acho não ser impossível de acontecer , o Brasil se tornou um imenso laboratório da guerra híbrida global . Não foi a primeira e nem a última vez que o ministro da economia se manifesta em conjunto com a XP . Em outros tempos isso seria impossível , imaginem se fosse um ministro da economia dos governos do PT , sentado lado a lado com um dirigente bancário ou de uma financeira . Qual seria a repercussão ?.
E agora , o assentimento e silêncio é geral .
"Ou seja, se você fez o teste e deu positivo, você pode circular. Você fez o teste e deu negativo, você tem que ir para casa."
Foi isso mesmo que ele disse? Circular contaminado e confinar se tiver sem contaminação? Não seria o inverso?
Ficou muito esquisito. Mas parece que a intenção foi dizer que a pessoa é positiva porque já contraiu o vírus, mas como já está curada, não transmite mais. Já quem ainda não contraiu, quando contrair começará a propagar de imediato.
O teste que ele apregoa é outro: o de anti-corpos. Alguém que dá negativo no teste normal de carga viral mas positivo no de anti-corpos é alguém que já teve o vírus e (provavelmente) se curou.
Há alguns furos nisso, no entanto. Por exemplo, há casos registrados de pessoas que testaram positivo, aparentemente se curaram (testando negativo múltiplas vezes), e depois voltaram a desenvolver a doença; não se sabe se isso é porque pessoas previamente infectadas não são imunes ou se é por conta do virus ter a capacidade de entrar em hibernação para ressurgir semanas depois, mas qualquer dessas hipóteses se confirmada é um grande furo para essa ideia do passaporte.
(Isso sem contar que, se o isolamento realmente funcionar, vamos ter menos de 1% de pessoas que pegaram o virus e se curaram, o que obviamente não é o suficiente para tocar a economia. E se o isolamento falhar, o número de mortos por so só vai causar um dano à economia muito mais grave do que mesmo o mais severo dos isolamentos.)