Pazuello não quis contar mortos; Queiroga não que contar vacinas

Ao anunciar que a a vacinação do grupo prioritário (77,2 milhões de brasileiros, ou pouco mais de 1/3 da população nacional) vai atrasar e só será alcançada em setembro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falou que o Brasil precisa parar “com essa coisa de ficar contando dose de vacina”.

Produz, portanto, uma “variante” do que fez o general Eduardo Pazuello, que assumiu retirando do site do Ministério da Saúde o número de casos e de mortes por Covid-19.

Se o sr. Queiroga fosse um homem à altura de sua missão, estaria com as relhas em pé, diante dos problemas reais que temos na vacinação.

O contrato de transferência de tecnologia para que a Fiocruz possa produzir o insumo ativo da vacina da Astrazêneca teve sua assinatura transferida de novo, agora para maio; a explosão de casos na Índia (315 mil em 24 horas, hoje) compromete as doses que temos a esperar de lá, via Covax Facility da OMS e, ainda pior, sendo um país com fronteiras diretas (e indiretas, por uma dezena de países) com a China, pode criar bloqueios à exportação de vacinas pelos chineses, em razão das necessidades de vacinação interna.

Estamos não apenas contando doses, mas contando com doses sobre as quais não temos controle próprio.

Parece não haver compreensão que esta é uma pandemia, uma doença em escala mundial e é em escala mundial que se terão disponibilizados imunizantes, medicamentos e insumos para enfrentá-la.

E que, por isso e por outras razões, requer que o Ministério da Saúde conte doses, para que não faltem como estão faltando hoje em pelo menos três capitais – Natal, Boa Vista e Campo Grande as vacinas Coronavac necessárias à segunda dose, porque não foram controlados os estoques de reserva de sua aplicação.

O Dr. Queiroga, definitivamente, não tem estatura para ser um líder da guerra contra a pandemia.

Talvez por isso seja ministro.

 

 

 

 

 

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