As próximas 48 horas, agitadas no mercado financeiro – o dólar chegou a bater R$ 5,08 hoje, estabilizando-se perto dos R$ 5,07 – enquanto se espera o quanto serão as altas de juros do Federal Reserve e do nosso Banco Central, a serem decididas na quarta-feira vão bater em gente que não está nem lendo as cotações diárias.
A Confederação Nacional do Comércio publicou sua Pesquisa de Endividamento e Inadimplência mensal e os brasileiros atingiram a maior taxa de endividamento desde que o índice passou a ser apurado, em 2010, segundo informa a Agência Brasil.
Nada menos que 77% das famílias tem dívidas, muito acima dos 67% que carregavam prestações em abril do ano passado.
O número dos que têm pagamentos em atraso – a taxa de inadimplência – subiu a 28,6% das famílias, 4,4% maior que há um ano.
Deveria ter havido uma redução, com o crescimento, ainda que pífio, das taxas de emprego, mas a queda na renda e a disparada da inflação, tornando mais difícil a manutenção das despesas básicas, provocou o efeito inverso.
É sobre este quadro que vai se despejar uma decisão de aumentar mais os juros públicos, mesmo diante da evidência de que nossa inflação não decorre de um superaquecimento da economia, decisão que se “fundamenta” na necessidade de continuar segurando o dólar pela diferença generosa do que pagamos sobre as taxas internacionais.
Em dez dias, porém, a valorização da moeda norte-americana acumula 10% e, a seguir subindo, trará os seus inevitáveis impactos inflacionários.