Deu-se como razão para o aumento brutal dos combustíveis o fato de que a Petrobras estaria operando em prejuízo, com os preços altos do petróleo no mercado internacional e a desvalorização cambial.
Só que o reajuste aconteceu no dia 11 de março e, portanto, dos 90 dias do primeiro trimestre de 2022, em nada menos que 70 dias a empresas estaria trabalhando com prços alegadamente baixos, cuja a correção era forçosa e urgente.
Mas a Petrobras divulgou hoje que, nos 90 dias do primeiro trimestre – 70 ‘ruins’ e 20 ‘bons’ – lucrou nada menos que R$ 44,5 bilhões, o 3° maior para ganhos trimestrais de toda a história.
Simplesmente, não bate: os preços eram mais que compensatórios, porque seria impossível ter todos este lucro no trimestre em 20 dias, tendo amargado 70 outros de prejuízo.
Ou melhor, o que não bate é a justificativa da tal paridade de preços internacionais.
É só olhar o gráfico aí de cima para que se veja que os preços já vinham altos ao longo de todo 2021, início de 2022 e seguem altos agora, não houve uma reversão súbita.
80% dos derivados consumidos no país são produzidos aqui, com custo, portanto, em reais e que não foram afetados pelo salto dos valores do barril no mercado mundial.
A administração da Petrobras, uma empresa estatal e com responsabilidade com o país é que se julgou – e julga – no direito de beneficiar-se integralmente – e até mais um pouco – dos momentos de crise, para produzir lucros estratosféricos que serão, como agora mesmo, distribuídos livres de impostos a seus acionistas, dois terços deles, quase, privados.
Bolsonaro gritou que isso era “um estupro” – ele só pensa naquilo – porque quer retardar o novo reajuste que a empresa já planeja e sair dele, outra vez, com cara de mártir.