Petróleo: o que valia anteontem, não vale hoje nem vale amanhã. Mas vale sempre.

brzinho

A frase do título é obvio, se refere aos preços do petróleo no mercado internacional.

E para o petróleo, como insumo estratégico, para o progresso industrial dos países.

O “brent”, que valia 48 dólares o barril na quinta-feira, beira, neste momento, 55 dólares.

Como, três meses atrás, rondava os 100 dólares.

Não deve ser, ainda, uma tendência de retorno àqueles patamares, mas é a prova do quanto é preciso ter de cautela quando se toma decisões de médio e longo prazo num mercado em que – é só multiplicar os dólares de variação por milhões de barris diários – as diferenças de valores são brutais.

Não se mudam, por isso, decisões estratégicas. Nem econômicas e nem as geopolíticas. Ou alguém acha que os EUA vão reduzir suas pressões militares sobre o Oriente porque o mercado “spot” de óleo em Roterdã despencou?

As contas que se faz com petróleo não são destas que se possa fazer a lápis, num resto de papel de pão. Mesmo nos papéis de pão “moderninhos”, com modelos matemáticos.

É por isso que, além do desastroso (porque inservível) ensaio de balanço de perdas de ativos com que a Petrobras se autoflagelou na semana passada, estão erradas as decisões de paralisação ou até mesmo desmobilização de projetos anunciadas.

Não apenas porque não se pode prever preços, como porque não se pode prever as flutuações das economias.

E, sobretudo, porque o petróleo, seus derivados e sua cadeia de produção jogam um papel vital no desenvolvimento econômico de um país.

A Petrobras nasceu política – ou será que não era mais barato comprar petróleo aos 2 dólares por barril daqueles tempos do que cava-lo no nosso desconhecido subsolo? – , cresceu política e precisa da política para continuar a ser uma das maiores petroleiras do mundo: aliás, a que mais extrai petróleo no mundo, entre as que possuem operação própria.

É evidente que ela necessita dos altos padrões de especialização que construiu – tecnológica, operacional e gerencialmente – mas é impossível governar esta empresa sem o olhar estratégico que só os homens (e mulheres) de Estado possuem.

Até porque, nos céus de brigadeiro, todos eles sabem o que fazer no comando.

Na guerra, porém, entreolham-se, amedrontados, e se enfiam nos buracos.

Nas empresas privadas, processos de investigação internos muito semelhantes – como o da Siemens, que pagou mais de 1 bilhão de euros em multas por corrupção – jamais puseram em risco nem as atividades, nem os investimentos da organização – são tratados sem a autoflagelação que está ocorrendo na nossa petroleira.

A Petrobras ter chegado ao que é hoje não foi fruto da covardia, mas da ousadia política que só o amor ao Brasil pode dar aos estadistas.

Não é a política que criou problemas para a Petrobras.

Até porque, ao que se sabe até agora, todas as roubalheiras foram operadas por funcionários de carreira e os eventuais sobrepreços – se hiva – passaram inquestionados pelo seu corpo técnico.

Mas é a omissão política que pode causar a ela o pior revés possível, só menor do que ao Brasil.

O de impedi-la de ser o instrumento que faça o petróleo do pré-sal ter controle e sinergia com o Brasil.

Ou vão concluir que é mais barato chamar a Chevron?

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11 respostas

  1. É isso, Brito!
    A Petrobrás seguirá grande e crescente!
    E essa é a grande oportunidade de virada histórica.
    Mesmo com Cunha, o que é dele está guardado!

  2. Fernando Britto, boa tarde.

    Será que terias como fazer um gráfico comparando o valor da gasolina ao longos dos últimos 12 anos versus o valor do pedágio em SP?

    Carakas, os coxinhas estão todos agitados (de certa forma com razão) com o aumento da gasolina de ontem.

    O detalhe é que fim do ano passado, por onde eu passo, o valor do pedágio subiu no mínimo de R$0,40 cada um e ninguém falou nada.

    Me parece que pra essa raça o PSDB pode pintar e bordar, que ficam quietinhos. Aliás, a maioria deles não se lembram ou não tinham idade para lembrar dos 5 aumentos de combustível que FHC deu em 1999.

  3. Concordo com o texto Fernando. Soberania nacional e Petrobras são coisas que devem andar junto!
    Mas o preço da gasolina ta de matar o cidadão. Na minha cidade está 3,40 o litro. O que justifica todo esse aumento? Sabendo que com o aumento de combustível, tudo tende a subir..

  4. Pois eu continuo esperançoso…
    Não é possível/plausível/verossímil que Dilma tenha ficado cega/burra/paralisada. O jogo é pesado, os “caras” estão cada vez mais nervosos, agitando seu lendário “big stick”, como o qual fazem e desfazem pelos cantos do planeta desde a 2a. guerra.
    Nunca devemos nos esquecer daquelas “forças ocultas” de que falavam Brizola, Jânio e outros que tiveram o desprazer de desagradar os interesses do titio Sam. Afinal, não temos a maldita H…
    Mas eu acredito em estratégia, na política do possível, e que, sim, Deus é brasileiro. E que Dilma está jogando o seu jogo (que é a nosso favor). E que o xadrez está só no começo.

  5. O texto está perfeito. Apesar de tudo confio na nossa Presidenta. Certamente há motivos para ela ” parecer” que está perdida. Não acredito nessa hipótese. Permito-me somente um comentário de ordem prática: os projetos de engenharia não precisam ser paralisados em nome de incertezas de mercado; o custo de se desenvolver engenharia em todas as suas etapas representa de 5% a 9% do valor de um grande empreendimentos. Isso significa que pode-se esgotar os estudos, projetos conceituais, básicos e até detalhados ( dependendo do empreendimento) e ganhar tempo depois com boas contratações e cumprimento de prazos mais realistas. No final o valor do empreendimento implantado tende a ser o que foi orçado e contratado; essa é uma boa prática que a Petrobrás poderia estudar e adotar

  6. Acontece pessoal que o buraco é mais embaixo. Estes ataques todos à Petrobrás fazem parte da mesma estratégia, que visa o desmantelamento e desmobilização da Empresa, buscando desacreditá-la no mercado nacional e internacional, preparando-a para ser privatizada a um preço bem barato. Junto com ela também se entrega o Pré-sal aos carniceiros de sempre (Chevrom; BP; Exon-Mobil; Total e etc).

    Por isto que, além dos manipuladores internacionais, os entreguistas tucanos junto com o Pig e MP/Judiciário, trabalham dia e noite para atingir este objetivo. A operação lava-jato nada mais é que a nova etapa do Mentirão (não estou dizendo que a corrupção não deva ser apurada e punido os envolvidos).

    E o que mais me revolta é acompanhar esta situação vendo a não reação e letargia do PT e da Dilma com todo o Governo Federal, fazendo cara de paisagem. A Petrobrás está sendo destruída dia a dia e temos que conviver com esta “Covardia” como tivemos que engolir o Mentirão. A direção do PT e Dilma também assitiram olimpicamente José Dirceu; Genuíno e João Paulo, serem queimados no “inferno”, sem abrirem a boca. Comportamente de “traíras” que vai se repetindo, infelismente.

    Sérgio

  7. Petrobrás. Quem desdenha quer comprar.

    John D. Rockfeller cunhou a famosa frase que diz que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor uma empresa de petróleo mal administrada. No Brasil, eles nem consideram a empresa mal administrada, eles querem jogar a Petrobrás no lixo, mas o depósito de lixo fica nos EUA.

    O Globo, em editorial, e a agência Americana Moddy’s classificam os papeis da Petrobrás como lixo. Veja o lixo que é a Petrobrás: 11 refinarias; 7 mil Km de oleodutos; 8 terminas; cerca de 100 plataformas marítimas. Além disso, a Petrobrás possui reservas de cerca de 70 bilhões de barris de petróleo. Nossa empresa é a primeira do mundo em produção de óleo, passando a americana Exxon Mobil, e é a quarta do mundo em produção de óleo e gás. Só o nosso pré-sal já produz 700 mil barris de petróleo por dia, o suficiente para abastecer países como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru.
    Com a maior capitalização do mundo em todos os tempos de U$ 70 BI, a Petrobrás em 2010 passou a ser a 4ª maior empresa do mundo. Quanto a Globo considera a Petrobrás um lixo não é novidade sua opinião, pois na década de 90, a Globo comparava a Petrobrás a um paquiderme e chamava os petroleiros de marajás! Em resposta em 2006, a Petrobrás, depois de desenvolver tecnologia inédita no mundo, descobriu o pré-sal. Mas enquanto a Petrobrás, com seus impostos, financia 75% das obras do PAC, a Globo sonegou o Imposto de Renda relativo a transmissão da Copa do Mundo de 2002. Quem é um lixo mesmo?

    Toda humanidade sabe que valor de ação é pura especulação, aliás, existem fortunas no mundo construídas dessa forma. Creio que está na hora de a presidente Dilma comprar as ações da Petrobrás. As agências de riscos, principalmente as americanas caíram no descrédito quando nenhuma delas, alertaram o mundo em 2006 da quebradeira americanas dos bancos e empresas.

    Aliás, comparar a Petrobrás a lixo é um desrespeito com o povo brasileiro, que foi para as ruas defender a sua criação! Eu até entendo que os americanos tentem destruir a Petrobrás, pois se trata de artimanha para abocanharem nosso ouro negro, em outros países eles jogam bomba e destroem a democracia. O que é uma vergonha são os brasileiros compactuarem com isso!

    A sabedoria popular é pródiga quando diz: Quem desdenha quer comprar!

    Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros.

    Rio de Janeiro, 31 janeiro de 2015;
    Autor: Emanuel Cancella

  8. Eu não entendo o porquê de o governo não usar a crise para dar um golpe de mestre, comprando ações da Petrobras. Li que os principais bancos, inclusive o BB, estão recomprando suas próprias ações.

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