Manchetes dos grades sites agora, a aplicação de vacinas vencidas da Astrazêneca não é coisa de agora e, pelo menos desde abril, continua sendo feita pelos Estados e Prefeituras, sem que o Ministério da Saúde, que dispõe de todos os mapas de validade dos lotes de imunizantes lance qualquer alerta para a verificação da caducidade das doses antes de sua aplicação.
No dia 24 de abril, o site Metrópoles, do Distrito Federal, cruzou os dados de envio do Ministério da Saúde – onde constam os lotes de vacina e sua validade – com os relatórios de vacinação dos Estados e descobriu que tinham sido aplicado um total de 1,2 mil doses vencidas da Astrazêneca, todas pertencentes aos lotes importados às pressas pelo Brasil do Serum Institute, da Índia.
Agora, segundo a Folha, já são 26 mil doses vencidas no braço de pessoas que, portanto, não estão protegidas contra a doença.
Na pressa de fazer frente ao “marketing” da Coronavac, o governo brasileiro importou lotes de vacina com um mês ou pouco mais de validade. Pelo menos três deles estão nesta condição: os de códigos 4120Z001, 4120Z004 e 4120Z005.
Há outros lotes, mas a grande maioria das doses aplicadas é destes e é incompreensível que, sendo as doses disponíveis já tão poucas no início do processo de vacinação, em meados de janeiro isso não tenha sido advertido claramente, por ações de comunicação do Ministério, enquanto o país ficava “babando” com pequenas irregularidades de “fura fila”, reprováveis e desprezíveis, por certo, mas muitíssimo menores que o desperdício causado pelo desmonte do Programa Nacional de Imunizações.
É inacreditável que o Ministério da Saúde não apure as responsabilidades por este crime.
Veja a matéria da Folha (está aberta para não assinantes) que é tão escandalosa quanto detalhada e permite verificar se você é um dos que recebeu o imunizante vencido ou, como todos nós, é apenas um dos que vai ficar se lamentando pelas outras 114 mil doses que, se não foram indevidamente para o braço de alguém, vão para o lixo.