Propostas para um debate político

idh

O gráfico acima, extraído do Blog Estadão Dados, serve para nos dar um parâmetro da profunda revolução, muitas vezes silenciosa, experimentada pelo Brasil nos últimos anos.

Os dados referem-se à 2010, mas o processo avançou ainda mais em anos mais recentes, porque as políticas que permitiram ao avanço foram aprofundadas. O salário mínimo continuou aumentando. Os programas sociais foram ampliados. O desemprego caiu. E a taxa média de juros nos últimos 4 anos foram as mais baixas em décadas.

Evidentemente, o cenário sócio-econômico nacional, após séculos de atraso político, manipulação da mídia, medidas “impopulares” e hegemonia do mercado financeiro nas decisões macroeconômicas, deixou um rastro de destruição que levará algumas décadas para ser revertido completamente.

Mas agora há não apenas esperança de que é possível mudar. Há um conjunto de grandes obras de infra-estrutura em andamento que mudarão, efetivamente, o nosso quadro sócio-econômico.

Muito se fala, por exemplo, da “desindustrialização”, um problema de fato grave em nosso país, mas não se analisa as suas causas, nem se discute o que estamos fazendo para superá-lo. Não se menciona que a construção de gigantescas refinarias no país tem como objetivo criar um novo boom industrial. Ao redor das novas refinarias instalar-se-ão cinturões industriais para converterem os derivados de petróleo num número sem-fim de produtos manufaturados.

Em seguida, ao redor dessas indústrias, surgirão outras fábricas, para usar os produtos manufaturados em objetos para consumo final, num ciclo virtuoso. É assim que as coisas funcionam na economia. A refinaria produz, a partir do petróleo, polímeros sintéticos, que por sua vez serão matéria-prima para indústrias de produtos plásticos e similares, essenciais para projetos de infra-estrutura e outros fins industriais.

É preciso uma indústria de base, e as novas refinarias de petróleo serão a nossa indústria de base.

A transposição do São Francisco e a construção das hidrelétricas também permitirão o surgimento de novos pólos industriais, aproveitando-se da água e da energia produzidas.

A construção de novas linhas férreas, cruzando as regiões brasileiras, reduzirão o custo dos fretes. A construção do trem-bala, vlts e metrôs, se o governo vencer as barreiras criadas pelos lobbies que sempre se opuseram (e conseguiram destruir) à implantação de um sistema ferroviário nacional, obrigará o país a criar uma indústria ferroviária própria, e aí novamente termos outro pólo industrial, com geração de empregos de alta remuneração.

Quem destruiu não apenas o sistema ferroviário nacional, como a própria ideia de que ele seria fundamental para o processo de infra-estrutura do país? Foi a ditadura, e as empresas (sobretudo as de mídia, que vivem dos anúncios das fábricas de carro) que a sustentaram.

O Brasil vive um momento de tensão porque as obras mais grandiosas, iniciadas ainda no governo Lula, precisam ser completadas.

O sistema de informação no país precisa ser modernizado, adequando-se mais à nossa diversidade e complexidade. A tentativa de tachar qualquer debate sobre mídia como “censura” apenas revela o espírito obtuso, antidemocrático e antimoderno de nossas grandes empresas de comunicação, todas consolidadas na ditadura e no período de profunda crise econômica que vivemos durantes as décadas de 80 e 90.

Que forças políticas poderão levar adiante esse projeto de país? Quais forças que, com todos os seus erros políticos ou mesmo administrativos, estão mais comprometidas com a soberania do Brasil e da América Latina?

Essa é a pergunta que as urnas deverão responder em outubro.

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9 respostas

  1. É muito triste para quem já passou dos 60, ser testemunha de um passado tão negro, ver o Brasil finalmente começar a entrar nos eixos, e estar agora na expectativa de ver tudo isso arruinado.
    Minha parte eu farei novamente, votarei na Dilma, e espero que vencendo, o PT finalmente caia na real e combata de vez as saúvas e sanguessugas que ainda tentam destruir nosso país.

  2. Fernando,

    concordo com o Geraldo, será uma tristeza se a Marina vencer.É óbvio que a midia é muito responsável por isso, mas eu não a culpo de todo.Um fator preponderante nessa situação é a intransigência das pessoas.Eu e outros tentamos dialogar, fazer isso que você faz, de tentar mostrar as mudanças ocorridas nos últimos anos.As pessoas não querem nem ouvir, não dão nem o benefício da dúvida.Não analisam as informações.
    Espero que o PT saiba o que está fazendo.
    Parabéns pela sua luta, que ela não seja inglória!

  3. Mais triste ainda, além do já mencionado por Geraldo Chaves – eu tb já passei dos 60 – é ver jovens como Carlos Bruno da Silva externar um grau de ignorância e despolitização estratosférico. Esse jovem passou pelas escolas mas não estudou. Foi aluno – ou é ainda – mas não era e nem é estudante. São duas coisas bem diferentes: aluno e estudante.

  4. E eu já passei dos quarenta, vivi minha juventude sem oportunidade alguma, pois era uma nação construída apenas para um terço de seus filhos.
    Ousamos lutar, ousamos vencer, ousamos mudar ! Mas agora, por leniência de Brnardos, Zé Eduardos, Paloccis e outros , tudo, absolutamente tudo, pode voltar a ser como antes.
    Agora não serei eu a sofrer , mas meus filhos e a dor então será muito maior !
    Mas era uma DESGRAÇA anunciada e preterida em nome do controle remoto. E ela ameaça ser maior ainda , pois Marina é infinitamente mais nociva, por obtusa que é, que o Aécio ou outro qualquer do PSDB.
    Plano urdido em Washington-DC que o PIG encampou.

  5. Uma coisa que você não comentou — mas deveria, por uma questão de honestidade intelectual — é que o IDH melhorou muito dos anos 90 até 2000.

    Ou seja: precisamos admitir que a melhoria do IDH não é obra (somente) de Lula e Dilma. FHC também deu sua contribuição.

    Se a gente continuar a atacar tudo o que os tucanos fizeram, sem nunca reconhecer seus méritos, nós os jogaremos nos braços da Marina.

    Ou seja: Nessa eleição, a polarização PT/PSDB só beneficia a Marina.

  6. PS: um adendo sobre meu post acima.

    Não estou inventando que “a melhoria do IDH não é obra (somente) de Lula e Dilma. FHC também deu sua contribuição”.

    Está lá, no infográfico do Estadão. Basta selecionar o período (1990) e vocês verão que FHC deixou um Brasil melhor (em termos de IDH) do que encontrou.

    Chega de bravatas. Se a gente continuar com essa visão maniqueísta, vamos jogar os eleitores do PSDB — mesmo aqueles que têm dúvidas — no colo da Marina.

  7. Entendo ser á reivindicação da ABIFER da desoneração de impostos e tributos (custo Brasil) justa e coerente, a exemplo do que já aconteceu com a indústria automobilística até outubro de 2014, e a linha branca até dezembro de 2014 para que as montadoras ferroviárias que investem no Brasil possam ter um incentivo e competir com as do exterior, uma vez que os burocratas possuem uma dificuldade mórbida de assimilar que um pequeno sobre preço devem ser absorvidos como uma política social que dignifica o cidadão, pois os valores circulam internamente no país na compra de materiais, desenvolvimento de tecnologia, geração de empregos e economias internas, em contrapartida de uma política governamental clientelista de distribuição permanente de bolsas com “N” denominações, uma esmola permanente que humilha o ser humano, ademais já houve atraso na entrega das unidades importadas para a Supervia-RJ no ano de 2013 de mais de dois anos.

    Tem sido característica da política brasileira, o contraditório, isto é grandes promessas eleitorais demagógicas de palanque que na prática não se confirmam no pós-eleições, com o país voltando a ser um grande exportador de matérias primas de baixo valor agregado, e importador de manufaturados não se importando da forma em que foi concebido, mesmo com a crise existente na Europa não sensibilizando nossos governantes, dando prioridade a indústria automobilística individual em detrimento ao transporte coletivo.

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