Vocês devem ter notado que o noticiários eleitorais sobre apoios, alianças e acordos eleitorais perdeu muito espaço para os truques econômicos que se pretende aplicar até o final do ano para tentar, com eles, moldar o processo de formação da decisão de voto na consciência popular, como se manter o preço dos combustíveis, das contas de luz e da cesta básica à altura em que estão ou apenas pouco mais altos fosse, de repente, fazer o povão dar graças a não decair da extrema pobreza para a miséria absoluta mudar suas escolhas na base do “desgraça pouca é bobagem”.
O custo de vida já subiu de um jeito que, ainda que os preços parassem de subir – e não vão parar – a insuficiência dos salários e rendas dos brasileiros já não podem fazer frente sem privações e sacrifícios.
Além disso, querendo ou não, temos uma curva ascendente de juros – cuja subida ainda não terminou – que torna inevitável que os preços se corrijam perto deste valor, porque as margens de lucro, a não ser nos bancos e no sistema financeiro – estão baixas demais para que o crédito possa alavancar investimentos e produção no comércio, serviços e indústrias sem a elevação de preços.
O mercado sequer leva a sério a pol´tica econômica do Governo, porque ela simplesmente não existe. Limita-se a apontar as ruínas dos vizinhos – como faz agora Paulo Guedes dizendo que a Europa entrará em recessão – como se isso fosse solução para as trincas e rachaduras do Brasil, pendurado como está em que os juros norte-americanos não subam muito, e tudo indica que vão subir.
A única política que se segue é a de terceirizar culpas – para o STF, os governadores, a pandemia, a Covid e o eleitor, que teima em estar na oposição. E não é agora, mas desde a sua posse, quando recomeçou uma campanha eleitoral sempre fundada na construção de inimigos como desculpa para seu fracassado governo.
Os truques de Bolsonaro, se inócuos para provocar um alívio no custo de vida até as eleições, são, porém, um problema real para o próximo governo, ao qual, para variar, Bolsonaro quer legar uma represa nas condições da de Brumadinho, pronta a se romper sobre a inflação.
Mas é difícil que o consiga, porque seus truques cometem o principal erro para quem se dispõe a enganar a plateia, o de serem evidentes.
