O que se disse ontem aqui sobre Jair Bolsonaro ter entrado em modo stand by em seu golpismo furioso foi percebido por muitos, mais bem informados por fontes em Brasília.
Ricardo Noblat diz que os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, e o recém-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira teriam dito ao presidente, na últimas horas, “que sua situação está ficando cada vez mais difícil dentro e fora do Congresso”.
E ontem, ao adiar-se novamente a votação das mudanças tributárias na Câmara, viu-se que nem com o boideiro-presidente e com medidas simpáticas como o aumento da isenção do Imposto de Renda, a coisa não está fácil no mais sólido reduto bolsonarista.
Ao contrário do que se esperava, o último mês de rugidos presidenciais pode ter gerado mais agitação em suas falanges, mas não lhe agregou um pingo de recuperação do apoio, ao contrário.
Gilberto Kassab, no Poder360 exagera ao dizer que “se [Bolsonaro] continuar assim, não disputa nem a (re)eleição”.
Bolsonaro, certamente, tenta fazer ajustes táticos, mas não estratégicos, porque, como descreve hoje em O Globo o jornalista Bernardo Mello Franco, ele “se alimenta do confronto permanente”.
Precisa fabricar crises para agitar a militância e manter a fantasia de outsider. Apesar da aliança com o Centrão, parte do eleitorado ainda acredita que o presidente luta contra o sistema. Ele depende dessa ilusão para se manter no páreo.
Ilusões, Bolsonaro planta muitas – o país está para cair sob o domínio de uma ditadura sinoateia, drogada e abortista que vai incendiar as plantações de soja.
Mas não tem políticas para a realidade de estagnação (traduzida por Paulo Guedes como “recuperação em V”) e por uma inflação que é muito mais sentida no bolso que nos índices oficiais.
Portanto, não é uma questão de crer que os arroubos golpistas não minguar e desaparecer, É apenas uma questão de quando e como reaparecerão.
Se querem um palpite, será logo e mais fortes.