Quem acha que negócios com a China são “bolivarianismo”, siga a soja

soja

Para quem acha que a cooperação econômica com a China é capricho de ideias “bolivarianistas” – coisa das quais ouviram falar e duvido que haja um que possa explicar o que seriam, aqui – vale a pena ler a matéria publicada hoje pela Xinhua, agência chinesa de notícias, sobre nossas exportações de soja.

Os “gênios” da economia, que vivem reclamando de o Brasil não entrar em acordos comerciais tipo “Nafta” ou “Aliança do Atlântico”, em condições totalmente desfavoráveis ao nosso país, deveriam reclamar, isto sim, de não tratarmos com mais ousadia nossas relações econômicas com o gigante chinês, que tem interesse e capital para investir aqui na produção – e não só agrícola – e nenhuma preocupação em nos ditar rumos financeiros ou políticos.

Faltam, porém, os instrumentos para que essa cooperação financeira vá além do negócio direto de compra e venda e se estenda aos projetos de infra-estrutura, que tem outros prazos e configurações.

É um dos papéis que o banco dos Brics vai suprir.

Em tempo: A BR-163, estrada da qual a reportagem fala, foi concedida há pouco mais de um ano. Em abril, serão entregues os primeiros 23 quilômetros de duplicação, entre Rondonópolis e o terminal ferroviário da All Logística. Mas o trecho que sobre pelo Pará ainda é barro puro. Imagine se não fosse. 

A cooperação agrícola entre a
China e  a América Latina se acelera

Da Xinhua

A BR-163 no Estado de Mato Grosso, Brasil para o oeste, torna-se uma das estradas mais movimentadas do país sul-americano durante fevereiro e março de cada ano, em que se conduz a soja para o seu maior mercado –  a China.

Numerosas carretas, totalmente carregadas com soja, rodam milhares de quilômetros da BR- 163 para os portos ao longo do Oceano Atlântico. A soja é enviada para a China, 20 mil quilômetros de distância, e em seguida, transformada em tofu, leite de soja e óleo de soja, os produtos alimentares mais populares no país asiático.

Em ambos os lados da BR- 163, fazendas de soja se espalham por até 700 km. Como a maior área produtora de soja do Brasil, a região exporta 90 por cento de sua soja para a China.

Mr. Wang, um engenheiro da China trabalhando em um projeto  local, ficou maravilhado com as ligações mágicas entre a China e os povos locais.

Os agricultores locais não sabem muito sobre a China, mas eles sabem que a China é o maior comprador e fornece a maioria dos lucros, disse Wang, acrescentando: “Quando eles souberam  que eu sou chinês, tudo se tornou mais amigável para mim.”

Estas ligações entre China e Brasil espelham as relações entre os dois povos, que têm sido desenvolvidos e consolidados pelo forte crescimento dos negócios agrícolas entre as duas nações. Durante a última década, o comércio agrícola sino-brasileiro aumentou em seis vezes.

“O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. Só a China consome 70 por cento do seu total de exportações”, disse Zhang Peilin, gerente geral da Chinatex  Grãos e Óleos Imp. & Exp. Co., Ltd. no Brasil:”metade da soja importada da China vêm do Brasil.”

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, em 2014, a soja manteve a condição de líder da  exportação de produtos agrícolas, com 45,69 milhões de toneladas no volume e US$ 23,27 bilhões em valor. Do total, 33,17 milhões de toneladas foram embarcadas para a China e o número deve chegar a 46 milhões em 2015.

China ultrapassou a União Europeia (UE) em 2013 como o maior mercado para as exportações agrícolas do Brasil.

O comércio e cooperação agrícola, com a China também fez enormes progressos em colaborações agrícolas com outros países, como Argentina, Chile, Peru e na última década.

O comércio agrícola  aumentou de US$ 5,28  bilhões dólares em 2003, para US$ 35,33 bilhões em 2013, com um crescimento anual de 21 por cento. As importações  da China a partir desta região saltaram  de US$ 5 bilhões dólares para US$ 32,95 bilhões durante o mesmo período.

América Latina tornou-se uma importante fonte de produtos agrícolas para a China, uma vez que representa  19 por cento do total das importações agrícolas da China.

Até agora, a China assinou memorandos de cooperação sobre agricultura  com 16 países latino-americanos, e formaram comissões mistas ou equipes de trabalho com 12 deles;China também propôs um novo quadro de cooperação de trabalho “1 + 3 + 6” com os países da América Latina e do Caribe em julho passado, e a agricultura é uma das seis áreas importantes para ambos os lados.

No primeiro fórum ministerial China-CELAC reunião realizada em Pequim, em janeiro de 2015, o presidente chinês, Xi Jinping disse que o fundo de 50 milhões de dólares americanos para Sino-LatAm cooperação agrícola começou a financiar os projetos conjuntos.

Com base em relações comerciais sólidas, a cooperação agrícola entre China e América Latina entrou em uma nova fase, com mais diversidade.

“Além da negociação, Chinatex começou a prestar serviços financeiros aos agricultores brasileiros. E também estamos considerando a possibilidade de expandir nossos negócios para fornecer fertilizantes, pesticidas e máquinas”, disse Zhang Peilin.

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16 respostas

  1. Brito, quem vive entre as marginais Pinheiros e Tietê não conhece o Brasil. Já rodei a BR-163 de ponta a ponta, trabalhei nos estados de GO, MS e MT e sei o que a soja movimenta de economia nestas regiões, e reprimo com veemência as falácias que exportações de matéria prima são prejudiciais ao pais. Estes paladinos que se julgam intelectuais precisam dizer isso aos carreteiros, as cozinheiras, arrumadeiras de beira de estrada, operadores de máquinas, vendedores de máquinas agrícolas, fornecedores de diesel, adubos, construtoras e operadoras de silos, manejo de solo, extração e transporte de calcário, entre outras economias que envolvem a soja. O estado do Pará precisa agora construir portos em Santarém e Itaituba para ajudar a escoar a safra, isso sim.

  2. Não tem muito a ver com o assunto, mas lembrei do coxinha nervoso:

    “não gosto do Lula”

    porque?

    “ele inventou esse negócio de bolsa na universidade”
    isso é ruim?

    ” é bom para os outros, eu não gosto porque quando estudei não tinha bolsa de estudos”.

    O coxinha continua vivendo, sem entender nada.

  3. Os “economopolíticos” brasileiros querem ser mais papistas do que o Papa. E Papa deles são os EUA.

  4. estive nessa BR 163, sem sobra de duvida e a mais movimentada de carga e caminhões do país, ali da para ver a pujança da soja no interior do brasil realmente impressionante.

  5. Caro Fernando,

    Não é correto afirmar que o trecho paraense da BR-163 “é barro puro”. São 1.012 km entre a divisa PA/MT e a cidade de Santarém, dos quais 717 km (71%) já estão pavimentados, segundo o último balanço do PAC.

    Abraços.

    1. Falta o trecho de Novo Progresso até o Trairão-PA, mas estão licitadas pelo DNIT. De Guarantã do Norte – MT a Castelo dos Sonho-PA e Trairão até Santarém estão em obras e boa parte prontas!

  6. Presidente Lula foi o maior responsável por tudo isso que está acontecendo entre China e America Latina.

    Antes do governo Lula, o Brasil vivia de migalhas dos EUA e da União Européia. Lula quebrou esse paradigma. Não é a toa que os fascistas o odeia tanto.

    A bem da verdade, os fascistas preferem que o Brasil seja um pais submisso, sub-desenvolvido, para que eles possam explorar os pobres a vontade.

    1. Já está abrindo Maria uma Fábrica de Caminhões no Rio Grande do Sul, conquistada no Governo passado, do PT – Tarso Genro. Pra quem conhece o PCFACE (grátis)-ótimo anti-virus, navegador entre outras ferramentas, instalei e não me incomodei mais, ele é uma baita parceria de Programadores Brasileiros, com Investidores Chineses…mas a Mídia VIRA-LATA não noticía o que é bom para o Brasil!

  7. Essa paixão dos coxinhas pelos EUA envolve a guerra fria, que ainda não acabou como muitos pensam. Para a reaçada o Brasil saiu do guarda-chuva gringo ao aproximar-se da China, e daí está a um passo para o comunismo. Eles ainda pensam que a China é comunista (os russos tb) e que comem criançinhas.

  8. Infelizmente não vejo o copo meio cheio nessa história.
    Sempre acho criticável o foco em rodovias, em prejuízo às ferrovias.
    Da mesma forma a venda de insumos in natura, sem nenhum tipo de beneficiamento interno no país.
    Ah, mas isso é complicado, implantar uma ferrovia/industria de beneficiamento.

    Sim, mas enquanto mais os benefícios e foco ficar nas estradas e venda in natura, menos ferrovias e industrias de beneficiamento serão feitas.

    Estamos fadados a ser a fazenda (rodoviária) do mundo? (no caso da soja / e do ferro, rsrs)

    1. O abandono das ferrovias teve início com chegada das montadoras, as americanas Ford e Chevrolet e a alemã Volkswagen, no governo de Juscelino. A partir daí as montadoras se encarregaram do resto, pois o negócio delas é vender carro e caminhões, e tome-lhe rodovia! Foi um dos maiores crimes cometidos contra o Brasil, comprometendo o seu desenvolvimento.Sua extensão territorial nunca, nunca, poderia prescindir das ferrovias, e da sua integração com hidrovias, aproveitando o fantástico potencial e diversidade hídrica do País. A opção pelo automóvel, pelo caminhão, comprometeu e encareceu os investimentos requeridos não só nas estradas, mas inclusive e sobretudo nas cidades, cujo trafego e mobilidade urbana transformaram-se em problemas gravíssimo, requerendo continuados investimentos para viabilizar o fluxo sempre crescente de veículos automotores. Resultado, pagamos um preço altíssimo por essa insensatez.

  9. Quando souber que o banco BRICS estiver funcionando a pleno vapor vou festejar muito. Espero também que criem agencias de risco próprias para não ficarmos tendo que aguentar as Moody’s, Fitch e S&P da vida.

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