O senhor Eduardo Pazuello disse que o Ministério da Saúde não prescreve cloroquina, que isso é decisão íntima do médico na qual ele não interfere.
É mentira.
O Ministério da Saúde colocou nas redes um aplicativo – em tese destinado a médicos do Amazonas, mas acessível a qualquer pessoa – onde você encontra uma “receita” pronta com o kit cloroquina: a própria, a hidroxicloroquina, ivermectina, zinco, azitromicina e mais Doxiciclina, um antibiótico que tem uso veterinário e humano, para o combate à pneumonia bacteriana, acne, infeções por clamídia, doença de Lyme, cólera, tifo e sífilis.
Quando soube, duvidei e fui conferir, preenchendo o formulário com meus próprios dados e informando que tinha um dia apenas de sintomas de febre e dor de cabeça, apontando duas comorbidades (diabetes e problemas cardíacos, além de tabagismo) e o “Robozuello” tascou-me um diagnóstico “score 6” de Covid-19, sugerindo o tratamento precoce.
Basta escolher “sim” e vem a receita pronta, esta que você vê aí em cima, inclusive com a dose que eu “deveria” tomar, quantas vezes ao dia e por quantos dias.
Se quiser, qualquer pessoa pode acessar e, por isso, tem de ser tirado imediatamente do ar, mesmo que diga ser um “ambiente de simulação”, o que jamais poderia ter a chancela da autoridade sanitária brasileira.
Deveria ser dispensável avisar, mas do jeito que a coisa anda, é preciso: NÃO USE NADA DO QUE O ROBÔ DA CLOROQUINA RECEITA, porque além de não servir para nada, pode causar reações adversas.
Pedi a outras pessoas – inclusive uma médica – que testasse o treco simulando situações ainda mais leves e outras mais pesadas, como insuficiência respiratória, e a “receita” é o mesmo tratamento precoce, com o mesmo arsenal de futilidades.
E o Conselho Federal de Medicina, que quer mandar prender um enfermeiro se este indica um remédio para dor de cabeça não toma a menor providência contra o Ministério que, por orientação de Pazuello e outros puxa-sacos de Bolsonaro, pratica o mais descarado charlatanismo.