Ricardo Mello, colunista da Folha, publica hoje um artigo que, como outros, aponta a contradição de que o candidato do PSDB a presidência, Aécio Neves, tenha prometido “medidas impopulares” e o insucesso sabido que tiveram, desde a crise de 2008, as políticas contracionistas da economia, onde foram aplicadas.
Claro, tais afirmações não foram feitas àqueles que, como disse um empresário, “votam com o estômago”.
Mello questiona a legitimidade de ter dois discursos: um para as elites – a promessa do amargo – e outro para o povão, dizendo que é preciso voltar a crescer mais.
Aécio evitou descer a detalhes, mas é o caso de informar o público, não? Ou seja, como vão ficar os salários? Haverá tarifaço? A gasolina subirá quanto? O preço do pãozinho vai disparar? O que vai acontecer com os juros? E os impostos e tarifas de transporte? A CLT vai acabar? O que será da aposentadoria? Os programas sociais estão com os dias contados? Enfim, onde o povo fica nessa plataforma “amarga e impopular”?
O curioso é que boa parte do “leitorado” da Folha, em lugar de se indignar com o duplo discurso, que tem características de estelionato eleitoral, ao esconder do eleitor o que se irá fazer, investe, nos comentários, contra o articulista.
“Não leu o que o Armínio Fraga falou?”
A leitura das opiniões é devastadora. É o retrato da mediocridade intelectual que nos deram os anos – que ainda não acabaram – de pensamento único e diktat do mercado.
Mas é mais impressionante ainda que, na política e na opinião econômica exista tão pouca gente disposta a dizer que a quem só tem fracassos em anos e anos de poder que não tem autoridade oral para dar lições sobre como “salvar” o país que eles afundaram.
Por que não medidas ‘populares’?
Sabe-se que previsões de economistas, na maioria das vezes, valem tanto quanto uma nota de três reais. Após o fiasco de 2008, então, a desmoralização ganhou as alturas -ainda que exista gente séria neste meio. O melhor caminho, de todo modo, é avaliar como o país está depois do já feito.
Nem precisa lembrar o sucesso de programas sociais contra a miséria que ajudaram a melhorar a vida de dezenas de milhões de brasileiros. Num cenário mundial para lá de conturbado, o Brasil não apenas manteve, como estendeu o emprego para muita gente. As taxas de desocupação estão entre as mais baixas da história.
Para sentir o tamanho desta conquista, experimente ligar para alguém do Primeiro Mundo. Pode ser um americano ou um francês. Ou um morador da Espanha, onde a taxa média de desemprego ronda os 25% —40% ou mais no caso dos jovens. Se a linha não cair, fale com a alta roda. Pergunte se alguém perdeu dinheiro investindo no Brasil. A bem da verdade, para isso nem precisa de DDI. Ou alguém duvida de que nossos banqueiros nunca sorriram tanto?
Ah, mas indicadores macro estão horrorosos, insistem os sábios. Nem isso soa verdadeiro, vide Paul Krugman. De resto, a situação parece coerente com um país que, entre os gênios que lançaram o mundo numa recessão brutal, e um programa voltado ao bem estar social, escolheu a segunda. Ainda bem.
Problemas há, sem dúvida. E aos poucos a oposição desenha o que seria seu governo. Esqueça o horário pago da TV e preste atenção no que os cardeais pensam de fato. Para estes, é batata: a hora é de medidas amargas e impopulares. O principal adversário, Aécio Neves, chegou a fazer uma declaração espantosa: “Por mais que elas sejam impopulares […] Se o preço for ficar quatro anos com impopularidade, pagarei este preço. Que venha outro presidente depois. Quero fazer o maior governo da história do país”!
Claro, o tucano não estava num palanque. Sobra-lhe algum juízo para não falar certas coisas em praça pública. A confissão ocorreu num jantar coalhado de sobrenomes de bolso cheio. Aécio evitou descer a detalhes, mas é o caso de informar o público, não? Ou seja, como vão ficar os salários? Haverá tarifaço? A gasolina subirá quanto? O preço do pãozinho vai disparar? O que vai acontecer com os juros? E os impostos e tarifas de transporte? A CLT vai acabar? O que será da aposentadoria? Os programas sociais estão com os dias contados? Enfim, onde o povo fica nessa plataforma “amarga e impopular”?
É curioso imaginar um candidato destes num comício: “Gente, prometo medidas amargas e impopulares. Mas fiquem tranquilos: será o maior governo da história. Sinto muito, mas estou pouco me lixando em agradar vocês. Só não esqueçam de votar em mim.” Nem Odorico Paraguaçu seria capaz. A semelhança e diferença ficam por conta do cemitério. Se em Sucupira o drama era achar um cadáver inaugural, as tais políticas amargas e impopulares costumam produzir vítimas aos montões, em vários sentidos. Esse é o debate a fazer.
17 respostas
Como disse a Presidenta Dilma. A conta deles não fecha. Alguém tem de pagar o banquete das elites.
O problema do governante – equilibrista de pratos d plantão – é conseguir “equilibrar os pratos”. É fazer girar, dar dinâmica, àqueles que estão parando antes que caiam.
Pra eles, do PSDB e do PIG e demais, o prato dos menos privilegiados devem ser sempre sacrificados, se possível, nem os colocando para girar.
O problema do governo e do PT não são os candidatos da oposição, que são pra lá de medíocres. O problema é a covardia do PT e governo. Não combatem seus adversários. São omissos na defesa do seu governo e do povo brasileiro. Enquanto isto a direita deita e rola todo dia, envenenando as cabeças desta classe ” merdia ” ignorante e preconceituosa. E PF hein…. ? Sem comentários.
A direita sempre promete na véspera de eleições a nunca cumpre.
A direita sempre trai os eleitores.
A direita quer conversar para ludibriar.
A direita promete para o pobre mas dá para o rico.
A direita despreza o Brasil e Brasileiros, pois seu coração e dinheiro estão no exterior.
É a direita estelionatária preparando o golpe novamente.
Se o Aécio ganhar pobre não vai ter pratos para girar, os únicos pratos que Aécio conhece são aqueles de porcelana da mais fina qualidade, usados nos banquetes da classe privilegiada, para os pobres só vai sobrar o jiló indigesto do Dudu e do Aécim.
O que queremos?
Escolas boas, hospitais e postos de saúde bens instalados, policia bem paga e eficiente. É isso mesmo que queremos.
Queremos que a Dima resolva tudo? Queremos. A soluçao é fácil? Claro que é.
Já que queremos que o governo federal faça tudo, por que temos que sustentar governadores fracos e corruptos. Prefeituras desviando verbas da merenda escolar, vereadores com carros 0km de último tipo para nao contribuirem com nada para o povo.
Por que o senado federal (com apenas 81 senadores) tem que gastar R$ 2 bilhoes por ano? Eles tem Planos de saúde top de linha, com direito a cirurgia plástica, botox e outros mimos que nós brasileiros nao temos. Com essa verba daria para termos um metrô em cada cidade média deste país. Ou escolas de tempo integral, ou hospitais em todos os municípios que ainda nao tem.
Quanto gasta a Câmara dos Deputados? E como é a aposentadoria dos “nobres deputados”?
Se for prá cobrarmos apenas da D.Dilma melhor acabar de vez com esse desperdício do dinheiro público e ver as verbas destinadas ao que realmente interessa.
Dá prá engolir um funcionário do Senado ganhar R$ 70.000,00 por mês? Ou um garçom do Supremo ganhando R$ 17.000,00 (mais que a maioria dos médicos brasileiros?). E nós preocupados com os gastos da Copa do Mundo. Estamos sendo hipócritas ou ingênuos? Saimos protestando para a reduçao desse verdadeiro roubo de recursos públicos? NAO. A maioria de nós acredita nas notícias vindas da Globo, Folha, Estadao, sem nos questionarmos se há interesses sorrateiros atrás delas. Nao nos damos conta que a dívida da Rede Globo com a Receita Federal é de quase R$ 1 bilhao e que está sendo cobrada po este governo, mas sabemos que se a oposiçao (com ajuda da mídia) ganhar as próximas eleiçoes essa dívida será perdoada. E nao só a da Globo.
A economia de um país se mede pelas filas à procura de emprego. E nao as temos mais. Ao contrário, os patroes é que padecem em busca de funcionários qualificados. Falando em fila… onde estão aquelas em que os segurados do INSS pernoitavam no frio e na chuva para conseguir atendimento?
Vendo o que esta acontecendo na Espanha fico me perguntando: será que vai acontecer o mesmo com o Brasil? Lá a direita e a mídia envenenaram tanto a populaçao, que o governo anterior renunciou e o mais votado nas eleiçoes foi o representante da direita que se mostrava puro, porém o tempo mostrou que as coisasn pioraram muito e o desemprego é de fazer vergonha. Sem falar que o Sr Barcenas (tesoureiro do atual governo está na prisão por desvios na casa de R$ 150.000.000,00)
Engenheiros espanhois estao exercendo funcao de carteiro, bióloga sendo garçonete. Classe média passando fome . Há um programa na TVE chamado “Ëntre Todos” que mostram famílias como a minha, a sua, nas filas do “Caritas”ou da “Cruz Vermelha” para receber um prato de comida.
Isso é o que queremos prá nós? Colocar os pessimistas (ou aqueles que perderam privilégios) no poder com as bençaos dos meios de comunicaçao para deixar que apenas os milionários tenham o direito de governar o país? É preciso pensar e decidir. Pensar com o sentimento de nossas próprias vivências, pensar olhando para o outro e percebendo que, também ele melhorou de vida. Que nossos filhos e netos (independente do sobrenome Silva, Oliveira, Pereira ou Altman, Goldman) terao a chance de se tornar médicos, engenheiros, dentistas com o Prouni, coisa que até há pouco tempo era exclusividade dos muito ricos. Sim dos muito ricos, porque uma família como a minha com salários de R$ 12.000,00 nao era possível pagar R$ 4.000,00 na faculdade de odontologia e mais R$ 5.000,00 na de medicina para ver o sonho dos filhos realizados. E isso é possível hoje.
Se voce é daqueles que acreditam cegamente no que vê e ouve na mídia, saiba que estará contribuindo para que nos tornemos um espelho da Espanha. Espero que isso nao ocorra, mas se acontecer nao adianta lamentar depois. Você quis assim.
Boa Bia! Disse tudo!
Muito bom artigo. Ricardo Mello está de parabens pela clareza e honestidade.
Regina
Eu tenho uma coisa chamada por Froid de BIPOLARIDADE.
O troço é.. F…HC…
Então, assim, eu não tô nem aí com o que diz o cara da
Folha…como dizia Dracula..querem te adoçar o sangue..
Aqui é um lado só, obtusangulo, DILMA 2014, 13.
Não há maior confiabilidade do que esta.
SE O PT TIVESSE SENADORES E DEPUTADOS………IMAGINE, EM SISTEMA DE RODIZIO ,ELES COBRASSEM TODOS OS DIAS DO aecio mp, DA TRIBUNA DA CAMARA OU DO SENADO,QUAIS SERIAM ESSAS MEDIDAS AMARGAS E IMPOPULARES………….. OU ele EXPLICA OU ………… MAS OS NOBRES DEP. E SEN. DO PT GOSTAM MESMO É DE DAR ENTREVISTAS AO “PIG”.
Quando candidato da tucanalha fala em medidas impopulares quer dizer ANTIPOPULARES. Que isso fique bem claro para todos.
Aécio em campanha:
Após pedir à Aneel um aumento de 29,74%, e conseguir “apenas” 14,7%, Cemig faz campanha publicitária eleitoral na TV e rádio para culpar governo federal pelo aumento, alegando que a decisão do aumento é do governo federal.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/04/1440539-em-propaganda-estatal-de-energia-de-mg-culpa-planalto-por-aumento-na-luz.shtml
A propaganda massacrante da CEMIG, discorrendo sobre impostos federais e tarifas como culpa do gov. federal, é na prática, propaganda política. Ela tem feito isso sistematicamente, sob os olhos “atentos” do CONAR e do TSE.
Essa oposição brasileira é adora o povão. São contra redução na conta de luz, contra o aumento do salário mínimo, são a favor do aumento de juros, quando são governo aumentam impostos, pedágios, etc. São contra o aumento da renda dos trabalhadores (dizem que gera inflação!), querem aumento da gasolina. Já houve quem criticasse o fato de ter mais brasileiros podendo viajar de avião, comprar automóvel e até quem criticasse o aumento do consumo de carne pelo povo! Do jeito que essa oposição gosta do povo, é compreensível que tenham deixado o Brasil às escuras e imposto o racionamento de energia no governo FHC, afundado a P-36, maior plataforma de petróleo do País, sucateado e assaltao o metrô paulista e agora, presenteado a população paulista com a falta d’água.
Ótima análise. Isenção e bom senso. Nem parece que é empregado de um jornal de merda como a Folha.
Acho que em breve Aécio vai mandar demiti-lo.
Ricardo Mello fez um artigo muito bom. O comentário da Bia acrescenta outros pontos que vale a pena guardar e compartilhar. Vou esperar o depoimento da Graça Foster esperado para hoje. Espero que as mulheres fiquem atentas e depois de hoje, acho que deveremos voltar a falar dos ataques da oposição com foco no momento não ao governo do PT simplesmente. Vamos falar do ataque das oposições à Dilma. Esse é discurso que deverá ser desconstruído.
Fernando, você já observou como a Folha apresenta o Ricardo Melo?
Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de ‘Opinião’, editor da ‘Primeira Página’, editor-adjunto de ‘Mundo’, secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do ‘TV Folha’, entre outras funções. Também foi chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), editor-chefe do ‘Diário de S. Paulo’, do ‘Jornal da Band’ e do ‘Jornal da Globo’. Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil ‘Liberdade e Luta’ (‘Libelu’), de orientação trotskista.
Uia … será que ele continuará escrevendo na Folha? kkkkkk. Os comentários são hilários, em alguns casos mais interessantes que o texto em si. Onde esse povo mora? No Brasil mesmo? Queria dar passagem de graça (só de ida) pra esse povo ir morar na Criméia, Na Coréia do Norte, na China … aliás todo mundo nos compara com a China. Lula disse uma parte do que pensa sobre a China, pois não pega bem ele dizer tudo. China não respeita meio ambiente (manda a Marina pra lá kkkk). Pó lá é punido com forca (nem preciso dizer quem deve ir pra lá) e traição é punido com tiro (Trairão ia se dar mal). Sem falar que a população é escrava e ainda idolatra o governo. Lá só tem uma coisa boa … não tem PIG