Morreu esta madrugada o arcebispo anglicano Desmond Tutu.
Os últimos grandes do século 20 vão partido e, muitas vezes, não percebemos a grandeza de suas lutas.
O fisicamente pequeno Tutu, ao lado de Nelson Mandela, foi um dos três gigantes que simbolizaram a luta contra abjeção do apartheid oficialmente praticado na África do Sul (mas não só lá) contra o povo negro. O outro foi Steve Biko, morto por espancamento policial antes de completar 31 anos, que não teve o tempo de ser reconhecido em vida.
Ao contrário dele e de Mandela, posto a apodrecer por 27 anos numa prisão, Tutu teve no manto episcopal um escudo que lhe permitiu combater publicamente aquele regime odioso e o fez.
O Nobel que ganhou em 1984 e escancarou ao mundo da mídia a vergonha do regime sul-africano, só nove anos depois pôde ser dado a Mandela, seu amigo e companheiro, a quem as difeenças religiosas não separavam na dignidade.
Salve Desmond e sua batina, a do Bispo Tutu, como fez, no distante 1985, Gilberto Gil.
Se o rei Zulu já não pode andar nu
Se o rei Zulu já não pode andar nu
Salve a batina do bispo Tutu
Salve a batina do bispo Tutu
Ó, Deus do céu da África do sul
Do céu azul da África do sul
Tornai vermelho todo sangue azul
Tornai vermelho todo sangue azul
Já que vermelho tem sido todo sangue derramado
Todo corpo, todo irmão, chicoteado, iô
Senhor da selva africana, irmã da selva americana
Nossa selva brasileira de Tupã
Senhor, irmão do Tupã, fazei
Com que o chicote seja por fim pendurado
Revogai da intolerância a lei
Devolvei o chão a quem do chão foi criado
Ó, Cristo Rei, branco de Oxalufã
Ó, Cristo Rei, branco de Oxalufã
Zelai por nossa negra flor pagã
Zelai por nossa negra flor pagã
Sabei que o papa já pediu perdão
Sabei que o papa já pediu perdão
Varrei do mapa toda escravidão
Varrei do mapa toda escravidão