Singer: prisão de Aécio, sim; mas dentro da lei

O sempre sereno André Singer, em sua coluna na Folha, mostra a perfeita compreensão de que a decisão – suada, custosa e confusa – do Supremo Tribunal Federal, embora beneficie uma figura abjeta como é Aécio Neves, representou um fio tênue da esperança contra o avanço da ditadura judicial que vai se formando no Brasil.

Nada de ingenuidade, tanto que aforma que  a Corte “foi dura quando os incriminados eram o petista Delcídio do Amaral ou o pemedebista Eduardo Cunha, mas arrefece quando chega a vez do peessedebista Aécio.”

“O problema é que, como tenho afirmado aqui há mais de um ano, não se encontra na Constituição a figura do afastamento do mandato por parte do Judiciário”, diz Singer.

Vale muito a leitura:

STF toma decisão no fio da navalha democrática

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira, restabelecendo a primazia do Legislativo sobre o afastamento de mandatos, comporta duas interpretações quase equivalentes.

A primeira entende que os juízes cederam à pressão em favor de Aécio Neves, cuja punição pode agora ser revertida pelo Senado (embora não devesse fazê-lo, caso tenha consciência republicana). A segunda considera que a maioria do plenário optou por retomar a normalidade constitucional, mesmo que a custo de incoerência em relação a sentenças anteriores.

O placar apertado (6 a 5), com o voto de minerva concedido de maneira trôpega pela presidente Cármen Lúcia, confirma o caráter dúbio da situação.

A liderança de Gilmar Mendes na vitória final dá motivos para acreditar que o principal objetivo era proteger o tucanato, pois o ministro se notabilizou por desarquivar o processo contra a chapa Dilma-Temer no segundo semestre de 2015, quando o impeachment de Dilma Rousseff estava indefinido, mas tomou posição contrária quando, em junho deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderia cassar Michel Temer já no exercício da Presidência da República.

Faz sentido, portanto, acreditar num viés da corte, a qual foi dura quando os incriminados eram o petista Delcídio do Amaral ou o pemedebista Eduardo Cunha, mas arrefece quando chega a vez do peessedebista Aécio. O problema é que, como tenho afirmado aqui há mais de um ano, não se encontra na Constituição a figura do afastamento do mandato por parte do Judiciário.

Significa dizer que o STF “inventou” uma legislação, acoplando-se ao ambiente de exceção instaurado pela Lava Jato. A arbitrariedade dos juízes da operação ao decretarem prisões desnecessárias, como ficou claro no caso do ex-ministro Guido Mantega, em setembro de 2016, tornou-se corrente.

As graves consequências dessa onda de excepcionalidade foram sentidas em toda a sua magnitude com o suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina 15 dias atrás, fato menos noticiado do que o devido.

Em suma, há argumentos para defender que a opção tomada pela corte em favor da Constituição, embora possa de imediato beneficiar uma corrente partidária em detrimento de outras, talvez ajude o país a barrar os mecanismos de exceção em curso e, quem sabe, a encontrar o caminho de volta à plena democracia.

Os que acompanham com atenção a onda autoritária, agora acrescida da censura às artes, sabem que não será fácil. Percebem igualmente que, nessa batalha, será preciso juntar todos os que estejam do lado das liberdades e garantias individuais. Inclusive os ministros do STF decididos a dar um passo atrás.

Fernando Brito:

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  • Permita me discordar da análise do Singer, pois me causa muita estranheza o acovardado STF, só tenta retomar as normas garantista da democracia, quando que está no paredão da justiça são os emplumado tucanos ou os endemoniados do dem.

  • Esta corte nunca foi mais do que isso. Não creio que tenham se preocupado em serem respeitosos à Constituição. Até pq um 6x5 com babas de quem perdeu e tento Gilmar ao seu lado, não se trata disso. A surpresa, nem tanto, é que após inúmeras indicações feitas por presidentes tidos como zelosos pela rés pública como Lula e Dilma, esta corte continue mais do mesmo. Acho que ao menos uns 50 brasileiros(as) imunes ao oportunismo, a chantagem e vaidades, tínhamos para por lá. Melhor senado do que juiz pq além de legal, os políticos o povo troca!

  • Perfeito. É inconstitucional.

    O PODER SEM VOTO NÃO PODE ESTAR ACIMA DO PODER COM VOTO. NUNCA!

  • Um passo atrás calculado , não pensemos que que o placar de 6x5 foi mera coincidência , ali temos verdadeiros atores e atrizes , embora canastrões mais artistas sabem eles que estão nas Tvs . O flagrante " perdido por eles de propósito para não atingir r alguém de seu partido , deu curso a encenação final da semana passada . Acredito que no caso de ser petista esse passo não se daria para trás. Mas é bom manter o otimismo a respeito daqueles parvos senhores e senhoras .

  • Eles ajustam as leis, conforme vai aparecendo situações, que os favoreçam.

  • Entenda quem tiver estrutura mental logica dialética. A comunidade de Espinosa, Minas Gerais, cidade da Ministra Carmen Lucia, muito chocada; motivo: o pai da ministra comerciante bem sucedido por mais de cinquenta anos, e além de tudo muito querido pela população espinosense, porque não pôde velar o corpo do falecido, que partiu tarde da noite. Pela manha o corpo foi transladado para BHte por mando da filha. A populaçao não pode fazer o velorio do seu comerciante, querido e conterrâneo.

  • A situação está difícil mesmo, mais por responsabilidade nossa, progressistas. Enquanto nós defendemos a CF, Estado Democrático de Direito, respeito às leis e somos escorraçados, os fascistas rasgam a CF todo dia, debocham do EDD e se dão bem. "Com fascistas não tem conversa". Quando vamos aprender isso?

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