Os gráficos acima – que retirei da revista Piauí, que organizou um série com os dados detalhados da pesquisa Ibope – mostram que, embora a desaprovação ao governo Jair Bolsonaro cresça em todas as faixas de renda, a perda dos indice de aprovação ao presidente se concentra entre os mais pobres e na classe classe média baixa.
André Singer, na Folha, escreve projetando, adiante, os possíveis reflexos eleitoriais que isso trará.
Pessoalmente, creio que ainda é cedo para avaliar se o que terão serão as dificuldades que Singer prevê ou algo muito prior, pela degradação acelerada do governo, com as confusões e a rejeição à reforma da Previdência.
Aliás, curiosamente revelador que o discurso dos “reformistas” é falso, são os que Bolsonaro diz serem os “inimigos da reforma”, os “privilegiados” que ganham acima do teto do INSS de cinco salários mínimos o grupo de renda onde ele tem mais apoio…
Eleitores populares de Bolsonaro
começam a pular do barco
Andre Singer, na Folha
Aspecto pouco notado na queda de aprovação do governo, registrada pelo Ibope nesta semana, é a sua distribuição pela renda.
Foram os eleitores populares que começaram a pular do barco bolsonariano.
Possivelmente os mesmos que, no final do primeiro turno de 2018, sobretudo no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, produziram a incrível onda de extrema direita que varreu o país.
A perda de 15 pontos percentuais na avaliação positiva de Bolsonaro foi mais acentuada entre os eleitores que ganham de 2 a 5 salários mínimos (SM) de renda familiar mensal, chegando ali a um recuo de 18 pontos.
Hoje apenas 35% desse segmento apoia o mandato em curso, índice que cai para 29% daqueles cujo ingresso familiar restringe-se a um SM.
Já quando a família recebe acima de cinco salários mínimos, 49% dos entrevistados gostam da administração do capitão reformado.
Aqui a perda foi de apenas oito pontos em relação à posse (tinha 57% de ótimo e bom em janeiro).
Na mesma linha, o instituto de pesquisa nota o aumento da rejeição entre os moradores “que residem nas cidades das periferias brasileiras”. Nesse segmento o índice dos que consideram ruim ou péssimo o desempenho presidencial subiu nada menos que 21 pontos no período.
O Nordeste, por sua vez, abriga apenas 31% que se mostram satisfeitos.
A persistência de melhor humor no Sul, onde 41% ainda apreciam o mandato em curso, ilustra a divisão social que permeia a conjuntura, pois a região concentra os menores indicadores de pobreza.
Se a economia comandar os rumos do eleitorado, como parece provável, uma recuperação no curto prazo é difícil.
Vale lembrar que o primeiro governo Lula, por exemplo, em que pese ter demorado para produzir aquecimento do PIB, conseguiu estancar de imediato o ciclo inflacionário que herdara da etapa anterior.
Bolsonaro já pegou o leme com inflação irrelevante.
Se não conseguir criar postos de trabalho e oferecer renda, continuará em baixa.
Tal contexto daria à oposição a chance de apresentar alternativas ao modelo ultraneoliberal.
As eleições de 2020, sobretudo nas capitais, seriam o teste de tal embate.
Olhando o assunto do ângulo político, a prisão de Michel Temer ainda é uma incógnita.
Foi a Lava Jato que o levou ao poder, uma vez que decisiva para o impeachment de Dilma Rousseff.
Depois, com a gravação de Joesley, afundou o regime emedebista e ajudou a ascensão de Bolsonaro.
Agora, com a detenção do ex-presidente, atrapalha a reforma previdenciária de Paulo Guedes e aprofunda a divisão das hostes bolsonaristas.
Terá fôlego para empurrar Sergio Moro rampa acima?
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O fato da queda de popularidade ser menor nas camadas mais altas, mostra que nossa elite só tem dinheiro, e nada mais. É concebível chamar de "elite" pessoas que apoiam um fascista xucro, antinacional e, ainda por cima, miliciano?
Temos que arrumar outra palavra ou expressão. "Casa Grande" talvez seja melhor. Elite é algo mais abrangente, não merecem essa qualificação.
"Poderia ainda falar nas suas festas íntimas, nos seus casamentos, nos seus batizados, nas suas datas
familiares; mas, por hoje, basta o que vai dito, e é o bastante para mostrar de que maneira a aristocracia da
Bruzundanga é incapaz de representar o papel normal das aristocracias: criar o gosto, afinar a civilização,
suscitar e amparar grandes obras. Se falei aqui em aristocracia, foi abusando da retórica. O meu intento é
designar com tão altissonante palavra, não uma classe estável que detenha o domínio da sociedade da
Bruzundanga, e a represente constantemente; mas os efêmeros que, por instantes, representam esse papel
naquele interessante país.
Explicado este ponto, posso ir adiante nas minhas breves "notas" sobre o país da Bruzundanga.".......
Coprocracia (neologismo) que tem a cara do Olavo de Carvalho, Dória e Datena.
Classe dominante.
Classe dominadora. ;)
Sim. Melhor.
Calma que a água vai bater na bunda da maioria. O processo é esse mesmo. Começa a bater primeiro na bunda dos mais pobres e vai subindo na pirâmide. Pena que não chegará no topo. Vai atingir os bobos que compraram o discurso de ódio dos ricos e grande mídia.
Brito, vamos fazer uma campanha para a presença de todos no acampamento do Lula Livre em Curitiba nos dias 6 e 7 de abril, onde no dia 7 (domingo) fará um ano da injusta prisão. Estarei lá.
Em breve chegará a apenas 20%, que era seu índice antes do atentado que sofreu. Ou seja, apenas seus fanáticos o apoiarão
esta classe baixa,eleitorfelula e dilma,fizeram uma aposta no bozo.....achando que ele resolveria o problema social e economico,sem este eleitorado,somente com os votos do psdb de aecio e da extrema direita ele nao se elegeria......o povao achou que bozo era semelhante a lula.....se ferrou.......!!
Imagina quando o povo finalmente se der conta de que boa parte da miséria que o acomete vem do justiçamento promovido pela lava-jato. Quantos são os dependentes diretos e indoretos de uma construção civil pujante?
Moro contribuiu muito para a miséria de muita gente. E ainda terá deles alguns votos, pode ter certeza.
"Elite" refere-se somente a 1% dos endinheirados, segundo Jessé Souza. Então é preciso pensar em classe média cooptada pela elite (20%). Essa mesma q morre de medo de q pobre possa ter educação de nível superior; possa viajar; comprar uma casinha e um carrinho. Esses é q devem cair na real. Enfim, é preciso reescrever o Brasil de cabo a rabo. Ainda pergunto para os bozomijos: "Estão satisfeitos?" E o sorriso é sempre amarelo. Talvez seja a pasta de dente q deixou de fazer o trabalho? Ou será a lama dos ratos q se espalhou ao sair do esgoto? Ainda estamos na fase de observação.
Por aqui, ainda é tabu fazer críticas à Farsa Jato e ao Bolsoasno.
Por mim, que caiam das alturas. Nunca fui muito dado a respeitar tabu!
Eu estava conversando com meu filho, doutorando em Antropologia pela UNB, sobre porque a classe média apoia Bolsonaro e, mais, por que apoia um projeto que a medio e longo prazo a prejudicará inevitavelmente. Eu argumentei que não conseguia entender como pessoas com acesso à educação, à informação e expostas ao contato direto com povos de outros países e com experiência de vida muito mais ampla que as classes de renda inferior não conseguem processar e reagir a uma situação óbvia onde o prejuízo ao seu estilo de vida e ao seu bem-estar está ali, próximo, desenhado com todas as linhas. Ele respondeu-me - Pai, somos produto de uma cultura escravocrata que ensinou-nos a odiar pobre, não é racional, é puro comportamento atávico.
Veio-me a mente a estrofe da canção A banca do destino, de Billy Blanco: "Não fala com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho'.
Resume o típico classe média brasileiro.
Para quem não conhece a canção aqui vai um link, com Elis: https://www.youtube.com/watch?v=_xz_OxKvd74
Exato. É o q Jessé Souza relata após anos de pesquisa de campo. O ódio ao pobre, à "ralé", define as ações e os valores dos capachos da elite brasileira - a classe média - que humilha, vilipendia, e inferioriza os pobres e negros. O regime escravagista adaptou-se à modernidade e assim precisamos reescrever essa história e denunciar a cultura burguesa escravocrata brasileira. Lula representa o povo sofrido e humilhado e por essa razão é perseguido e violentado. O chicote no lombo dos pobres, pretos e humiliados deve continuar a soar para q a classe mérdia se sinta mais próxima da casa grande e bem longe da senzala. Jessé acertou, é hora de desconstruir para poder reconstruir o Brasil real.