É inacreditável que o comandante em chefe das Forças Armadas, chefe da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança, da Abin e da Polícia Rodoviária Federal crie uma versão de que a revista – neoliberal até a medula – The Economist queira “eliminá-lo” fisicamente, como sugere a nota da Secretaria de Comunicação da Presidência, usando uma tradução que preferiu usar este termo para o que era literalmente “votar para ele sair” numa suposta conspiração assassina:
“Vejam bem: não falam apenas em vencer nas urnas, superar, destituir. Falam em ELIMINAR. Estaria o artigo fazendo uma assustadora apologia ao homicídio do Presidente?(…) Talvez justamente por reconhecer nossos avanços, a Economist esteja tentando interferir em nossas questões domésticas e, segundo o texto, defenda a eliminação do Presidente que está livrando o Brasil da corrupção e da sujeição às oligarquias que a revista parece representar”.
A paranóia delirante diante da nota, porém, não é nada senão o padrão mental desta governo, para quem todos os que se lhe opõem são “adélios” em potenciais, ou agentes comunistas que vivem para combater o que eles creem ser o melhor governo da história do país.
Não é o caso de argumentar sobre as “conquistas” alegadas na nota da Secom: afinal, todos temos olhos para ver e ler sobre a realidade.
Mas, alucinações à parte, deve ser compreendido em que direção Jair Bolsonaro guia seu discurso – que é mais importante que sua quase nula ação de governo – com vistas ao processo eleitoral.
É para um pseudonacionalismo rastaquera, pelo qual o Brasil está sofrendo ataques estrangeiros em tudo, menos, claro, no controle de empresas estrangeiras que nos vão comprando, e a preço de bananas.
O importante são as camisas verde amarelas, a louvação hipócrita a Deus, às “liberdades” do dinheiro, mas não às do trabalho – recordam-se do “é preferível trabalho sem direitos do que ter direitos sem trabalho”? – e os nichos eleitorais: caminhoneiros, milicianos, garimpeiros, madeireiros, infratores ambientais de toda espécie e uma camada de tupiniquins de Miami.
O “vitimismo” é apenas uma dissimulação de seu agressividade brutal, que não se contém sobre nenhuma área da vida nacional.
“Tadinho do Jair Bolsonaro”, que não consegue fazer nada porque ninguém o deixa agir: os comunistas, o STF, a pandemia e, agora, até o técnico da Seleção, que ameaça (embora eu aindo ache que pode não ser “para valer” o monopólio sobre as camisas da CBF.