Ficou famosa a frase de John Kennedy, em um de seus discursos, onde ele diz “não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país”.
Hoje é um daqueles dias em que cada um de nós terá de responder a esta questão.
Mas, ainda que eu queira, por ideais, seguir apenas o que diz Kennedy, posso muito bem responder à pergunta primeira.
Meu país fez muito por mim, quase tudo, aliás.
Fez-me ser quem eu sou, deu-me uma língua, deu-me um conjunto de sentires e pensares que me fazem ser de algum lugar: ser brasileiro.
Deu-me o privilégio de ser de uma terra mestiça, onde nem na cara, na cor, nos cabelos somos todos clones quase iguais e, por isso, deu-me a chance de estar na Europa, na África, na Ásia e no mundo inteiro mesmo sem tirar os pés daqui.
Deu-me a chance de encontrar iguais em diferentes e diferentes entre os iguais.
Mesmo quando ainda éramos uma colônia, nossa identidade multirracial já despontava nos Guararapes e começava a se forjar o Brasil que seria, quase dois séculos depois, independente, ainda que tão injusto e tantas vezes cruel com os índios de Felipe Camarão e os negros como Henrique Dias.
A esta unidade na diversidade chama-se democracia, com todas as imperfeições que ela contém, como imperfeições contêm todos os seres humanos e isso não será nunca razão para que se os extermine.
A democracia é o inverso do ódio, pois ela supõe ver no outro – mesmo meu mais ferrenho adversário – o princípio básico de que ele tem os mesmo direitos que eu.
Meu país deu-me ainda mais. Deu-me a chance de viver em uma das maiores nações do planeta, um grande povo num grande território e, por isso, ter o destino de ser grande e de buscar uma grande felicidade, daquelas que o Tom Jobim cantou que é impossível ter sozinho.
E isso me dá também, um doloroso privilégio: o de ter um país a construir.
Um país onde não pode faltar emprego, porque há trabalho a fazer; onde não pode faltar casa para morar, porque a terra é imensa; onde não pode faltar educação, porque a necessidade de aprendermos é vital; onde não pode faltar saúde, porque somos um gigante composto por 205 milhões de células e a nenhuma delas se pode deixar degenerar-se, para que não nos corroa um câncer.
É por essas ideias e mais, para que tenhamos, a cada dia, um país que não seja apenas privilégio de uma casta, seja ela de políticos ou de magnatas, que cada brasileiro precisa hoje mostrar na rua que não somos um bando de selvagens, mas um país que se moderniza, que pode crescer, que pode ser justo e que isso, nestes tempos, só se faz com democracia.
Mesmo os que se consideram detentores de posições de mando ou poder, quantas vezes deveriam se perguntar: o que é possível sem que se ame a todos?
Pode um professor ensinar, se não ama o aprendizado de seus alunos? Um médico curará se não amar o direito a viver de seus pacientes? Um general pode comandar se não ama suas tropas e acha que a maior parte delas pode ser queimada, como carne de canhão, sem que isso comprometa todo o seu exército?
Pois a democracia é isso: o regime onde cada um é comandante de si mesmo, mas aprende que sozinho não será nada, mesmo com todo o sucesso pessoal que a sorte ou o talento lhe permita alcançar, a menos que queria viver dentro de jaulas, em meio a uma selva.
Citei aquele presidente dos EUA porque é bom lembrar do que são capazes os loucos, os fanáticos, os homens que acham que uma bala resolve seu problema porque suprime outro homem. Naquele mesmo discurso, ele disse que “aqueles que tolamente buscaram o poder cavalgando no dorso de um tigre acabaram devorados”.
É por isso que te peço o que Kennedy pediu aos norte-americanos.
Teu país, tua liberdade, teu direito de votar e escolher – certo ou errado – os rumos de sua pátria não valem um gesto? Um telefonema, um e-mail, um pedido a mais alguém para que hoje o Brasil mostre que temos de deixar para trás a sucessão de golpes da história?
Pa sermos um país onde a gente possa dizer: nasci numa democracia, meus filhos nasceram livres e meus netos e bisnetos assim nascerão quando eu já não estiver aqui.
Hoje é dia de fazer algo por nosso país.
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Desde de já e sempre coloco minha vida à disposição do meu Brasil para que meus filhos, netos e sucessores possam viver na liberdade que eu viví. Não me despedirei desta vida virando às costas para meu país e não consentirei que outros venham se apropriar daquilo que foi construido pra servir aos nossos sucessores.
Brilhante!
Mais uma vez, matou a pau, palavra por palavra, indomável e incansável, Fernando Brito.
Não esqueçamos é hoje, amanhã e sempre: "Atrás do trio democrático só não vai quem já morreu".
Em São Paulo, Praça da Sé, a partir das 16 hs.
Vamos derrotar a Globo, a central do golpe, e garantir a democracia.
Você me faz ter orgulho de ser Brasileira, obrigado por ser um de nós.
HOJE É O DIA DE MOSTRAR AO MUNDO QUE NÓS, BRASILEIROS, SOMOS RICOS NÃO APENAS PELA TERRA ABENÇOADA QUE TEMOS, MAS, PRINCIPALMENTE, PELO POVO EXTRAORDINÁRIO, VALENTE, LUTADOR E, QUE CULTIVA NA ESPERANÇA, SEU MELHOR SONHO. HOJE É UM DAQUELES DIAS QUE VALEM À PENA VIVER. HOJE É UM DAQUELES DIAS EM QUE VOCÊ PODERÁ CONTAR PARA A POSTERIDADE QUE: FUI À RUA, LUTEI O BOM COMBATE E VENCI. HOJE É O DIA DE FAZER HISTÓRIA E, SE TUDO DER ERRADO, MORREMOS DE PÉ, POIS, NUNCA MAIS, VIVEREMOS DE JOELHOS. ENCERRO, PARAFRASEANDO TIÃO CARREIRO E PARDINHO (DUPLA CAIPIRA DOS ANOS 50/60 NASCIDOS EM MINAS GERAIS): "SOU IGUAL A UM PURO SANGUE, QUE NÃO DEITA COM ARREIO, PREFIRO MORRER DE PÉ, DO QUE VIVER DE JOELHOS." VIVA O BRASIL. VIVA O POVO BRASILEIRO.
Bonito, Luiz!
Acho que, para ajudar quem queira participar, pelo menos nas capitais dos estados, deveriam colocar os horários e lugares das concentrações, pois pode haver informações desencontradas.
basta clicar nas marcas do mapa ao final do post que terá informação do local e hora corretos
Hoje eu vou pra rua para defender a Democracia, para lutar por um país digno e mais justo e mais humano.
Os coxinhas se aproveitam para praticar abusos nos governos de esquerda porque a esquerda tenta preservar a democracia, o direito de se manifestar, ou seja, a liberdade democrática.
Quando é um governo de direita todos esses direitos acabam e a perseguição do estado é violenta.... os coxinhas também serão perseguidos, ou seja, não vai sobrar quase ninguém, a não ser as hordas de fascistas que serão um braço do estado violento e dominante.
TINHA 15 ANOS QDO OS GENERAIS MOURAO FILHO E GUEDES INCIARAM O GOLPE JUNTO COM O BANQUEIRO GOV DE MINAS MAGALHAES PINTO-ao chegar no Ministerio da Guerra no RJ os generais mineiros viram que estavam ocupados pelos generais Costa e Silva e o chefe do Est Maior do Exercito Castelo Branco-aqueles foram caroneados na linguagem militar isto é posto para escanteio pois eram generais de divisao,os outros generais de exercito iniciava se ali o Estado de Excessao-HOJE GRAÇAS AOS BLOGS SUJOS CARIMBARAM NA TESTA DA GLOBO COMO GOLPISTA! O JARGAO PEGOU!! VIVA A DEMOCRACIA VIVA O TIJOLAÇO, O 247,PHA,PORTAO VERMELHO.EDU GUIMARAES-LUIS NASSIF CONTRAPONTO AO PIG!!O CAFEZINHO!
Quando as manifestações forem em horário em que os trabalhadores mais simples, que tiveram os maiores ganhos diretos puderem ir e forem convocados/convidados diretamente, quando cair a ficha dos funcionários publicos que estado mnínimo significará perda de emprego e de garantias, estas manifestações serão muito maiores ainda!