Toffoli, de punitivista a garantista, conforme o réu

 

O amor ao poder, como outros amores, é lindo. Amansa, torna o coração generoso, ameniza a fúria e atenua os gestos.

O ministro Dias Toffoli, nos tempos recentes um furioso punitivista, subitamente converteu-se ao garantismo judicial.

Não pode mais haver, por conta do caso Flávio Bolsonaro, investigação sobre movimentações bancárias suspeitas registradas pelo Coaf sem que, antes, tenha havido para isso uma autorização judicial fundamentada.

Do outro lado, também se fez a paz: os bolsominions, que sugeriam ir à guerra para que não se tirasse o Coaf das mãos de Sérgio Moro porque isso seria dar proteção aos “corruptos” estão bem quietos e felizes, porque hão de parar, por um tempo, com esta história desagradável de laranjais bolsonaristas.

Nem lembram mais do que disse, em 2015, numa CPI, o então presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras , Antônio Gustavo Rodrigues, afirmando que o Coaf deu origem à Operação Lava Jato, a partir do envio de 267 relatórios de movimentação financeira suspeitas desde 2011.

Aliás, o próprio Supremo facilitou este acesso, em 2016, revogando a exigência de orem judicial para que a Receita acessasse as movimentações financeiras. O mesmo fez o Superior Tribunal de Justiça, em 16, liberando o acesso da Polícia Federal aos dados do Coaf, depois de tê-lo proibido em 2011.

Como se vê, nossos tribunais superiores pensam um coisa ou outra coisa, dependendo do investigado.

Como o da vez é Flávio Bolsonaro, fazem a coisa certa pelas razões erradas.

 

Fernando Brito:

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    • Certos dossiês, certas fotos, certas indumentárias delicadas, que não ficariam bem num ambiente de tribunal, sobretudo de um desses supremos tribunais, onde só podem esvoaçar as capas dos corvos e dos abutres, desancam qualquer ímpeto que não se coadune com a vontade de César. Tem sujeito barbado em Brasília, que, quando passar essa fase de insanidade, e há de passar, vai prometer aos santos, a todos eles, que, daí em diante, vai ser homenzinho, de verdade, vinte e quatro horas por dia. Afora quando vier um vento cheio de cores, um arrepio inusitado na espinha, que ninguém é de ferro. O trágico dessa pantomima é levarem o Brasil de roldão, refém de coisa tão pequena.

  • MOTIVOS NÃO FALTAM PARA UMA REBELIÃO,LUTAR CONTRA ESTADO DE EXCEÇÃO É UM DIREITO E UM DEVER.
    BANDIDOS;EXECUTIVO,JUDICIÁRIO,LEGISLATIVO E A PODRE MILICADA.

  • O cara não se dá ao mínimo respeito! Gentalha! Ele faz parte da atual ditadura midiático-judicial e não nos esqueceremos disso!

  • Já tinham moral e serventia , considerando um mal necessário por se tratar do último bastião da justiça muitos ainda defendem e vão defende lo . A tutela somada a covardia do tribunal diante do "governo" e dos militares esta gerando a maior perda da necessidade da existência de tribunais superiores , e os demais vem a rodo . A justiça brasileira virou lixo tóxico .

  • belíssima conclusão: fazem a coisa certa pelas razões erradas. Um bando de cínicos

  • Não se podia esperar nada de diferente, de um presidente de Suprema Corte, que vai à festinha da embaixada americana e bate palmas pro miliciano vestir roupa de astronauta.

  • É claro que se Flávio não tivesse culpa no cartório não estaria tentando desesperadamente se blindar. Já que o digníssimo ministro argumentou que é preciso uma prévia autorização judicial para Flávio ser investigado no Coaf que tal ele ou o juiz que for competente autoriza-la agora né? Há algum óbice para tanto?

  • Trocando-se em miúdos, um bando de pulhas desonestos.

  • Acabei de colocar o nome dele na lixeira,mas agora pensando bem ,lixo pode ser reciclado ,ele não!

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