O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, desembarca na manhã de hoje no Brasil e, possivelmente, será interrogado logo em seguida.
Escoltado por policiais do condado de Miami, embarcou no final da noite desta sexta-feira para o Brasil.
Vai produzir o fato do dia, a menos que queira insistir na inacreditável versão de que recebeu de um desconhecido a minuta golpista da decretação de um “Estado de Defesa” que instituiria uma espécie de “Junta Militar” para intervir no Tribunal Superior Eleitoral e adequar o resultado da eleição presidencial à vontade de seu então chefe, Jair Bolsonaro, derrotado por Lula.
Ainda assim, ainda sobrará muito o que explicar, como o porquê de ter conservado consigo um documento que quer que acreditem que decretos deste tipo se distribuam nas caçadas como filipetas sem valor.
Torres sabe que será condenado pela facilitação do episódio dantesco do último domingo na Praça dos Três Poderes e que perderá seu cargo de delegado federal.
Serão longas horas de voo pensando se vale a pena teimar em assumir toda a culpa sabendo que não terá o poder de Bolsonaro e dos militares – com quem ou para quem trabalhou no decreto golpista – para protegê-lo.
Ele foi o primeiro, mas não será o único a cair, agora que o castelo de cartas da conspiração está se desmontando, e numa velocidade vertiginosamente surpreendente.
Vai descobrir que Bolsonaro virou uma maldição de que todos – de Augusto Aras a Arthur Lira, de Luciano Hang a Zezé de Camargo – querem se livrar.
E nele, Anderson Torres, vão empurrar a “exclusividade” daquela minuta de “decreto do golpe” que rodou por tantas mãos poderosas.