Turquia, membro da OTAN, teve aval dos EUA para derrubar avião russo?

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Quer compreender a gravidade do incidente de hoje, quando um avião turco F-16 derrubou um jato russo – segundo os russos em espaço aéreo sírio – que lançava ataques contra o “Exército Islâmico”?

Então imagine um caça Sukhoi da aviação iraniana derrubando um jato norteamericano que estivesse atacando posições do Isis no Iraque, junto da fronteira iraniana.

A Turquia é membro da Otan e é impossível que não tenha discutido protocolos militares – o que fazer diante de determinadas situações, como fazer, até onde ir – diante de contatos de fronteira entre sua aviação e a russa.

Não houve tiro de advertência, para o caso de não ser possível comunicação por rádio, se foi tentada de fato.

Piloto algum, em exceto em situação de guerra declarada ou  sob ataque, efetua disparo letal sem ordem superior.

A Russia espera apenas o pronunciamento da Otan, quieta até agora.

Putin disse que foi “uma punhalada nas costas”.

Numa rápida análise no Facebook, o veterano jornalista Nilson Lage, testemunha de todos tipos de guerra, quentes, frias e mornas,  escreveu:

A derrubada de avião militar russo na fronteira entre Síria e Turquia pela aviação turca esquenta o conflito inevitável do “Ocidente” (incluindo Israel e Arábia Saudita, entre outros) com a coligação Síria-Irã-Rússia, que conta com a simpatia da China, entre outros.
O objetivo comum do “Ocidente” é eliminar o estado laico liderado por Assad, abrindo cominho à destruição do Irã e fragilização da Rússia, que tem pesados interesses geopolíticos na região.
Os americanos sonham completar sua “primavera árabe”, que quebrou resistências nacionais por todo o Oriente Médio, substituindo governos estáveis por teocracias e disputas tribais.
Os franceses admitem retalhar o território sírio, criando um novo país étnico, o Curdistão. Os turcos se opõem, porque a ambição dos curdos é incorporar parte dos territórios turco e iraquiano.
Israel quer prosseguir calmamente com a ocupação da Palestina e das colinas do Golã, recriando seu sonhado império milenar – agora, com forte suporte bancário e militância ideológica espalhada pelo mundo.
É um contexto extremamente perigoso de coligações frágeis e propagada – que só não explode porque a parte russa (e chinesa), detentora de armamento nuclear, não se dispõe a usá-lo.
Os americanos dão a impressão de que estão doidos para isso.

A estratégia de recusar, diante da necessidade de conter o avanço do “Exército Islâmico” qualquer entendimento que inclua o governo sírio não é uma simples teimosia dos EUA.

Hoje, no The New York Times, John Bolton, ex-embaixador de George W. Bush na ONU, defende abertamente que os Estados Unidos e aliados “criem um país” sunita com partes da Síria e do Iraque, controlando as áreas de petróleo nos dois países.

Como após a Primeira Guerra, querem de novo traçar a régua as fronteiras nacionais no Oriente Médio, dividindo tal como possam reinar.

A propósito, coloco a seguir o excelente vídeo, narrado em espanhol e com legendas em português, feito pela Why Maps, com um pouco desta história, que me envio o leitor Antonio, de muito fácil compreensão mesmo para os que não acompanham o cenário da guerra. Foi feito antes dos ataques a Paris e  não tem características de propaganda.

 

PS. Ainda bem que a monarquia na Inglaterra é coisa só para inglês ver. A entrevista do Príncipe Charles dizendo que a causa da guerra são as mudanças climáticas é de abanar as orelhas, não tão pequenas.

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20 respostas

  1. O pior caro Fernando é a existência de um vídeo da aeronave caindo feito por uma rede de tv turca !

    A mera existência deste vídeo (se real) aponta para a possibilidade terrível que este foi um ataque PREMEDITADO e covarde.

    A aeronave russa Su-27 estava fazendo ataque a um alvo perto da fronteira Turca que por óbvio foi informado antecipadamente as forças ocidentais ou mesmo diretamente a Turquia.

    A presença de uma equipe de TV no local e preparada para filmar a queda é DEMAIS para se alegar mera coincidência. Como diria o Padre Quevedo “iscto non ecxiste…”

    Os F-16 e a equipe de filmagem estavam ali por um objetivo que alcançaram…
    Isto não teve nada de INCIDENTE OU ACIDENTE…

    Os Tambores de Guerra rufam…

    1. O mais grave, IMPERDOÁVEL, é a informacao de que os pilotos foram mortos a tiros pelos “rebeldes moderados” do Obama, enquanto desciam de paraquedas apos ejetarem-se. Só resta ao Putin “fechar” o espaço aéreo Sírio e atirar em todos os que estiverem combatendo o “governo eleito” da Síria, “moderados” ou radicais!

  2. O abate da aeronave de guerra foi um ato covarde e provocativo da OTAN, utilizando a Turquia , um velho sabujo da Europa Ocidental. Resta saber como se pronunciará a OTAN , maior organização criminosa da história da humanidade e sobretudo, como irá se pronunciar o Governo Holande.
    Continuando na era dos absurdos, que dizer do Macri desejar suspender a Venezuela do Mercosul ? E o governo brasileiro admitir que aguarda para 2016 uma retração de quase 2% da economia ?
    Que a Mãe Rússia haja com sabedoria !

  3. estes merdas destes americanos são o maior país terrorista do mundo. Agora, dedicam toda sua energia em fomentar uma guerra em território alheio. Os otários dos europeus pensam que vão sair incólumes disto.
    Alguém tem de dar um basta nos EUA. Se for necessário uma guerra nuclear, que seja. Neste caso eles também não escaparão da destruição.
    Não dá para todo mundo abaixar a cabeça para estes aloprados.

  4. Falta matar um príncipe nos Balcãs. Já estamos em estado de guerra. Uma declaração é quase irrelevante. Mas, eu tenho a impressão de que, se os EUA continuarem provocando, serão os primeiros a sair perdendo. Depois, claro, o resto do mundo. Imaginem, Rússia e China juntos, Oriente Médio demandando cada vez mais força externa pra ser contido (facilmente cooptável pelo Oriente), Irã doidinho pra enfrentar Israel, América do Sul pendendo entre o antiamericanismo declarado e o apoio de China e Rússia, tratados internacionais suicidas rolando pelo Pacífico, tendo os EUA como único beneficiado, praticamente.
    É… acho que não vamos esperar até 2016. Feliz Natal, se pudermos.

  5. Pra mim não há qualquer dúvida de que só atacaram depois de receber o aval da OTAN. É o que o Pentágono (indústria bélica+Wall Street) mais quer, uma guerra contra a Rússia bem longe dos EUA.

  6. A situação está tão difícil para as “organizações” ocidentais, que o que lhes resta mesmo é seguir o protocolo do óbvio: que diferença faz um p*ido pra quem está totalmente untado?
    As vezes a guerra é a única saida para se safar de uma crise iminente, sobretudo a crise causada por quem nada mais tem a perder.

  7. O inferno do Oriente Médio é uma construção histórica de vários impérios querendo dominar a região, e junto a tudo isso, a descoberta do petróleo, que é a principal fonte energética que move o mundo. Quem conhece a geopolítica do petróleo e a política externa americana sabe que o petróleo é central em sua política, e o controle econômico das reservas minerais tem no petróleo a sua matriz principal. Neste sentido, todo que é país em que o EUA entram em conflito ou promovem dissidências internas há petróleo envolvido, isso é central na política americana. O inferno do Brasil começou quando descobriu o pré-sal, ou lá atrás quando o Vargas criou a Petrobrás, mas o pré-sal com uma reserva gigantesca o Brasil não terá mais sossego daqui em diante. Fiquem tranquilos, os EUA não irão invadir o Brasil, pois eles já invadiram em 1964-2003, estão fazendo barulho com os dissidentes manipulando manisfestações “passe livre”, “não vai ter copa” sua ” primavera impeachera”, “lava jatos” enfim. Não querem esperar em 2018, pois esse debate pode ser jogado no debate. Apesar de tudo que se fala da Petrobrás aquela frase do governo Vargas “O Petróleo é nosso!” ainda provoca nacionalismos.

  8. torna-se puro descaramento Ankara dizer que avisou o piloto do SU-24 dez vezes que estava na turquia. Se o espaço de 5 ou 66 km é percorrido pelo jato em
    15 segundos, de que modo alguem pode avisar dez vezes, com o detalhe de que tem que esperar um certo tempo a reação do piloto avisado? Putin pode agora armar os curdos e cessar o turismo para esse destino.

  9. O “Estado Islâmico” é uma construção dos EUA, pois foi os EUA que deram as condições de criar esse grupelho fanático, fascista e terrorista quando destruíram o Iraque e permitiram o desenvolvimento deles, com a intenção que o “Estado Islâmico” agrida o Irã e a Síria.

  10. Os bons analistas estão dizendo que a Turquia atacou o avião russo em retaliação contra os bombardeios russos à enorme estrutura de contrabando de petróleo do Estado Islâmico. O petróleo tirado pelo EI na Síria e no Iraque passa pela fronteira turca em infindpaveis colunas de caminhões-tanques que se dirigem até um porto turco, onde é vendido e embarcado em navios rumo a diversos países que sabem muito bem sobre aquilo que estão comprando. Isto rende milhões de dólares todo dia aos terroristas, o que lhes possibilita a manutenção de todo um vasto território com serviços públicos básicos, além do esforço militar. É claro que a Turquia não só tem total conhecimento disso como também aprova este tráfico através de seu território. A Turquia, todos dizem, trabalha junto com o Estado Islâmico e tem como objetivo tomar a Síria e transformá-la em diversos pequenos países teocráticos.
    Acontece que a Rússia, que em seus bombardeios até então não havia ainda atacado este tráfico de petróleo, decidiu atacá-lo de maneira mortal, depois da derrubada do avião de passageiros russo pelo EI sobre o Sinai. E a Turquia veio em socorro de seu aliado, derrubando um dos aviões russos. O mais provável é que os Estados Unidos não tenham muito a ver com este acontecimento. Mas acontece que Putin não vai retaliar furiosamente, como a Turquia esperava que fizesse, para que pedisse o envolvimento militar da OTAN em sua defesa e, indiretamente, em defesa do Estado Islâmico, de quem já se suspeita que recebe armas americanas através dos “terroristas moderados sírios”.
    Acontece que Erdogan não conhece nem de longe o presidente Putin. Ele vai absorver o golpe como algo já esperado, e apenas vai mexer peças lá longe no tabuleiro, em lugar que Erdogan nem sequer pode imaginar.

    1. Um adendo a esta análise, depois de ler vários outros artigos na rede internacional. A autorização dos Estados Unidos para o ataque parece que seria indispensável e teria sido obtida por Erdogan, mas parece que a execução da trama não foi bem como o esperado. Tanto que um general americano falou agora que a Turquia tinha cometido “um grande erro”. Inclusive, Erdogan não teve coragem de dar a ordem para o ataque, deixou isto para o primeiro ministro. Embora a Rússia diga que tem como provar que o avião nunca esteve no espaço aéreo turco, a própria Turquia está dizendo que o avião russo esteve só por 17 segundos em seu espaço. Tempo ridiculamente pequeno para os aviões de patrulha turcos enviarem um alerta a sua base, e então os oficiais da base contatarem o primeiro ministro, que teria de ser muito bem informado sobre o que estaria se passando, para depois tomar uma decisão tão drástica e só então os aviões turcos tomassem posição para soltar seus mísseis. E depois do estrago feito, ao invés de contatar os russos, como qualquer país adulto faria, a Turquia correu para encontrar-se com os chefes da Otan, como um garoto que quebra uma vidraça na rua e corre para se esconder por trás da mãe. A Turquia, muito embora a gravidade do momento, está sendo objeto de piadas.

  11. Os americanos atuais são tão estúpidos que eu não duvido que estejam tentando provocar uma guerra.

  12. A analise do Lage é lucida e coincide com a dos mais importantes analistas internacionais. Para quem não sabe ou não lembra, John Bolton é um calhorda linha durissima dos neocons estadunidenses. Portanto, ao som dos tambores de guerra e ameaça de conflito mundial, é obrigatório recordar fatos e pessoas que tenham a ver com o grupo que assaltou o controle da inteira máquina coercitiva e militar da maior superpotencia. Os objetivos desse grupo são globais, gigantescos e portanto compatíveis com crimes gigantescos. «Existe um governo sombra, dotado de aviação própria, de marinha própria, de próprio mecanismo pra recolher fundos, com capacidade de perseguir idéias de interesse nacional próprias , fora de qualquer controle cruzado, típico de um estado de direito, e livre de qualquer constrição de leis» (palavras do senador Daniel K. Inouye (no escandalo Irãgate), citado por Webster Griffin Tarpley, “9/11 Syntetic Terror”, Progressive Press, 2006, pag. 5    —–     «A cada dez anos, mais ou menos, os EUA agarram um pequeno país briguento e joga-o contra a parede, para deixar claro aos demais o que nós entendemos por business»  Quem fala desse modo é Michael Ledeen, psicopata, um dos fundadores do Project for the New American Century, PNAC  junto com P. Wolfowitz, D. Cheney, D. Rumsfeld e J. Bolton. (Ervand Abrahamian “Empire Strikes Back: Iran in US Sights”, Inventing the Axis of Evil – New York: The New Press, 2004, pag 93)      —–      «Se acontecer outro atentado como o das Twin Towers, ou uma guerra de vastíssimas proporções no oriente médio, não tenho a menor dúvida que em poucos dias aparecerá um decreto identico ao do Reichstag: prisões em massa nos EUA, campos de concentração para alienos e para os críticos da politica da Casa Branca. A Carta constitucional será cancelada» (Entrevista a Daniel Ellsberg, Radio GCN no programa conduzido por Jack Blood, julho de 2006).   —   Minha fonte: http://giuliettochiesa.globalist.it/Detail_News_Display?ID=69085&typeb=0&11-settembre-Bush-ha-mentito

  13. A coisa tá pegando na Europa: O governo francês anunciou ontem que elevou o nível de alerta antiterrorismo, de  “corra” para  “esconda-se.” Só há mais dois níveis superiores de alerta antiterrorismo na França:  “queremos colaborar”  e  “nos rendemos”.  O nível mais alto de alerta antiterrorismo na França tornou-se necessário, por causa de recente incêndio que destruiu a fábrica francesa de bandeiras brancas, o que paralisou a capacidade militar do país.
    Os escoceses elevaram o nível de ameaça local à segurança, de “Tô puto”, para “Vampegá esses felasdaputa.”  Eles só têm esses dois níveis. Por isso, precisamente, os escoceses são postos na linha de frente do exército britânico há 300 anos.
    Na Alemanha, o alerta subiu de  “desdenhosa arrogância”  para  “vestir o uniforme e entoar marchas militares”.
    Os espanhóis estão excitadíssimos com seus submarinos novos. Os submarinos espanhóis, de design arrojado, têm fundo de vidro transparente, para que a nova Marinha espanhola possa ver, in loco, a beleza da velha Marinha espanhola.
    A Itália também subiu o nível de alerta para “Atenção à pose de militar para a fotografia”. Acima desse, só resta “Mudar de lado”.
    Os belgas, por sua vez, fizeram feriado, como sempre. A única ameaça que preocupa os belgas é que a OTAN mude-se de Bruxelas.
    A Austrália, (uma espécie de ingleses) subiu o nível de alarme de “Tudo bem” para “Vai ficar tudo bem, cara”.  Restam mais dois níveis:  “Acho que vamos adiar o churrasco no weekend” e “O churrasco foi adiado” (até hoje, jamais decretaram esse nível extremo de ameaça. (John Cleese, 21st century, wire).

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