Um dia para nos envergonharmos diante das mulheres

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Copio, do blog do Marcelo Auler, o texto do promotor federal Sérgio Suiama sobre o inacreditável episódio da rejeição da denúncia, por estupro praticado duas vezes contra Inês Etienne Romeu pelo ex-militar Antonio Waneir Pinheiro Lima, mais conhecido como “Camarão”, sentinela da “Casa da Morte”, um centro de torturas do Doi-Codi, nos anos 70. Já estamos acostumados com a covardia da Justiça Brasileira, mesmo diante da lei internacional que considera a tortura crime imprescritível, recusando-se a julgar quem a praticou.

Mas causa espanto e medo que um juiz federal, além de escudar-se nisso para não acolher a denúncia, valha-se dos argumentos de um astrólogo, guru dos fascistóides brasileiros, o sr, Olavo de Carvalho, para fazer isso dizendo que os direitos humanos estão sendo invocados como “meros pretextos para dar vantagens a minorias selecionadas que servem aos interesses globalistas”

Inês, que morreu em 2015, aos 72 anos,  infelizmente, sofreu a terceira violação à sua honra, por alguém que tinha bons argumentos para sua covardia na omissão, mas preferiu atacar  uma mulher indefesa, agora até pela morte.

“No dia de hoje, 08 de março, tomamos conhecimento da lamentável sentença do juiz federal de Petrópolis que rejeitou a denúncia do MPF pelo estupro da única sobrevivente da Casa da Morte, Inês Etienne Romeu.

Inês foi sequestrada por agentes da ditadura militar em maio de 1971 e levada ao centro clandestino de torturas, posteriormente denominado “Casa da Morte”, em Petrópolis. Lá foi barbaramente torturada e estuprada por pelo menos duas vezes por um militar à época identificado apenas como “Camarão”. Denunciou o fato à OAB em 1979, após o início da “abertura lenta e gradual”, tornando-se uma das principais testemunhas do funcionamento clandestino e ilegal da repressão política. Assim como todos os demais crimes cometidos contra dissidentes políticos, o estupro contra Inês remanesceu não investigado até 2013.

Graças à ordem judicial de busca e apreensão, pedida e cumprida pelo MPF na casa do coronel já falecido Paulo Malhães, foi possível, após quase três anos de investigações, descobrir a verdadeira identidade de “Camarão”, o militar Antonio Waneir Pinheiro Lima.

Além de sustentar que os crimes foram anistiados e estão prescritos, a decisão judicial ignora ou desqualifica todas as provas obtidas e, o que é pior, desqualifica o valor da palavra da vítima do estupro, dizendo que o fato só foi relatado após 8 anos do ocorrido, como se fosse possível à vítima ir a uma delegacia de polícia em 1971 registrar queixa contra os militares que a violentaram e torturaram.

A única certeza do magistrado volta-se contra a vítima, por ele qualificada como uma terrorista perigosa, condenada pela Justiça Militar da ditadura a 10 anos de prisão por sequestro seguido de morte. Com base nesta certeza, o juiz federal conclui sua sentença dizendo que “ninguém é contra os “direitos humanos”, desde que sejam direitos humanos de verdade, compartilhados por todos os membros da sociedade, e não meros pretextos para dar vantagens a minorias selecionadas que servem aos interesses globalistas.”

Como se trata de uma ação penal por crime de estupro, imagina-se que a “vantagem” à “minoria selecionada” seja o direito de todas as mulheres de não sofrerem violência sexual.

O MPF irá recorrer da sentença.”

Trechos da sentença estão no blog do Marcelo Auler.

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14 respostas

  1. Mais uma besta quadrada no Judiciário brasileiro. Que surpresa! Mas era previsível: país que anistia torturadores e assassinos tem que dar nisso mesmo, um reinado da impunidade e incentivo a mais golpes e crimes típicos do estado de exceção ao qual estamos voltando. Estamos fritos.

  2. Que o judiciário está infestado desses juízes cagões e/ou fascistas, sabemos. E que os animais que torturaram sob a proteção de ditadura não são sequer dignos de serem chamados de humanos, tbém sabemos. O que é mais difícil de acreditar é que ainda existam idiotas a ponto de apoiar isso, o que nos remete a uma citação da qual esqueci o autor: “Os mortos não sabem que morreram, portanto, quem sofre são os outros. Assim como os idiotas…”

  3. Sem reformar o judiciário não há como resgatar o Estado Brasileiro de Direito, a justiça partidarizou e com cunho ideológico, tonou-se extensão de partidos políticos e informantes da mídia, virou nada.

  4. Esse juiz (?) com sua sentença também estuprou Inês na sua honra e se associou e se irmanou a um torturador assassino, além de rebaixar a justiça brasileira a escória do mundo.

  5. É fora de qualquer universo imaginarmos que podemos denominar juiz qualquer destes tipos togados que agem assim no inJudiciário Brasileiro. Faltam palavras para defini-los. Juizeco é elogio, pois até Renan o disse. São todos alienígenas, extraterrestres de qualquer mundo primitivo e amoral.

    1. Quanto a esse EP, sigam em frente, é um nome ao acaso que representa alguém que quer ser incógnito mas ganha R$-0,05 para escrever tal sandice. De fato não sabe o que escreve, é um copy-desk da Org.gLobo, FIESP, FIRJAN, PSDB, Dos doentes da Moral.

  6. Esse ” LIXO ” do JUDICIÁRIO,somente expressa,o que ideologicamente,é a VISÃO DO JUDICIÁRIO,ao respeito do resto do povo.Não é a toa,que são os ARTÍFICES DO GOLPE DE 2016,visto se considerarem uma “CASTA”,ungidos até onde estão,pelas mãos de DEUS.Não tem outorga,SENÃO divinas.ESSES LIXOS somente produzem,o que resumiu,o CANALHA JUIZ,que proferiu a sentença.Para o POVÃO,são muito perigosos,pois podem tudo!

  7. Tem um eder Paiva fazendo tanto comentário próprio de troll robótico, acredito que ninguém merece comentários assim … Quanto coco quanta injustiça quanto acomodo no nosso povo que não reaje a tanto insulto …
    Será que nunca teremos justiça ?
    Somente jagunços justiceiros ?

    1. Meu caro, é triste a realidade ! Essa ultima é de matar, caramba ! O ” stf ” arquivou a denúncia contra o mOgRO. E a razão? Insuficiência de provas. Barbaridade !

  8. O veredito do juiz mostra que não devemos ter surpresas diante do apoio do Judiciário ao golpe de Estado aplicado em cima do povo brasileiro.

  9. Justiça brasileira. Um lástima. Alguns não são justos e são covardes. A vítima é culpada pelo crime que sofreu?

  10. As pessoas têm a mania de dizer que o povo tem o poder nas mãos, mentira tem nada quem tem é a mídia e a burguesia a mídia influência o povo e a justiça de nosso país a queda de Dilma foram os grandes meios de comunicação que levaram a tal fato o povo a maioria não pensa é influenciado e usado por esses meios fazer o quê. Essa é a nossa realidade.

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