Um mês de ‘Vaza Jato’: a lenta agonia de Sérgio Moro

Completa-se hoje um mês desde que o The Intercept trouxe à tona os diálogos que mostraram que a Lava jato foi uma operação na qual um juiz, ilegalmente, assumiu o comando de um grupo de procuradores para misturar combate à corrupção com disputa política e, ainda, um projeto de poder autoritário para o Judiciário.

Claro que em um país plenamente democrático e com instituições judiciais preservadas, o que apareceu até agora já seria motivo para punição aos envolvidos nestes abusos e distorções do poder legal que o Estado lhes deu e de anulação dos processos contaminados por isso.

A realidade, porém, é que a Justiça e a mídia, faz tempo, fazem com que nosso país não seja assim.

Se a Justiça passou a ser movida pela política, é pela política que se deve analisar se, o quanto e quando os acontecimentos políticos podem fazer com que ela volte ao seu leito.

E não há dúvida de que isso passa pela demolição, com fatos, o ícone desta construção disforme: Sérgio Moro.

Hoje, às 15 horas, vou falar sobre isso na TVT e, assim que possível, coloco aqui o comentário.

Mas adianto o essencial: o método de revelação dos fatos usado por Gleen Greenwald é absolutamente diferente daquele a que os jornalistas brasileiros se acostumaram a usar: revelar o principal e, após, ir enriquecendo o caso com seus detalhes.

O que estamos assistindo é muito mais semelhante ao timing da Lava Jato, embora com provas acumuladas em lugar de produzidas de acordo com as suas conveniências.

O The Intercept dividiu seu material com a Folha e a Veja, como forma possível de combater as alegações de que tudo seria falso usada pelos protagonistas do escândalo, transformada em campanha pela rede de fake news e robôs que serve de sustentáculo ao oficialismo.

Dividiu mas, há pouco risco em afirmar, guardou para si os pedaços de filé: os diálogos mais explícitos, os áudios, as situações diante das quais nem o maior cara de pau será capaz de dizer que se tratam de diálogos normais, embora sejam capazes de ver “normalidade” até em interferência em processos de outros países e burlas a acordos judiciais para revelar negócios da Odebrecht na Venezuela.

Está se aproximando a hora em que eles serão servidos à opinião pública.

Fernando Brito:

View Comments (34)

  • Só que até la o Pais se acaba,chega de pacifismo morte aos canalhas!

    • O problema é que uma reação não pacífica, para funcionar, teria que ter o apoio de pelo menos metade da população. E, ao menos por ora, dois terços da população, que ainda considera esse governo ótimo, bom ou regular, não vai apoiar. Ao contrário, vão dar forças aos militares, aos policiais, aos milicianos e aos bolsominions fundamentalistas para exterminar de vez não só os que se rebelassem, mas toda a esquerda.

      • A maioria nem sempre pode deter a locomotiva.....são apenas vagões vazios.

    • Bravoooooo !!!!!
      Escrevi exatamente isso num coment do Alecs.
      Quando virarmos o jogo, não devemos ter a mínima piedade dos maus.....dos canalhas fascistas, dos filhos bastardos da cadela infernal.

  • Se observarmos o precedente do caso Snowden, em que menos de 2% do conteúdo que poderia por em cheque o Deep State estadunidense foram de fato publicados pelo "interceptador", controlado pelo bilionário franco-estadunidense Pierre Omidyar, este ligadíssimo ao Deep State, as "bombas" anunciadas por Glenn Greenwald et caterva se reduzirão a tiros de festim ou no máximo de calibre 22, que contra "corpos bombados do nazibozo-miliciananismo" causam apenas escoriações, sem atingir qualquer órgão vital.

    Como a degola da Previdência Social já está oficializada e precificada, os tiros de maior calibre, só serão disparados pelo "mosqueteiro/mosquetão/interceptador" depois que a fatura estiver liquidada no plenário das duas casas parlamentares; isso se não for adiada para quando toda e qualquer estala relevante e estratégica - como os Correios, a Petrobrás, a Eletrobrás, o BB e CEF - já estiverem nas mãos de gringos, mediante uma comissão paga em paraísos fiscais.

    • Triste é ver que necessitamos de outros para agirmos.. VERGONHA!

  • O mais estarrecedor disso tudo é o silêncio ensurdecedor das autoridades, ou seja, de quem deveria tomar a frente para apurar e enquadrar a quadrilha togada do Moro. Esperar que esse bandido togado renuncie ou reconheça seus crimes é acreditar em Papai Noel. Isso só confima o que disse Romero Jucá o golpe com Supremo e tudo.

    • Igualmente estarrecedor é ver que a maioria da população parece concordar (=compactuar) com a falta de providências das autoridades.

    • É cedo, é muito cedo. Por enquanto, só se vê espanto e paralisia. Para botar esta locomotiva para andar, será preciso queimar ainda muita lenha. Mas ela vai andar. Até outubro, ela vai disparar e não tem quem a possa deter.

    • O MP está sujo e junto com as ilegalidades. Por isso cala-se.

  • Estuprar a esquerda e o povo brasileiro é fácil. Eles fazem isso há mais de 500 anos. Mas Moro buliu com Maduro, da Venezuela, lá não tem essas facilidades, tanto que o traidor saiu de licença ou foi pedir mais segurança.

  • Glenn está guardando a parte relativa ao TRF4 e a Juizeca plagiadora "Gabriela Haselmann Hardt" e isso provavelmente virá com áudios e tem tb os documentos que ele falou que tem...e tem, sabemos disso. Glenn corre atrás de seu segundo Pulitzer.

  • Um terço da população do mundo é naturalmente boa.
    Um terço da população do mundo é naturalmente má.
    Um terço da população do mundo não tem discernimento, nem opinião própria. São papagaios, que aceitam e repetem o que ouvem com mais frequência ou eloquência, sem refletir se são verdades ou mentiras.
    O planeta está passando por uma fase muito ruim, pois as vozes do mal vêm se sobrepondo às vozes do bem.
    Por isso, todas as terríveis revelações que estão vindo à tona no Brasil não só não causam o horror que deveriam causar, como estão sendo aceitas pela maioria da população com naturalidade, como se fossem males necessários ou justificáveis.
    Temo que essa fase custe a passar,

    • Esta fase passará com rapidez relativa, já que, mesmo com a aceleração progressiva de tudo, o tempo da história não é vapt vupt. Mas vai passar já, já, depois de um último suspiro maligno de tentativa de endurecimento, que será um fracasso total.

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