O Globo anuncia hoje que os promotores encarregados do idosíssimo inquérito do atentado do Riocentro querem reabrir o caso na Justiça, agora que têm a confissão do major reformado Divany Carvalho Barros, de que foi mandado ao local, há 33 anos, com a missão de apagar provas que pudessem incriminar o grupo de militares responsável pelas bombas que, afinal, explodiram em seu colo.
A matéria, do ótimo repórter Chico Otávio e Juliana Castro, traz muita informação e é de leitura indispensável. Veremos se, neste caso, haverá editoriais furibundos pela responsabilização dos agentes e dos mandantes. Conhecendo a imprensa brasileira, é de supor que ela dirá, nas entrelinhas, que, como a Comissão da Verdade, isso é “revanchismo” anacrônico.
Como o atentado ocorreu dois anos, quase, depois da lei da Anistia, não é possível, neste caso, invocá-la para encobrir os agentes que planejaram e tentaram executar o atentado, aparentemente destinado a provocar o pânico nas quase 20 mil pessoas que participavam de um show de 1° de maio, promovido como ato pela redemocratização do país.
Impossível, nestes dias que vivemos, deixar de fazer uma paralelo com os casos de agressão, depredação e, agora, uma morte provocada por insensatez política.
É óbvio que há muitas diferenças e que aquele ato foi imensamente mais grave, por ter se tratado de agentes do Estado, cuja missão é a de proteger o país e seu povo, tramando e executando crimes por razões políticas antidemocráticas.
Mas há uma semelhança: ali se quebrou, definitivamente, a aceitação da violência como método de ação política da direita, que não se conformava com a previsível vitória da oposição nas eleições seguintes.
Agora, independente da legitimidade das manifestações, que ninguém quer questionar, parece também ter sido quebrada a tolerância com quem quer fazer dela palco para a conflagração e as estimula com pretensões eleitorais.
Num ambiente de liberdades democráticas, mesmo limitadas, como vivíamos em 1981, a violência só serve à direita.
Agora, elas são amplas e assim devem continuar.
Mas é preciso ter claro que aceitar, em seu seio, grupinhos que vão armados de rojões, coquetéis molotov, porretes e todo tido de artefato para agredir é fazer o jogo da direita que quer um país em chamas para tirar suas castanhas do fogo.
Não perceber isso é “dar a volta ao mundo” montado na ideologia e se juntar às forças do atraso, que são as mesmas, há muitos anos.
Nem fazer como Ernesto Geisel, que falava nos “bolsões revolucionários radicais, porém sinceros” como forma de “explicar” o seguimento da tortura e de armações como a que explodiria no Puma do Riocentro.
Banalizar o uso da violência como método de ação política é algo que interessa aos que, como os que mandaram os dois militares levarem as bombas, querem o Brasil nas trevas e desprezam a capacidade do povo brasileiro de escolher, pelo voto, o que mais lhe convém.
O Brasil não precisa de encapuzados.
Nem dos que usam máscaras para quebrar vidraças.
Nem dos que se escondem, esfregando as mãos, esperando que isso os beneficie.
9 respostas
Guardo comigo o livro do Coronel Dickson Melges Grael, um dos heróis brasileiros, autografado por ele quando do seu lançamento, que conta em detalhes o caso do atentado do Rio Centro. Penso que a Comissão da Verdade deveria ler este livro também e, com base nele, tirar muitas de suas conclusões.
um militar contando em detalhes o que houve? como se faz para adquirir este livro?
Cuidado! O Dickson Grael, pai dos iatistas Torben Grael e Lars Grael (vice-prefeito de Niterói), era de extrema-direita. No livro “Memórias do Esquecimento”, o jornalista Flávio Tavares, um dos presos-políticos trocados pelo embaixador norte-americano, conta que o coronel Dickson Grael e mais um grupo de militares de extrema-direita ia fuzilar os presos-políticos antes que o avião que os levaria para fora do país levantasse vôo. Só não conseguiu o intento porque, curiosamente, o bando terrorista de direita ficou preso em um engarrafamento. O cel. Dickson escreveu o livro dele para tentar atrapalhar a abertura. Ele queria mais alguns anos de ditadura.
Quero a reabertura, para sabermos onde estão escondidos esses facínoras
Se o inquérito for reaberto, alguém questionará a incrível coincidência da irmã e eminência parda do Aécio, Andrea Neves, “estar por perto na hora da explosão no RIocentro” e ter levado o militar ferido ao hospital, em seu próprio carro???
Concordo plenamente que o nosso Brasil e que o nosso verdadeiro povo brasileiro, não precisa e não merece esses encapuzados e mascarados, que sem terem argumentos, idéias e/ou programas de governo para promoverem um debate sadio e construtivo em prol do desenvolvimento social, econômico e financeiro do Brasil, apelam insanamente para a baderna e para o caos, com atos e ações intencionais e dirigidas sempre na intenção “do quanto pior se fizer melhor”. Do mesmo modo, que alegaram no Rio Centro em 1981 de que o objetivo seria apenas em criar uma confusão em defesa das reivindicações que obrigasse a um novo cancelamento do show, como agora alegam que fazem apenas o apoio contra o novo aumento da passagem no Rio de Janeiro. Porém, do mesmo modo, em ambos os casos, os planejadores e executores da desordem e sabotagem, sabiam do altíssimo grau de risco em se criar vítimas, inclusive vítimas fatais. Ainda assim, os encapuzados e mascarados, comandados por aquela turma, que Fernando Brito muito bem definiu como “aqueles que se escondem, esfregando as mãos, esperando que isso os beneficie” não se importaram com esse pequeno detalhe, afinal o que desejavam mesmo é que quanto maior fosse o poder de intensidade na repercussão do estrago que seria feito, mais fácil seria jogar a culpa no adversário que tanto os incomoda com a sua progressiva aprovação popular. Então, com a execução do plano premeditado, a velha e serviçal mídia criaria a sua cinematográfica edição de montagem dos acontecimentos e tentaria ao seu estilo dramático e sensacionalista, induzir a população de que o principal culpado de tudo seria o adversário político daqueles que a mídia, coincidentemente, tanto defende e tanto se envolve a ponto dela ser vista mais como um braço de partido político, do que de uma empresa de comunicação que detém o direito de concessão pública para explorar e desenvolver assuntos e programas culturais, informativos e sociais para todos os seus telespectadores.
Aquele Inquérito Policial Militar foi a maior farsa promovida por oficiais do exército. Invertendo os fatos e dizendo que os militares envolvidos foram vítimas e não os autores do atentado, passou um verdadeiro atestado de cretinice. Desonra total às forças armadas e particularmente ao exército brasileiro que já era desprestigiado e ficou mais ainda com a tentativa de convencer o impossível. Pior ainda, ao invés de prender e expulsar o terrorista sobrevivente (capitão Wilson Machado), ainda o promoveu e o manteve na ativa. Vergonha total. Mais uma página obscura promovida pelos militares radicais!
Justiça que tarda não é justiça. O que adianta denunciar criminosos mais de 30 anos depois quando os mandantes já não devem estar vivos mais? Reabrir inquérito para punir quem? Por quê tanta “coragem” para reabrir um inquérito 33 anos depois, já sabendo que a defesa dos acusados vai alegar prescrição?
O mp e o judiciário funcionam com dois pesos e duas medidas. Quando é contra alguém de esquerda tudo anda numa rapidez invejável e quando é contra a direita e a extrema-direita o inquérito é esquecido, a denuncia é feita fora do prazo, o judiciário rejeita ou arquiva. É assim que as coisas funcionam por aqui.
na alemanha, pós nazista, os oficiais e quadros militares mais ligados ao partido nazista, e os SS foram marginalizados e rebaixados. Os outros dos quadros do exercito regular da Wehrmacht puderam -com algumas injustiças tb – prosseguir suas carreiras.
(Mas a Cia americana aproveitou a maquina de espionagem alema para si propria).
E no brasil, os SNI da vida que tomaram as promoçoes dos outros sao glorificados ate hoje e seus comparsas lecionam em Agulhas negras?
vergonha em cor verde e oliva.