Luciano Martins da Costa, no seu programa de hoje no Observatório da Imprensa,conta o que a grande imprensa, às voltas com as paneladas, praticamente omitiu dos seus leitores.
O fiasco da “Marcha sobre Brasília”, idealizada pelos movimentos de ultra-direita para “exigir” o impeachment de Dilma Rousseff.
Claro que se a marcha fosse petista ou do MST o fracasso estaria sendo exposto a som tambores.
Chego a imaginar o texto:
“Embora os dirigentes do movimento tivessem prometido “ocupar Brasília”, apenas uma dúzia de militantes chegou à cidade, onde recebeu o “reforço” de duas ou três centenas de integrantes locais do PT (ou do MST) e de mais alguns, que preferiram o conforto de uma viagem de avião até a capital. Esvaziado, aonda assim o grupo conseguiu se recebido pelo presidente da Câmara e posar para fotos.”
Ou não seria assim, ou daí para pior, com especulação sobre quem pagou as refeições durante os dias de estrada ou o ônibus que os acompanhava, servindo de dormitório e armário de bagagens.
Mas Luciano não se prende ao papel da dúzia de bobocas que fazem o cenário de algo que é muito mais grave: o surgimento de “aparelhos” profissionalizados de desestabilização política, da demolição da governabilidade.
Bem fornidos de recursos, apoiados por uma mídia uníssona e por uma bancada parlamentar que leva numa das mãos o dinheiro e na outra o porrete judicial.
A verdadeira “coluna Aécio”
Os manifestantes que caminharam de São Paulo a Brasília para levar ao Congresso Nacional um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff foram reforçados por caravanas transportadas por ônibus de Goiás, Minas Gerais e outros Estados, além de alguns que preferiram viajar de avião. A maioria deles aderiu à marcha a quatro quilômetros da Praça dos Três Poderes. Eram, ao todo, cerca de 300 a 400 participantes. Os caminhantes eram doze.
A recepção ficou por conta de notórios militantes do que há de mais reacionário no Congresso Nacional, entre os quais se destacavam defensores do golpe militar. O senador Aécio Neves, principal incentivador do movimento, não apareceu mas foi representado por parlamentares do PSDB, que prometeram levar adiante a proposta do impeachment, embora seu partido tenha descartado oficialmente essa alternativa.
Sem seu padrinho, a “coluna Aécio” definha como mais uma anedota política nestes tempos de radicalismos. Essa espécie de contrafação da “Coluna Prestes”, que entre 1925 e 1927 percorreu milhares de quilômetros pelo Brasil para pregar o fim do regime oligárquico da República Velha, teve seu melhor momento na audiência que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, concedeu a seus líderes, com a promessa de que uma assessoria técnica iria analisar o pedido contido em seu manifesto.
Era de se esperar que os principais veículos de comunicação, que deram amplo respaldo aos aloprados que conduziram o movimento, oferecessem algum suporte ao ponto alto de suas manifestações. No entanto, observa-se que o noticiário desta quinta-feira (28/5) registra com destaque desproporcional a chegada dos marchadores a Brasília, levando-se em conta o pífio apoio que receberam – mas o tom das reportagens é de claro desprezo pelo acontecimento.
Depois de meses trabalhando para elevar os líderes do protesto à categoria de protagonistas da História, a imprensa os abandona à porta de Eduardo Cunha. Por que a mídia tradicional teria deserdado tão rapidamente os candidatos a heróis que compuseram a patética “coluna Aécio”? Como nada no campo do poder acontece por acaso, é preciso analisar as razões para essa mudança.
O observador poderia reafirmar que o evento tem mais vocação para compor o anedotário do que para enriquecer a crônica política, e tudo ficaria na conta dos destemperos que têm marcado este tempo de muita mídia e pouca reflexão. Mas um texto ao pé da reportagem sobre a “coluna Aécio”, publicada pelo Estado de S. Paulo, informa que outro grupo de cidadãos, denominado “Vem pra Rua”, deveria chegar a Brasília nesta quinta-feira, abrigado sob o manto genérico de uma tal “Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos”.
Esses não caminham pelas estradas nem tomam ônibus para chegar à Capital Federal. Viajam de avião e têm carros com motorista esperando no aeroporto. Em seu manifesto oficial, dizem representar 40 grupos surgidos após as manifestações de protesto que marcaram o início do ano em várias capitais, e que organizaram pelas redes sociais os panelaços contra a presidente da República e o Partido dos Trabalhadores. Eles não defendem o pedido de impeachment, mas apoiam a iniciativa do PSDB de propor uma ação penal contra a presidente na Justiça comum.
São, portanto, a autêntica representação do principal partido oposicionista nessa nova tentativa de reverter o resultado da eleição de 2014. Seus participantes usam terno e gravata, se expressam em bom português e não podem ser tidos como politicamente mal-educados, como disse o jurista Miguel Reale Jr. sobre os integrantes da marcha.
Eles têm uma pauta mais elaborada, não entraram para a crônica política por meio de páginas doFacebook, possuem assessoria de imprensa profissional e consultores especializados.
Esse é o verdadeiro núcleo ideológico por trás das manifestações. Se levam em uma das mãos o porrete da ação judicial, na outra escondem o único propósito de sua mobilização: eles querem evitar que o Executivo aprove a proposta de taxação de grandes fortunas e a criação do imposto sobre heranças. Chegam a Brasília para propor uma barganha. A crise de governabilidade lhes convém.
Seus fundadores, como informa o Estado, são “grandes empresários e executivos do mercado financeiro”. Como sempre, movem-se em defesa de seus interesses específicos, mas não costumam se expor nas ruas. Como sempre, é a classe média despolitizada que lhes serve de anteparo, como massa de manobra ruidosa e insana. Essa é a autêntica “coluna Aécio”, que os jornais mantiveram oculta sob a balbúrdia dos panelaços e dos carros de som.
20 respostas
Temos que reconhecer, eles enfrentaram a estrada e a chuva, o que não fariam para conhecer o Papai Noel? Fico me imaginando junto a eles, o que eu diria para os meus netos? Que vergonha.
Quem é Aécio mesmo?
Otários existem!
AfinaL, otários existem!
Patéticos! Não vou chamar de “exército de Brancaleone” porque aqueles eram mais dignos.
Oi!
Desculpem, estava aparecendo “comentário repetido”, e pensei que houvesse algum “bug”, daí tantas postagens (pensava que não iam aparecer)
São estas as perguntas que ficam: a quem essas pessoas servem? Quem financia? A PF bem que poderia responder estas questões. São pessoas que carregam a mensagem do ódio, da cisão social, agem com truculência, preconceitos, não respeitam ninguém que pensa diferente, não representam o desejo genuíno de um Brasil melhor para todos. Não nos representam.
Luiz C Brito, para ser petista tem que dar a cara pra bater.
Para ser petista tem que ser homem de H maiúsculo e mulher de M maiúsculo!!!
O tal cidadão Luiz C Brito gosta de história para boi dormir! Filosofia de Almanaque de Capivarol…
Infelizmente, existem muitos brasileiros que defendem estes MERCENÁRIOS com unhas e dentes.Há pessoas com certa capacidade intelectual,vejo isso nas mensagens de amigos no qual mantenho contato via redes sociais.Por mais que você tenta mostrar que há por traz disso os verdadeiros inimigos do povo brasileiros.A mídia golpista os alienou de tal forma que,o PT foi o inventor da corrupção.Os tucanos e alguns magistrados são homens incorruptíveis.Jamais roubariam o povo brasileiro. Mas os VERMELHOS, este sim,roubam descaradamente.E o pior disso,usam estes bobocas como bucha de canhão.
Quando embarcou em um voo em Porto Alegre rumo a Brasília, na manhã de quarta-feira (27), o comerciante Elbio de Freitas Flores, de 65 anos, não suspeitava que a escolha de uma leitura para a viagem iria provocar uma agressão inusitada. Quando o avião aterrissou em Brasília, um grupo de cerca de 20 pessoas, localizadas na parte de trás do avião, começou a entoar gritos contra Dilma, Lula e o PT. Esse grupo estava chegando em Brasília para participar do ato liderado pelo Movimento Brasil Livre pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O comerciante relata que, enquanto aguardava a abertura das portas do avião para desembarcar, foi interpelado e agredido verbalmente por um desses homens pelo fato de estar carregando a Carta Capital, “uma revista idiota e lida por idiotas”, segundo o agressor. Além disso, aos gritos, foi chamado de “bolivariano” e “do Foro de São Paulo”.
Elbio Flores resolveu não ficar quieto diante do ataque e chamou o agressor de golpista, entreguista e integrante da TFP (Tradição, Família e Propriedade). “Eles se mostraram muito covardes e tentaram me intimidar com gritos e impedir que eu falasse, tudo porque eu estava lendo a Carta Capital”, relatou ao Sul21. Um dos integrantes desse grupo gravou o ocorrido com um celular. Um trecho de 1min30seg foi publicado na página do deputado estadual Marcel Vam Hattem (PP-RS), com o seguinte texto: “La Banda Loka Liberal pousa em Brasília: faz um avião inteiro feliz e deixa um petista raivoso magoado”.
O comerciante resolveu falar publicamente sobre o caso pois entende que estão ocorrendo agressões semelhantes a essas que devem ser respondidas. “Já ouvi vários relatos de casos semelhantes e não podemos ficar calados. Eles tinham o comportamento característico de covardes e despreparados. Estavam constrangendo as pessoas, agindo em bando, como uma matilha. Os partidos democráticos têm que reagir diante desse tipo de agressão. Tenho amigos no PP, no PSDB e em vários outros partidos e convivo com urbanidade e respeito com eles, sem agredir ninguém. Fui agredido e reagi”.
Esse tipo de postura, acrescentou Elbio Flores, “revela um espírito obtuso e retrógrado, um pensamento obscurantista e autoritário que despreza a democracia, a liberdade de expressão e as diferenças de opinião”.
Sul 21
A que ponto pode chegar a imbecilidade humana, meu Deus,,,
Uma dúzia de coxinhas com Kataguri.
Então quer dizer que são “grandes empresários e executivos do mercado financeiro”? E não são politicamente mal-educados?
Em termos, em termos.
Pergunta para o Alexandre Padilha?
Quero saber quem foi que financiou aquela faixa monstruosa e quem foi que forneceu terno pro Kid Katarro pousar para selfies.
Tucanistão o carai……., aqui tem muita gente boa… Tucanistão é meuzovo….
Esquerdistas lúcidos: Nosso nome é legião porque nós somos muiiitos.
Que despautério!! O povo brasileiro que sempre foi ordeiro, amável e receptivo a todos de qualquer ponto do território nacional, de repente descamba para posições sectárias típicas de fascistas. Eis o resultado dos ovos de serpente chocados pela mídia golpista com a colaboração entusiástica de Aécio Neves que sequer, nem de longe, herda as qualidades do avô Tancredo. O playboy perdeu, parabenizou Dilma pela vitória, arrepende-se do gesto e transforma-se num irresponsável político do quanto pior melhor.
Enquanto isso, a base social deles, o capitalismo, está concentrado de tal maneira que nem na categoria de vassalos eles cabem mais. O verdadeiro inimigo deles é a riqueza concentrada nesse 1% que habita esse nosso planeta.