A notícia de que a vacina desenvolvida pela norte-americana Pfeizer e pela alemã Biontech contra o novo coronavírus alcançou 90% de eficácia é ótima, mas está longe de representar a solução para a pandemia que, pelo mundo, avança em uma onda de maiores dimensões que a primeira.
Não estão respondidas algumas questões – uma delas a duração da imunidade – e há dificuldades técnicas que estão longe de permitir afirmar que a população mundial vá ser imunizada de forma relativamente rápida.
A vacina, segundo a empresa, poderá estar disponível, até o final do ano, para apenas 15 a 20 milhões de pessoas, nas duas doses necessárias. Como o mundo tem 7,8 bilhões de habitantes, esta capacidade de produção tem de ser multiplicada por dezenas de vezes para um programa de vacinação global.
Ainda assim, há outro problema com a vacina: por se utilizar de uma tecnologia inédita em veículo para a imunização, esta obriga o armazenamento a temeraturas em torno de 80 graus negativos, como explica o The New York Times:
A ampla distribuição da vacina da Pfizer será um desafio logístico. Por ser feito com mRNA [RNA “mensageiro”], as doses precisarão ser mantidas em temperaturas ultrabaixas . Embora a Pfizer tenha desenvolvido um resfriador especial para transportar a vacina, equipado com sensores térmicos habilitados para GPS, ainda não está claro onde as pessoas receberão as injeções e que papel o governo terá na distribuição. Para aumentar o desafio, as pessoas precisarão retornar três semanas depois para uma segunda dose para completar a imunização.
Mesmo nos países em que há a chamada “cadeia de frio” para a distribuição de vacinas, estas têm equipamentos que estão muito distantes de prover esta temperatura, pois operam na faixa de menos dois e menos oito graus Celsius.
Convém haver alguma reserva no otimismo com a notícia, que ainda não foi acompanhada da divulgação da documentação clínica, porque estamos – que assim seja – de uma solução para depois de amanhã para um perigo de hoje.