A manchete do Estadão mostra o quanto são incapazes as cabeças que gerem o Orçamento público.
É evidentemente inexequível uma previsão de gastos para a Saúde, no ano que vem, que corte nada menos que R$ 7 bilhões do magérrimo orçamento do setor estimado antes da pandemia do novo coronavírus.
Nenhum epidemiologista acha que, antes do primeiro trimestre de 2021 – a não ser em caráter experimental – haverá solução vacinal para a Covid-19. Portanto, a tarefa (e o custo) de vacinar 220 milhões de brasileiros será, basicamente, suportada pelo Orçamento de 2021.
Isso sem contar a hipótese provável que, durante os primeiros meses do ano tenhamos de continuar fazendo frente ao atendimento de pessoas que terão a doença e precisarão de suporte médico-hospitalar.
Também fica fora da conta o “tirar o atraso” do sem-número de procedimentos que, em razão da pandemia, foram adiados ao longo de 2020.
É evidente que não há a menor chance de que isso passe pelo Congresso, mas só o fato de ser proposto desta forma mostra que os dirigentes do Ministério da Saúde, das duas uma: ou não têm a menor capacidade de planejar ou, pior, não têm a menor intenção de fazer com que o Sistema Único de saúde funcione, ainda que com todas as suas precariedades.