Paulo Henrique Amorim publica esta manhã um post que precisaria ser lido por todos os que acham que a negação da política é algo que preserva princípios, quando, na verdade, é a negação prática de tudo aquilo que se pensa defender.
Vargas, a quem a radicalidade com que defendia um caminho nacional e popular para o Brasil levou-o ao raro extremo de disparar um tiro no próprio peito, sempre foi um flexível praticante da arte política, com todas as suas contradições, por vezes insanáveis. E das deformidades de momentos de seu poder, a mão da massa o foi moldando até ser o que foi, na dramática quadra final de sua vida.
Os netos da Era Vargas, como eu, que se formaram na ascensão dos operários que já puderam fazer da filha professora e da escola pública o ambiente para crescer talvez tenhamos demorado para perceber isso, como é próprio da juventude.
Mesmo Lula – quem não se recorda? -quantas vezes renegou seu papel, aquele que, caprichosamente, a história o levou a prosseguir?
Mas o povão, desde sempre, este compreendeu.
E o nome de Vargas acabou se tornando para ele, décadas após sua morte trágica, um impressionante sinal da realização profética de suas palavras finais:
“Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.”
Fique com o texto de Paulo Henrique Amorim:
Petrobras: uma ode à política
Na ante-sala do gabinete da Presidente Graça Foster há uma singela mesa de madeira em que Vargas assinou em 3 de outubro de 1953 a Lei 2004, que criou a Petrobras.
E a reprodução do Diário Oficial com a assinatura dos ministros.
Faz parte da exposição dos 60 anos da empresa, no prédio na Avenida Chile, no Rio.
Além dos militares, assinaram a Lei 2004 Tancredo Neves (Justiça), Vicente Rao (Relações Exteriores), Oswaldo Aranha (Fazenda), João Cleofas (Agricultura), Antonio Balbino (Educação), José Américo (Viação) e João Goulart (Trabalho).
O único do PTB, o partido de Getúlio, era Jango – clique aqui para ler “PiG falsificou a autópsia política de Jango”.
Os outros eram da base aliada de Vargas no Congresso.
Muitos deles da oposição, como Cleofas e José Américo, que pertenceram à UDN.
E o próprio Aranha, um dos heróis da Revolução de 1930, mas que, por vezes, associou-se à UDN e aos interesses americanos no Brasil.
Invariavelmente contra a Petrobras esteve, sempre, Assis Chateaubriand, um campeão do PiG (*).
E, se, agora, o PiG e Cerra defendem a Chevron, na época Chatô defendia a Standard Oil.
Dá no mesmo.
Chatô chegou a dizer :
“Estamos militando num trágico equivoco, ao pensar que, pondo nas mãos de brasileiros, de brasileiros tupinambás, de brasileiros tupiniquins, de brasileiros guaicurus, os negócios de petróleo do Brasil, ficaremos mais garantidos das influencias estranhas. Puro engano.”
E mais, dizia o Ataulfo (**), quer dizer o Chatô (mal comparando …):
“… o movimento suposto nacionalista, no fundo, se fia na mesma linha russa (comunista – PHA) de combate aos que nos podem ajudar … Onde o caráter espoliador ? Na Venezuela, no Canadá, no Irã, o que existe ou existiu foi um esplêndido esforço de cooperação !”
(Como se sabe, depois disso o Irã e a Venezuela estatizaram o petróleo …)
(Extraído de “A Batalha do Petróleo Brasileiro” – Mário Victor, Civilização Brasileira, 1970, coleção “Retratos do Brasil”.)
A Bláblárina é contra o petróleo.
Prefere a energia derivada do cuspe.
Seu parceiro, o Dudu Campriles, na entrevista coletiva que concedeu à Folha (***) já avisou que pretende tirar a Petrobras da exploração do pré-sal.
Deve ser para entregar à Standard Oil.
(Ah !, o que diria o Vovô Miguel ?)
(Além de detonar a Lei do Salário Mínimo, que garante aumentos reais.)
Mas, o objetivo aqui é concentrar no embustério – diz um amigo navegante – da Bláblárina.
Ela não tem base social, massa, povo atrás dela.
Não fala pela maioria dos evangélicos.
Nem pela maioria dos ambientalistas, já que nem todos são contra a hidreletricidade ou bagrólogos radicais.
Há ambientalistas sensatos, que ainda não pediram asilo à Big House.
A Bláblárina só tem uma base eleitoral.
É a dos que são contra a política.
Os que negam a política.
(Não incluir aí o Dudu dos Severinos e Inocêncios, que faz política desde o nascimento do avô no Crato.)
São, na verdade, os analfabetos políticos, do Lula e do Brecht.
São os black blocs travestidos de doentes infantis do transportismo, devidamente capturados pela Globo Overseas.
A negação da Política é a apologia da ditadura.
Da tirania, do pensamento único.
De ir pra cima, pular sobre as instituições, como tentou a Blablá, para aprovar a Rede no TSE.
Lula faz política.
Vargas fez política.
E só conseguiu criar a Petrobras porque fez política.
Porque, se ficasse só com o PTB, o Chateaubriand teria vencido a batalha do petróleo.
O que, no fundo, é o secreto desejo da turma do “qualquer um deles serve, desde que não seja a Dilma”.
Paulo Henrique Amorim
2 respostas
Hoje também tem um artigo no Valor de um professor da FGV bem bom.
Parabens ao PHA pelo belissimo texto nos 60 anos da PETROBRAS-Lula o Getulio Ressuscitado no meio do povo!!!