Artigo essencial do Rodrigo, desmascarando o “mandrake” da Veja, tentando jogar uma cortina de fumaça sobre o fascismo que ela mesmo incentiva.
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“Veja” é a barbárie: jornalismo justiceiro
“A “Veja” é a barbárie. A “Veja” – se pudesse – prenderia o pescoço do povo brasileiro no poste. Mas não vai conseguir. Vai perder – de novo.”
por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador.
Nas redes sociais, tarde da noite de sexta-feira, jornalistas afinados com o tucanato e militantes da esquerda extremada se esparramavam em elogios à capa da “Veja”. Eu, que procuro manter distância sanitária da revista, aproximei-me da capa. E só consegui enxergar um gesto de oportunismo barato.
A “Veja” expõe a imagem – chocante, lamentável, triste – do rapaz preso pelo pescoço num poste na zona sul carioca, e aproveita a cena não para refletir sobre a tradição oligárquica brasileira, não para pensar sobre nossa história de 300 anos de escravidão, ou sobre nossa elite que reclama de pobres nos aviões e clama sempre pela resposta fácil do liberalismo de araque e da violência de capatazes. Não. “Veja” usa a foto terrível em mais uma tentativa para desgastar a imagem do Brasil; e também – que surpresa – para culpar o “governo”. Que governo? Ah, não é preciso ser muito esperto pra descobrir…
Emoldurando a foto triste, “Veja” berra em letras garrafais: “Civilização” e “Barbárie”. E depois acrescenta a legenda malandra, velhaca: “A volta dos justiceiros, criminosos impunes, colapso no transporte, caos aéreo. Onde está o Brasil equilibrado, rico em petróleo, educado e viável que só o governo enxerga”.
Certamente, o Brasil “equilibrado” não está nessa revista. “Veja” pratica o jornalismo da barbárie, um jornalismo que escreve “estado” assim – com “E” minúsculo – numa espécie de bravata liberal fora de época. “Veja” envenena o país todos os dias, com blogueiros obtusos, asquerosos, que falam para um Brasil pretensamente senhorial, como se ainda estivéssemos antes da Revolução de 30.
Curioso, também, ver a “Veja” falar em “barbárie” e em “criminosos impunes”. Logo essa revista, tão próxima do bicheiro Cachoeira, pautada pelo bicheiro, amiga do bicheiro. A tabelinha com Cachoeira é – sim – um exemplo perfeito desse Brasil de criminosos impunes.
A “Veja”, que tenta pegar carona na imagem do rapaz preso pelo pescoço, pratica um jornalismo justiceiro – que invade quartos de hotel, “julga” e “condena” sem provas, inventa fatos, publica grampos sem áudio, alardeia contas no exterior e dólares em caixa de whisky. Tudo falso, falsificado. Um jornalismo que acredita em boimate e Gilmar Mendes.
A revista não tem moral para falar contra a “barbárie”, nem contra os “justiceiros”. E não tem, precisamente, por praticar um jornalismo que é a própria encarnação da barbárie, da falta de escrúpulos, um jornalismo justiceiro.
O Brasil do lulismo tem muitos problemas. Isso é evidente. Mas não venha a “Veja” querer apresentar a receita de “Civilização” ao Brasil. A receita da “Veja” é a mesma que os EUA oferecem à Ucrânia.
Está claro, por essa capa oportunista e velhaca, qual é a pauta dos setores que não aceitam o Brasil um pouquinho mais avançado dos últimos anos: é jogar tudo no “caos”, na “barbárie”, na insegurança. O Brasil é a jóia da coroa na América Latina em 2014. Tão importante quanto a Ucrânia no leste europeu, tão estratégico quanto a Síria no Oriente Médio.
Não sejamos ingênuos. A velha imprensa brasileira – que se reúne com embaixadores dos EUA às escondidas (isso desde 64, mas também em 2010 – como nos revelou o Wikileaks) – é parte decisiva no jogo pesado que veremos em 2014.
A oposição brasileira não tem programa. A economia não afunda como gostariam os urubulinos. Portanto, é preciso produzir a pauta do caos. Esse é o caldo de cultura em que podem prosperar candidaturas “justiceiras” que a “Veja”, os mervais e outros quetais estão prontos a lançar.
Para retomar o Estado brasileiro, eles pouco se lixam se o preço a pagar for a ebulição social. Aécio e Eduardo não darão conta dessa pauta da “ordem contra a barbárie”. A pauta do caos e do Brasil “inviável” (que está na capa da “Veja”) é boa para aventuras autoritárias – semelhantes ao janismo de 1960.
Quem pode encarnar esse figurino? Quem? O terreno vai sendo preparado…
Não creio que o povo brasileiro – equilibrado, sim! E que trabalha duro para construir um país “viável”, sim – não creio que a maioria de nosso povo embarque na aventura da “ordem contra a barbárie” – proposta pela revista. Mas a direita asquerosa e velhaca vai tentar.
O roteiro está claro. É preciso estar atento. E não cair na esparrela de acreditar que a “Veja” – de repente – converteu-se à “Civilização”.
A “Veja” é a barbárie. No jornalismo, na política, na vida do brasileiro comum.
A “Veja” – se pudesse – prenderia o pescoço do povo brasileiro no poste. Mas não vai conseguir. Vai perder – de novo.
8 respostas
e o governo do “E”stado de são Paulo contrata milhares de assinaturas desta mesma revista, para que sejam distribuídas nas escolas??? e o MP não questiona??? Enquanto não houver uma demonstração do Governo que boas pessoas são de fato protegidas pelas nossas Leis, pelo eEstado, haverá essa constante inquietação, não de que poderosos não vão à Justiça, mas de que só os bandidos levam vantagens quem age com desonestidade, deslealdade e sem sentido de Humanidade estes sim tão com TUDO.
Veja e Globo, o câncer e a metástase do tecido social.
Infelizmente, os ‘grandes’ jornais e revistas conservadores tornaram-se verdadeiros e repugnantes excrementos. Nem tem outra. O fim deles está bem próximo.
Uma revista alienígena fazendo seu papel que é criar uma imagem do BRASIL na IM. Como fomos inocentes! Deixamos essa cobra alienígena criar-se e dar filhotes em nosso meio. Uma campanha financiada pelo capital alienígena, como fizeram e fazem, no OM. Não engoliram o modo como D. DILMA governa, com independência e coragem. Prenderam e extorquiram os que foram contra eles, na ditadura; agora, querem LULA E DILMA!
Mas o Rodrigo Vianna simplesmente matou a pau.
À atenção que pede a Elza Agra em post acima, para o que eles estão preparando, eu aponto a aguda observação do Vianna: “O Brasil é a jóia da coroa na América Latina em 2014. Tão importante quanto a Ucrânia no leste europeu, tão estratégico quanto a Síria no Oriente Médio.”
A Veja-testa-de-ferro, oferecerá todo o seu empenho para entregar a jóia da coroa.
Enquanto a Veja, para variar, obra, pergunto, até quando a democracia brasileira terá que contar apenas com a proteção do “controle remoto” e da linha de defesa dos “sujos”, que fazem das tripas, corações, para conter os panzers do Millenium?
Há alguns dias, em Guarulhos e Diadema, cidades da grande São Paulo, a água é racionada em função da longa estiagem, que é bissexta mas sempre soube-se que uma hora ocorre. E o que fizeram os governos tucanos para expandirem os reservatórios face a expansão do consumo? Nada, foram deixando o excedente previsto para estiagens prolongadas atenderem a demanda crescente e quando a estiagem chegou, cadê o excedente para supri-la? Nada fizeram, como não fizeram no metrô, como não fizeram em nenhuma área, em vinte anos em que comandam o estado, como se prefeitura fosse. Mas e a mídia, tão diligente em transformar em caos a perda de 8% da energia do país, por escassos 32 minutos, ás 14hs da tarde, face a ocorrência de alta gravidade, que anos antes apagaria todo o país, o que tem a informar sob o desabastecimento concreto de água, por dias e dias, em mais de meio milhão de residências paulistas? A Folha de hoje coloca na primeira página uma pequena manchete lateral anunciando a chegada do racionamento de água em São Paulo, tendo ao lado uma enorme foto de um sujeito esguichando água no asfalto da rua, ou seja, se no Metrô o tumulto foi provocado propositalmente por interessados, na falta d’água não é diferente, a culpa é do outro, no caso o povo que esguicha água nas ruas e estamos conversado, ou melhor, no editorial, na folha seguinte, o tema é sobre “Faíscas Elétricas”. Pensou o que, que seria sobre as “Gotas da Incompetência”? Pois é, “controle remoto”, né?
Belíssimo artigo do Rodrigo. A Veja não consegue sair do esgoto, tornou-se há muito tempo um sério problema sanitário à democracia brasileira.
Não quero nem imaginar se tivessem feito isso com o filho do ex-Governador Goldmam, que tirou a vida de um Policial, em trabalho.
Não concordo com a “Lei de talião”, não concordo com a exploração dos fracos. não concordo com o incentivo a violência, pois sabemos que os BANDIDOS PADRÃO FIFA estão a agir livremente, falando em diversas linguas, e a exibir bons diplomas, logo conscientes, todavia, por pior que sejam seus delitos, logo aparece, as Raquel da vida para ADOTA-LOS, pois sabem, possuem boa arvore genealógica, em outras palavras, pedegree.