Fina e trágica ironia: o juiz do caso da concessão de um registro de CAC para um sujeito com com 16 processos criminais (cinco deles com indiciamentos por homicídio qualificado e tráfico de drogas) comprar duas carabinas, um fuzil, duas pistolas, uma espingarda e um revólver, diz que o Exército Brasileiro, que lhe deu licença para adquirir esta arsenal nem sequer se seu ao trabalho de pesquisar no Google quem era o gajo, cuja atividade criminosa tem fartos registros na web.
“Causa-me espécie verificar que os responsáveis no Exército Brasileiro pela apreciação dos pedidos administrativos foram enganados e emitiram um Certificado de Registro como Caçador e Atirador Esportivo em favor do representado sem, sequer, fazer uma pesquisa para verificar sua vida pregressa, pois uma simples consulta no Google em nome de “X” acenderia uma luz amarela, a indicar que outras diligências deveriam ser tomadas antes de conceder o Certificado”, escreveu em sua decisão o juiz José Humberto Ferreira, da Justiça Federal de Uberlândia.
O “cidadão de bem”- só que não – que ganhou o resistro é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital – o PCC – e, suspeita o juiz, “diante de todo o contexto apresentado, é crível que as armas adquiridas fraudulentamente possam estar sendo cedidas, a título gratuito ou oneroso, a outros criminosos ou facções, para emprego nos mais diversos delitos violentos”.
O Exército, que capitulou de seu monopólio sobre material bélico, admite que não tem controle preciso sobre qual dos 700 mil atiradores registrados tem a posse de tal ou qual arma, por não ter um banco de dados integrado e confiável.
E quer, ainda assim, “puxar um cabinho” para controlar o sistema eleitoral.
É melhor os militares que querem embarcar nesta aventura já irem trocando o slogan. Pode ser assim: a nossa cara jamais ficará vermelha.