A verdade involuntária: a “estabilidade” é o caos social

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Vivemos uma situação estranha na economia, muito bem resumida, num arroubo de verdade impensada, pelo letreiro que surgiu no comentário da jornalista Teresa Heredia, na Globonews: “Recessão e desemprego derrubam inflação e devolvem poder de compra aos brasileiros”.

Não, não é um deslize, é um retrato.

A queda da inflação é a aplicação, em dose cavalar, do conceito clássico de que a inflação cresce pelo excesso de demanda e, portanto, cai com a retração da procura por gêneros de consumo diário, bens e serviços.

Os preços não sobem porque não se vende. Como não se vende, não se produz. E como não se vende nem se produz, não se arrecada.

Não se arrecadando, a “solução” passa a ser a estabelecer “déficits” cada vez maiores no Orçamento para, formalmente, cumprir “meta” situadas cada vez mais baixas e, em tese, completamente ao inverso do tal “saneamento das contas públicas.

Estamos, hoje, trabalhando com duas “ancoras”, de resistência imprevisível.

Uma é o dólar, depreciado.

A outra é a expectativa, minguante, de que o governo possa garantir, no médio prazo, redução dos seus déficits, o que vem saindo ao contrário. O maior gancho desta “âncora” é a reforma da previdência, que começa a se soltar, com perspectivas cada vez menores que vá ser algo além de um pálido remendo.

Hoje, por um empresário na coluna de Miriam Leitão, em O Globo.

“Na boca do caixa, o meu primeiro trimestre ainda foi negativo. Os índices de confiança estão subindo, mas já brinco que eles viraram indicadores de esperança.”

Não haverá recuperação da economia sem que ela volte a funcionar.

O que se busca, hoje, é o equilíbrio na paralisia, impossível numa sociedade com as carências da brasileira.

A nãos ser que, como no letreiro da Globonews, a gente acredite que quanto mais desemprego e recessão, o poder de compra vá crescer.

Porque essa verdade só serve para uma pequena parcela da população. Para a outra, que a paga, é só exclusão, miséria e atraso.

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20 respostas

  1. A Bandnews esta no mesmo caminho. Dia sim, outro tambem aparece ….. a economia…. a retomada…. etc. Em seguida vem as noticias verdadeiras.

    1. Pela cara “serena, segura e confortável” da moça se tira uma base pro conteúdo hipócrita que a obrigaram a vomitar.
      A preocupação já virou desespero;de quê Olimpo veio o deus catastrófico pra destruir meu país ?

  2. O vampiro realmente tem parentesco com o Eichmann … Hannah Arendt não hesitaria em continuar suas análises sobre a banalidade do mal e suas raízes na imensa mediocridade e pequenez de alguns seres. De fato, alguns seres ordinários são profundamente vazios de qualquer cognição lógica, material ou simbólica, e por isso mesmo se tornam peças chaves das grandes destruições da humanidade.

    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/289418/Presun%C3%A7oso-Temer-diz-que-n%C3%A3o-cometeu-nenhum-erro-em-11-meses.htm

  3. Pronto! Só falta chamar de I D I O T A quem assiste. Devolve poder de compra pra quem? Só se for pros concursados iluminados, que já o detinham aliás.
    Deviam escrever que devolvem os aeroportos exclusivamente para a classe A, que devolvem as universidades públicas para o filhos das escolas particulares, devolvem as domésticas para a informalidade e quem teve um tantinho de esperança nos últimos anos da miséria a ela retorna!

  4. Com esses “jênios” golpista em breve voltaremos aos primórdios da economia: o escambo.
    Com muito pesar tenho que admitir que Adam Smith tinha certa razão em afirmar que o mercado deve estar livre de regulamentação governamental. Estamos caminhando para uma desregulamentação total e voltando às origens onde só restará ao povo brasileiro o escambo. É triste e o castigo também atingirá quase todos que apoiaram o golpe pois, estão no mesmo barco e seu dinheiro não servirá para mais nada, dentre esses, os políticos, MP, PF, magistrados.

  5. Cono já dizia Machado de Assis sobre o “econômes” da época, aquilo que é noticiado pela mídia , você deve ler de modo invertido, porque a suprema glória desse comentarista é acreditarem que farão de você um asno. A Globo e seus comentarista são grandes fornecedores de alfafa.
    Como pagamos 500 bilhões de reais de juro para rolar a dívida .a medida que Temer e Meirelles fazem um governo desastroso, a dívida tente a aumentar e eles querem tirar esse deficit tirando a previdencia dos brasileiros p/ dar aos 70.000 rentistas ( aqueles que vivem dos juros da dívida, nesse caso você não precisa de salário) do qual os Marinhos, os banqueiros e os milionários são os maiores beneficiados.

  6. No meu tempo, essa afirmação da globonews se chamava aumento da desigualdade.
    E daí? O golpe em grande medida foi p/ isso, não?

  7. A inflação já beira o zero.Daqui a pouco entraremos em deflação, aí então será a hora da Leitão torcer o rabo.

  8. Mas a globo não prometeu o crescimento e a volta do empresariado com o golpe. Não foi todo o judiciário movido por esta história?
    E agora?
    Anulem o golpe senhores do stf, é a úmica salvação do país.

  9. Minha leitura é que os Marinhos se fartaram com juros estratosféricos durantes muitos anos, fazendo terrorismo sobre a inflação (ainda lembro do colar de tomates da Ana Maria Braga). Agora, vão investir seus bilhões em títulos vinculados à inflação, portanto, os preços vão disparar e os juros podem cair um pouco. O Deus-Mercado e seus oráculos mudam a direção dos ventos na república dos patos.

    1. Também vejo isso. A obsessão do discurso dos Marinhos com choque de juros é porque são grande detentores de títulos do tesouro.

  10. Povo esse hein? nao merecemos .VAMOS LA! diga pro seu colega e ai valeu a pena? se sim td bem. mas se nao vamos reagir. diga a ele que foi enganado mas ainda tem jeito.E PT 13. ok

  11. O jornalismo econômico é uma espécie de atividade na qual um especialista que não tem a mas mínima ideia reproduz verdades ditadas por um especialista que simplesmente não sabe que não sabe. Os jornalistas repetem para o grande público o que os “meninos do mercado” dizem e repetem ad nausea em petit comité. Os jornalistas publicam impunemente essas asneiras com com ares de verdade. É uma combinação entre displicência muito bem remunerada e prepotência mais arrogância melhores ainda remuneradas. Ambos irresponsáveis pelo que fazem e pelo que dizem, bancados por patrões interessados.

  12. Isso eu chamo de incapacidade de governar. Estamos caminhando para um estado de coisas, onde só os ricos consomem, um retorno ao cenário, onde meia dúzia consomem (o Sr. do Engenho) e a maioria desempregada (os escravos do passado)

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