Um recorte da pesquisa Datafolha publicado apenas hoje mostra o quanto é grande a manipulação da mídia brasileira.
Durante meses, assistimos a um desfile de candidatos a candidatos da tal “Terceira Via”, dizendo que a maioria da população rejeitava tanto Lula quanto Jair Bolsonaro.
O Datafolha mede quantos são estes nem-nem: 6%. Ou até menos, 5%, porque 1% rejeita qualquer candidato, seja quem for.
Só isso dá para perceber como a discussão política real ficou amordaçada na imprensa.
Ficou e ainda fica, porque estamos agora na discussão das estratégias dos candidatos para conquistar o “voto útil” ou nas de defesa de votos em candidatos que estão fora da disputa real.
Não será assim que se conquistará o “voto útil” ou se reterá votos não-competitivos.
É a iminência de que a disputa polarizada se resolva na primeira volta eleitoral quem detona mudanças de votos nesta pequena parcela (10%, talvez), composta pelos nem-nem e pelos eleitores não cristalizados ( e também são poucos nesta condição) dos dois líderes.
Os ataques a Lula que Jair Bolsonaro adotou como eixo de sua campanha não parece ser boa estratégia para tirar votos de Lula, a esta altura com 44% de votos espontâneos. É uma confissão da incapacidade de Bolsonaro em conseguir votos por seus méritos como presidente ou candidato.
Ciro comete o mesmo erro, espalhando na internet vídeos “contra o voto útil”, que acaba se tornando uma agressão ao direito do eleitor de fazer o que bem quiser com seu voto.
É preciso continuar a monitorar com atenção a rejeição aos candidatos, na qual Bolsonaro não cessa de crescer, enquanto a de Lula oscila, e pouco.
É esta divisão, que o eleitor percebe nas pesquisas e nas suas relações pessoais, que o induzirá a migrar, não os ataques que, afinal, só acabam por perder parte de seu próprio apoio.
Defender ou criticar “votos úteis” não é uma tese política, é um dado real de disputas que estão por se definir por margens apertadas, que só o instinto político da população assinala.
O resto é apenas a inutilidade de perder tempo pedindo que o eleitor “não vote”. Eleição se ganha pedindo o contrário, o voto.