O Senador Renan Calheiros, que tem o tique de sacudir-se quando fica nervoso, quase pôs abaixo a placa de acrílico da proteção anti-Covid instalada na mesa da CPI.
E o presidente da Comissão, Omar Aziz resumiu o papel do depoente: “o senhor não menospreze a nossa inteligência”.
Pois não era para menos, depois de um hora de evasivas e mentiras flagrantes do ex-Secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, negando ou dissimulando não só o que disse na entrevista bombástica que deu à revista Veja – na qual disse que “houve incompetência” do Ministerio da Saúde na negociação para a compra da vacina da Pfizer – como sobre as campanhas em favor de “distanciamento social” que teriam sido feitas pelo governo federal.
Negou que tivesse – apesar de vários encontros com dirigentes da farmacêutica e de dar detalhes do contrato proposto por ela ao Brasil – que tivesse participado de negociações e deu uma explicação daquelas de “cabo de esquadra” ao “relativizar” sua afirmação à revista de que tinha “guardada” as comunicações que manteve com a Pfizer: disse que sim, mas que tinha sido no computador da Secom, ao qual não tinha mais acesso.
Ainda assim, é grave e inexplicável o que ele confirmou: que uma carta da Pfizer propondo o fornecimento de vacinas tenha sido dirigida a 4 ministros, ao presidente e ao vice-presidente tenha ficado dois meses sem resposta.
Vai recomeçar o depoimento e pouco falta para que ele seja ameaçado por uma ordem de prisão por mentir na condição de testemunha.